Produtores culturais se unem para fazer o 3º FDP!
Matheus Berriel 04/10/2019 21:49 - Atualizado em 08/10/2019 16:07
Genilson Pessanha
A terceira edição do Festival Doces Palavras (FDP!) será realizada. Não mais pela Prefeitura em parceria com o Sesc Campos, como inicialmente previsto, mas pela união de várias pessoas da sociedade civil ligadas à cultura. A decisão foi tomada na noite desta sexta-feira (04), em reunião previamente agendada de representantes da curadoria do evento com produtores culturais na Villa Maria. Formato, locais e datas serão definidos em futuros encontros. Horas antes, a Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL) havia confirmado sua saída da realização devido ao contingenciamento de despesas do município, que já tinha causado a mudança de 12 a 15 de setembro para 7 a 10 de novembro. Na ocasião do adiamento, também foi apresentada como motivo a coincidência de datas com o Samba na Praça, realizado no Jardim do Liceu no terceiro domingo de cada mês.
— Após esgotadas todas as tentativas, a FCJOL decidiu pelo cancelamento de sua participação na 3ª edição (do) FDP!. A Prefeitura de Campos reconhece a relevância do Festival, mas encontra-se em contingenciamento de despesas, não podendo arcar sozinha com os custos do evento. Na edição suplementar do Diário Oficial desta quinta-feira (3) foi publicado o cancelamento dos editais direcionados ao evento — informou a FCJOL na nota desta sexta.
A forma do cancelamento, que já vinha sendo estudada pelo poder público e foi tema de matéria publicada na edição de quinta-feira da Folha da Manhã, recebeu críticas na reunião extraordinária convocada pela curadoria. Ex-presidente da Associação de Imprensa Campista (AIC) e um dos idealizadores do festival, o jornalista e professor Vitor Menezes fez críticas à postura adotada pela FCJOL.
— É inusitado que a gente tenha que atuar para que a Prefeitura realize aquilo que ela se comprometeu a realizar e tem realizado. As duas edições do FDP! até hoje, em 2015 e 2017, foram realizações da Prefeitura de Campos. Então, o nosso papel aqui é de cidadãos, voluntários de algumas instituições, apaixonados pelo evento e pela cultura campista, que não entendem esse cancelamento. Mesmo com todo o cenário de crise que a gente vive, a gente tem um espírito de voluntariado, tem um espírito de organização com colaboração. Então, seria viável fazer alguma coisa mesmo num cenário de muita crise. Não haveria a menor necessidade de a Prefeitura se eximir da responsabilidade de realizar o que ela tem que realizar, porque já realizou, porque é o seu papel, porque integra uma lógica de alternância com a Bienal (do Livro). As pessoas precisam entender que a Prefeitura não realizar o FDP! é tão grave quanto ela não realizar a Bienal — afirmou Vitor.
Atual presidente da AIC, o jornalista e fotógrafo Wellington Cordeiro citou que o adiamento de setembro para novembro já havia causado a desistência do Sesc em participar da realização do FDP!. A notícia do cancelamento foi recebida com surpresa durante esta semana. Daí o caráter de urgência da reunião desta sexta, com temas que devem ser novamente discutidos nas próximas semanas.
— Vários grupos representando entidades importantes da cultura do município, artistas e produtores culturais atenderam a esse chamamento, e a gente iniciou um processo de discussão para tentar fazer com que o FDP! tenha o reconhecimento (da importância) que realmente tem para o município. Para que se entenda que o festival não é da AIC, não é da Academia Campista de Letras (ACL), nem da Associação das Doceiras de Campos (ADC). Ele é do município — disse. — O que vem pela frente vai ser uma construção coletiva — completou.
Cerca de 20 pessoas participaram da reunião, entre elas representantes da AIC, ACL, ADC, Academia Pedralva Letras e Artes, Santa Paciência Casa Criativa, do Espaço Cultural Kátia Macabu, Centro Cultural Marcelo Sampaio e Instituto Histórico e Geográfico de Campos. Foi analisada a possibilidade de o FDP! ser descentralizado, com atividades em vários espaços culturais pelo município durante um período maior, mas ainda não está descartada a realização em local único e no mesmo fim de semana. Os novos organizadores do FDP! também pretendem protocolar um documento cobrando esclarecimentos da Prefeitura sobre a verba de R$ 156 mil que seria destinada à realização e a forma como o evento foi cancelado.
— Na verdade, o nosso manifesto vai ser tentando fazer com que o poder público tenha um diálogo com os agentes culturais envolvidos no processo, para que eles esclareçam a todos o porquê do cancelamento. E, a partir daí, que os agentes culturais da sociedade civil tomem para si a responsabilidade de fazer o FDP! entendendo que ele é importante para toda a comunidade campista — reforçou Wellington Cordeiro.

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