Dora Paula Paes
11/10/2025 09:44 - Atualizado em 11/10/2025 12:23
Imagem no novo trono
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Reprodução
A Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, é celebrada neste domingo (12). Dentro da comemoração, pelo terceiro ano consecutivo, o arquiteto e professor campista Almir José Neto, especializado em arquitetura sacra, é o responsável pela criação do Trono de Nossa Senhora Aparecida, peça central da Novena e Festa da Padroeira. A edição de 2025 tem como tema "Com Maria, Mãe da Esperança, conhecer Jesus e cuidar da vida", em sintonia com o Jubileu 2025 da Igreja Católica, cujo lema é "Peregrinos da Esperança". Os mantos e o trono - uma obra de arte - foram apresentados à comunidade Católica no final de setembro.
Almir Neto responsável pela criação
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Almir, que já assinou os tronos de 2023 e 2024, ambos marcados por forte simbolismo e integração entre estética litúrgica, espiritualidade e contemporaneidade. Em 2023, o trono trouxe como inspiração a rede de pesca - uma alusão à origem da imagem da Padroeira nas águas do Rio Paraíba do Sul - e foi concebido com linhas leves e transparentes. Já em 2024, a proposta assumiu um tom mais robusto, remetendo a um "jardim em frente de casa", espaço simbólico de acolhimento materno, à luz do tema daquele ano: "Com Maria, Missionária da Esperança e da Paz".
De Beira do Taí, na Baixada Campista, a trajetória do arquiteto, que também é professor de Arquitetura Sacra na FASBAM (Faculdade São Basílio Magno), em Curitida (PR), tem se destacado por integrar com sensibilidade os fundamentos teológicos da fé católica à linguagem arquitetônica.
Esboço da obra sacra
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Almir conta que é devoto de Nossa Senhora e costuma viajar até Aparecida para rezar o terço. E foi em uma dessas viagens que ele recebeu o primeiro convite do Reitor do Santuário para criar o trono de 2023. Um trabalho que realizou de forma voluntária "Neste 3º ano consecutivo, quando o convite se renovou, o desafio foi maior, tendo em vista os dois anos anteriores", conta.
Para realizar o trabalho que sempre vem acompanhado de tema, agora, em 2025, que remete a "conhecer Jesus e cuidar da vida", segundo ele, a tarefa exige imersão em elementos que possam traduzi-lo. "Sempre me inspiro na capa do livro da novena e a fachada dourada desse ano estará presente na criação do trono. O apóstolo João nos fala que Jesus entregou sua vida, portanto vida é compromisso e dom precioso de Deus", explica Almir.
Detalhe do trono
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- A conexão com o tema "conhecer Jesus e cuidar da vida" me inspirou a criar elementos que tangibilizam essa mensagem. Nossa Senhora ao centro do Baldaquino que abriga a imagem. E é ela que acolhe a todos, onde seu abraço, seu colo e carinho, é lugar seguro de conforto e aconchego. Isso remete diretamente à Igreja Jubilar e também ao tema da Casa Comum, do Papa Francisco, onde a Mãe que nos trouxe a Vida em Jesus, cuida de sua Casa e de todos que nela habitam.
A simbologia do baldaquino, presente na parte central e do Santuário, chama atenção pela pomba do Espírito Santo, presente na cúpula central. No topo, a pomba do Espírito Santo coroa e protege a todos, sem distinção para a jornada segura com Jesus. "O Espírito Santo é como se fosse a "argamassa" que liga todos os tijolos de uma construção, ou seja, todo o povo de Deus. Como simbologia, temos o dourado do Divino e a madeira que representa a terra, o planeta e a Casa Comum", ainda salienta o arquiteto sacro.
Trabalho quando finalizado
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O trono é aberto para os quatro lados e faz uma referência ao próprio Santuário Nacional, que também tem seus quatro lados de portas abertas para acolher a todos.
- A minha conexão com Nossa Senhora influenciou nos projetos dos tronos dos anos anteriores e, como não poderia deixar de ser, nesse ano também. Meu trabalho é entregue como oração para que o devoto sinta-se representado e acolhido. Sou devoto de Nossa Senhora e faço por amor e missão - concluiu Almir, ao mesmo tempo em que reforça, que com esse trabalho deixa como legado a evangelização.