Praça do Liceu sofre deterioração
Ícaro Barbosa 09/11/2019 11:25 - Atualizado em 13/11/2019 14:53
Jardim do Liceu
Jardim do Liceu / Isaías Fernandes
Historiadores, sambistas, roqueiros, estudantes, população de rua, autoridades da área de segurança pública, entre outros, todos têm, em algum momento, história ou recordação afetiva com a praça Barão do Rio Branco, o famoso Jardim do Liceu, no quadrilátero histórico da cidade. Mas a preocupação geral é com o processo de depredação do espaço, principalmente com a fragilidade do coreto e abandono do chafariz. A situação tem sido denunciada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Campos (IHGC). Em nota, a Prefeitura destacou que realiza limpeza no espaço constantemente e reparos pontuais são realizados mediante disponibilidade financeira do município.
De zona rural, em meados do século XIX, quando a plantação de cana deu lugar a um bosque com pinheiros, como consta nas antigas atas da Câmara Municipal, a praça do Liceu passou a ser, no tempo contemporâneo, “assediada” pelo lazer mercadológico, com shows de samba e rock, feiras e festivais de cerveja, hamburgueria e doces artesanais. O efeito positivo da valorização e promoção do espaço é consenso. O alerta é quanto à manutenção da estrutura física.
— O espaço, principalmente o coreto, se encontra fragilizado para nossas estruturas do século XXI. A praça do Liceu é aconchegante, todos querem beber cerveja nela, tocar rock nela, tocar samba nela. Praça é para isso mesmo, mas quanto mais isso acontecer, mais manutenção vai requerer e isso é um problema para nossos dias — destaca a historiadora Sylvia Paes, membro do IHGC.
Os resultados de todos os anos de maus tratos ao coreto, e à praça como um todo, são visíveis. Pichações, algumas com referência a facções criminosas; corrosão dos postes e pilastras; e chafariz com água parada são alguns dos problemas que se sobressaem.
A gestão do prefeito Rafael Diniz se propôs a melhorar a questão da segurança na praça, que atrai população em situação de rua e usuários de drogas. O primeiro andar do coreto serve atualmente como posto da Guarda Civil Municipal, do Grupamento de Proteção Social (GPS). Guardas permanecem no local das 7h às 19h. A noite e madrugada o trabalho é feito pela equipe móvel.
Segundo Adilson Martins, guarda há 21 anos, que trabalha no posto do coreto, problemas acontecem e têm que ser resolvidos, como consumo de drogas. “Os moradores de rua já foram um problema, mas após implantação do GPS, em conjunto com os abrigos, diminuiu”, relatou o guarda.
Em nota, a Prefeitura informou que a manutenção do espaço é realizada constantemente através de limpeza pela superintendência de Limpeza Pública e reparos pontuais são realizados sempre respeitando a disponibilidade financeira do município. “Todos os eventos realizados em espaços públicos necessitam de autorização prévia de diversos órgãos, através do documento de Nada a Opor Único, emitido pela superintendência de Entretenimento e Lazer. Cada evento precisa de autorização específica, que depende de análise prévia para segurança da população e, também, do bem público. Entre os órgãos que liberam a autorização, através do documento, estão os municipais (Guarda Civil Municipal, Instituto Municipal de Trânsito e Transporte, superintendência de Postura, entre outros) e estaduais (Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, Polícia Civil)”.
A Prefeitura informou, ainda, que “através da secretaria de Segurança Pública, o entorno da praça do Liceu dispõe de monitoramento estratégico - com o objetivo de prevenir, detectar e reagir a situações emergenciais e na preservação do espaço público. Além do monitoramento com câmeras, a Guarda Civil Municipal (GCM) também possui um posto no coreto- uma base do Grupamento de Proteção Social. Em ocasiões em que há eventos no espaço, o efetivo da GCM é ampliado, de acordo com a característica apresentada por cada um”.
Em 2011, a praça passou por revitalização paisagística, de iluminação, recuperação do chafariz, do piso e pintura.
Jardim do Liceu
Jardim do Liceu / Isaías Fernandes
Coppam solicitou laudo técnico do Iphan
O presidente do IHGC, Genilson Soares, alertou o Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam) sobre o problema com a realização de shows no coreto. A presidente do Coppam e da Fundação Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Cristina Lima, falou que já solicitou um laudo técnico do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em relação a estrutura do coreto.
— Todo documento que chega para autorizarmos o uso da praça, nós do Coppam, anexamos o ofício com a advertência do Instituto Histórico e Geográfico de Campos, pedindo para que não seja utilizada aparelhagem de som. Quanto à praça, eu sempre defendi uma contrapartida por parte do usuário, que não sei como está sendo feito, pois a parte de entretenimento não cabe a Fundação Cultural — explica Cristina Lima.
No meio da troca de papelada, Sylvia Paes lembra que o tempo e o homem não podem mais continuar maltratando o coreto. Peças do chafariz, postes e do coreto, nos moldes inglês e francês, têm mais de um século.
— Penso que o espaço deve ser reformado e que continue a ter função. Uma praça abandonada e sem evento não é o melhor caminho — completa Wellington Cordeiro, suplente do Coppam.
Prefeitura incentiva o “Adote uma praça”
Desde 2017, Campos conta com o projeto “Adote uma praça”. Criado pela Prefeitura, o programa tem por objetivo promover parcerias entre o poder público e a iniciativa privada, para urbanização, manutenção e conservação de parquinhos infantis, academias populares, rotatórias, canteiros; jardins, praças; áreas de ginásticas e lazer. A adoção do espaço poderá ser destinada a urbanização, implantação de áreas de esporte e lazer, conservação e manutenção da área adotada; realização de atividades culturais, esportivas ou de lazer e medidas de proteção e segurança.
Os interessados em participar do projeto deverão enviar proposta para a secretaria de Desenvolvimento Ambiental.
De acordo com o programa, o adotante ficará autorizado a fixar na área placas indicativas nas proporções e locais autorizados, seguindo os critérios mencionados na regulamentação da lei.
O termo poderá ser rescindindo casa haja desinteresse das partes, ou pelo interesse da Administração Municipal, ou pelo descumprimento das condições do termo de cooperação ou das disposições legais.
Jardim do Liceu
Jardim do Liceu / Isaías Fernandes

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