Matheus Mesquita e Eder Souza
- Atualizado em 11/10/2025 12:20
Fotos: Rodrigo Silveira
Mesmo sem casos suspeitos de intoxicação por metanol, a preocupação com o consumo de bebidas adulteradas já chegou a Campos. Nesta semana, a Vigilância Sanitária Municipal e a Polícia Civil intensificaram as fiscalizações em estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas com o objetivo de coibir a venda de produtos falsificados ou contaminados e orientar a população sobre os riscos. Um homem responsável por um dos depósitos de bebida fiscalizados chegou a ser preso, porque o local vendia produtos fora da validade e sem nota fiscal.
A operação, batizada como “Gole Fatal”, foi deflagrada em todo o estado e tem foco em prevenir casos de intoxicação e mortes por metanol, substância altamente tóxica que vem sendo usada na adulteração de bebidas alcoólicas em outras regiões do país.
A diretora da Vigilância Sanitária de Campos, Vera Cardoso, explicou que a iniciativa tem caráter preventivo e reforça o compromisso das autoridades em garantir a segurança dos consumidores.
Diretora da VISA-Campos, Vera Cardoso
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Foto: Rodrigo Silveira
"As autoridades sanitárias estão mobilizadas, orientando a população sobre os cuidados necessários. O objetivo principal é evitar que mais pessoas sejam vítimas dessa prática. A questão da segurança sanitária exige adequação às normas estabelecidas pela Vigilância, incluindo a obtenção de licença para funcionamento. É fundamental que o estabelecimento cumpra todas as exigências regulatórias", explicou Vera.
Até o momento, o Estado do Rio de Janeiro tem quatro casos suspeitos de intoxicação por metanol. Nenhum deles é na região. No entanto, o Hospital Ferreira Machado (HFM), principal referência em urgência e emergência para toda a região Norte e Noroeste Fluminense, já orientou as equipes para identificar e notificar qualquer caso suspeito. Segundo a coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da unidade, Christiane Ramos, a situação é recente e está sendo acompanhada de perto pelas autoridades sanitárias.
"Estamos tratando o caso como um evento de saúde pública, seguindo as orientações do Ministério e da Secretaria Estadual de Saúde. Nossa equipe está preparada para agir diante de suspeitas, e a notificação deve ser feita imediatamente pelo Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), para que a investigação sobre a origem do produto seja iniciada em conjunto com os órgãos de saúde”, destacou a coordenadora.
O diretor clínico do HFM, Hugo Calomeni, afirmou que as equipes estão preparadas para possíveis casos. “Estamos alinhados às orientações do Estado e já preparamos exames e protocolos para o atendimento. Mantemos contato com a Fundação Municipal e a Secretaria de Saúde para definir novas medidas. Não há surto, mas precisamos estar prontos para agir rapidamente”, comentou.
As pessoas que apresentarem visão turva, desconforto gástrico e quadros de gastrite após ingestão de álcool devem procurar a unidade de atendimento mais próxima de sua casa. A intoxicação por metanol pode causar cegueira irreversível e óbito.
Os riscos de contaminação por metanol em bebidas adulteradas ou falsificadas têm afastados os consumidores dos bares. O Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Norte e Noroeste informou que o setor tem sentido os efeitos da crise, como queda nas vendas.
Álcool e energético
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"Os efeitos econômicos já estão sendo sentidos de forma bem dolorosa. Alguns restaurantes usam o drink como uma parcela boa de ganhos dentro do bar. Como a população está com medo de consumir, então está praticamente zerada a venda de drinks nesses bares. O impacto está sendo bem forte”, explicou o representante do sindicato, Ricardo Menezes.
A Vigilância Sanitária reforça que os consumidores devem comprar bebidas apenas em locais regularizados, verificar o lacre, selo do IPI e contrarrótulo, e denunciar irregularidades pelo canal da Prefeitura ou da Polícia Civil.