Lula participa de videoconferência com Trump e pede retirada de tarifaço, diz Planalto
06/10/2025 10:57 - Atualizado em 06/10/2025 13:55
Lula e Trump
Lula e Trump / Foto: Adriano Machado/Reuters; Evelyn Hockstein/Reuters
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por cerca de 30 minutos nesta segunda-feira (6), e o petista aproveitou a ocasião para pedir ao norte-americano que reveja o tarifaço imposto sobre produtos brasileiros.
A conversa, que durou cerca de 30 minutos, Lula solicitou a Trump a revogação das sanções contra autoridades brasileiras. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Mores e sua esposa, Viviane, foram sancionados com a Lei Magnitsky, enquanto ministros do Supremo e autoridades do governo tiveram os vistos de entrada nos EUA suspensos.
O presidente brasileiro também pediu a Trump retirada de uma sobretaxa de 40% para entrada de produtos brasileiros nos EUA, em vigor desde agosto. Outra taxa de 10% foi instituída em abril, mas também foi aplicada a outros países.
Segundo relatos, Lula apresentou dados a Trump que mostram que os EUA têm superávit na relação comercial com o Brasil. O petista se mostrou aberto para discutir temas de interesse dos EUA, desde que não interfiram na soberania do país.
Em publicação, Trump afirmou que teve uma "conversa muito boa com o presidente Lula, do Brasil". "Nós discutimos muitas coisas, mas a conversa focou principalmente na economia e no comércio entre os dois países", declarou o norte-americano. Nós teremos futuras discussões e nos reuniremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Eu gostei da ligação — nossos países irão muito bem juntos!", concluiu Trump.
Os presidentes abordaram a "química" que tiveram na Assembleia-Geral da ONU e, conforme os relatos, brincaram sobre a idade – Lula fará 80 anos neste mês e Trump, em 2026.

Segundo a nota divulgada pelo Palácio do Planalto, durante a reunião por videoconferência, os dois concordaram em ter um encontro presencial em breve. Eles também teriam trocado telefones para "estabelecer via direta de comunicação".

Conforme a nota, Trump designou o secretário de Estado Marco Rubio para dar sequência às negociações sobre o tarifaço com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Encontro presencial
Lula também aventou a possibilidade de um encontro presencial na Malásia, durante a reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), no final deste mês. Os dois presidentes foram convidados a participar do evento.

O petista também reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA), e se dispôs a viajar aos Estados Unidos.
"Química" após encontro na ONU
O presidente norte-americano discursou logo após a fala de Lula, e os dois tiveram um pequeno contato, no qual se cumprimentaram e concordaram em conversar. Segundo Trump, houve uma boa "química" entre Lula e ele.
Na ocasião, Lula afirmou após o encontro que "aquilo que parecia impossível deixou de ser impossível e aconteceu" sobre encontro com Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU e que "pintou uma química mesmo" com o presidente dos Estados Unidos.

Auxiliares de Lula preferiam um primeiro contato por telefone ou vídeo para depois viabilizar uma reunião presencial entre os presidentes. A estratégia permitiria a Lula e Trump tirarem dúvidas e identificarem pontos de convergência e divergência na negociação comercial. Eles também poderiam estabelecer aos poucos uma relação de confiança.
Relação delicada
A difícil relação de Lula com Trump, desde que o presidente norte-americano foi eleito no final de 2024, faz com que o trabalho da diplomacia brasileira seja cauteloso e discreto.
Trump tem histórico de idas e vindas de posições e, conforme diplomatas, há o receio de recuo sobre a reunião com Lula, em especial porque auxiliares do líder americano podem tentar atrapalhar a aproximação entre os presidentes.

Trump determinou o tarifaço para interferir nos casos de Bolsonaro, porém a pressão não teve efeito. O ex-presidente foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e outros crimes.

Lula reafirmou na ONU que a independência do Judiciário e da soberania do Brasil não são temas a serem questionados.

Entretanto, ele reforçou em discursos e entrevistas que está aberto a dialogar sobre comércio com Trump. Temas como regulação de big techs e exploração de terras raras são de interesse dos americanos.

Tarifaço
O tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump foi anunciado de forma paulatina e progressiva com o passar dos meses — culminando em uma sobretaxa de 50% com início em 6 de agosto a cerca de 36% das vendas externas aos EUA.

O mandatário norte-americano chegou a citar questões econômicas, como um suposto déficit com o Brasil (inexistente de acordo com números oficiais), mas também apontou questões políticas relacionadas com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e "direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos", entre outros.
Com informações do G1

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