Polícia investiga hipótese de crime passional na morte de soldado do Exército
Verônica Nascimento 25/06/2018 13:00 - Atualizado em 26/06/2018 14:08
Hugo foi sepultado no Campo da Paz
Hugo foi sepultado no Campo da Paz / Paulo Pinheiro
Com honrarias fúnebres para militares da ativa e salvas de tiros, foi sepultado, na tarde desta segunda-feira (25), o soldado da 2ª Companhia de Infantaria do Exército em Campos, Hugo Alvarenga, baleado na noite do último sábado (23), no Parque Eldorado, e que morreu horas depois, na madrugada de domingo (24), no Hospital Ferreira Machado (HFM). O sepultamento aconteceu no cemitério Campo da Paz, e centenas de pessoas acompanharam o cortejo, iniciado com o grito de "O soldado não se curva diante da injustiça".
A jovialidade de Hugo, que faria 21 anos no dia em que faleceu, foi estampada em camisetas com a frase "Saudades eternas”, usadas por parentes e amigos na cerimônia de despedida. De acordo com o delegado titular da 146ª Delegacia de Polícia, Luis Maurício Armond, a linha de investigação do caso é de crime passional.
Pela manhã, o corpo do soldado era velado, desde o dia anterior, na Igreja Batista do Parque São Silvestre. A cena registrada no velório foi repetida no enterro, com moradores do bairro, parentes e militares da 2ª Cia se despedindo do jovem. “Ele estava há três anos no Exército e se dedicava aos estudos, porque seu sonho era ser policial rodoviário federal. Mas um bandido acabou com o sonho do meu filho”, disse Alex Alvarenga, pai de Hugo.
  • Sepultamento aconteceu no Campo da Paz

    Sepultamento aconteceu no Campo da Paz

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  • Hugo foi sepultado no Campo da Paz

    Hugo foi sepultado no Campo da Paz

Um grupamento inteiro do Exército foi prestar homenagem na despedida do militar. O comandante da 2ª Cia, capitão Kurlan Luiz Marques Barbosa, que coordenou as honrarias no enterro, também esteve na igreja do São Silvestre. Ele explicou que o Exército não se manifestaria sobre o homicídio, cuja investigação está a cargo da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), mas que a quantidade de pessoas e colegas de farda que foram se despedir de Hugo e prestar condolências à família já demonstrava a perda que a morte do jovem representa para a instituição e a comunidade.
Amigos e parentes ainda se diziam espantados com o homicídio, embora tenham destacado que o São Silvestre está tão perigoso quanto o Eldorado, onde o crime foi praticado. Hugo, que no dia dos namorados estaria a trabalho fora de Campos, teria ido buscar a namorada e futura noiva para sair, na noite desse sábado, quando foi baleado. Muitos não aceitam a suspeita inicial, de tentativa de assalto, já que nada, nem a moto, foi roubada.
  • Velório de Militar do Exercito morto a tiros

    Velório de Militar do Exercito morto a tiros

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    Velório de Militar do Exercito morto a tiros

Apesar da polícia trabalhar com a hipótese de crime passional, alguns moradores do São Silvestre acham que, a caminho da casa da namorada, no mesmo bairro, o rapaz tenha se descuidado e passado com o farol da moto alto em área sob domínio do tráfico, descumprindo uma das “regras” de traficantes. “A verdade é que ninguém sabe o que aconteceu. Era um rapaz bom, evangélico, criado no bairro, muito educado, querido por todo mundo. Ninguém entende o que pode ter acontecido”, disse uma vizinha e amiga da família.
Estatísticas do crime em área de conflito — Hugo seguia de motocicleta pela rua Murilo Peixoto, quando foi baleado em área de conflito de Guarus que está sendo comparada à Síria. De acordo com a Polícia Militar, o crime aconteceu por volta das 22h30. Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros para o HFM, mas não resistiu aos ferimentos. A morte do soldado da 2ª Cia do Exército é o 119º homicídio praticado em Campos este ano e o décimo no mês de junho.
Hugo foi a 79ª vítima de homicídio na região de Guarus. O soldado foi baleado na área de conflito conhecida como “Faixa de Gaza”, que compreende os parques Eldorado, Prazeres, Santa Rosa, Bandeirantes, Custodópolis e Codin, onde pelo menos 42 assassinatos já foram praticados este ano.
Fotos: Paulo Pinheiro

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