Operação mira ‘estelionato religioso’ via telemarketing onde ‘profeta’ cobrava R$ 1.500 por ‘milagres’
- Atualizado em 24/09/2025 11:39
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Uma operação contra um esquema de estelionato religioso via telemarketing foi iniciada nesta quarta-feira (24), pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). A Operação Blasfêmia, segundo as investigações, atuava em todo o país e era composto por um grupo de pessoas que cobrava até R$ 1.500 por “promessas de cura” e “milagres”. Eles teriam movimentado cerca de R$ 3 milhões em dois anos.

Os agentes saíram para cumprir três mandados de busca e apreensão e algumas medidas cautelares. Luiz Henrique dos Santos Ferreira, o Pastor Henrique Santini ou Profeta Santini, é apontado como chefe do esquema. Foi determinado pela Justiça o uso de tornozeleira eletrônica para ele, além do bloqueio de contas bancárias e o sequestro de bens.
De acordo com o delegado da 76ª Delegacia de Polícia do Centro de Niterói, Luiz Henrique Marques, a intenção do grupo era enganar os fiéis com a falsa promessa de milagre e cura.
“Essa organização criminosa em nada tem a ver com um culto religioso. A intenção era arrecadar dinheiro e enganar os fiéis”, afirmou.
Ao todo, 23 pessoas foram denunciadas e se tornaram rés pelos crimes de estelionato, charlatanismo, curandeirismo, associação criminosa, falsa identidade, crime contra a economia popular, corrupção de menores e lavagem de dinheiro. As penas podem chegar a 29 anos de prisão.
Santini estava em casa, em um condomínio na Barra Olímpica, e resistiu a abrir a porta para a polícia. A equipe ameaçou arrombá-la e conseguiu entrar. Na residência, foram apreendidos computadores, documentos, celulares e dinheiro em espécie. Além de uma pistola dourada, que estava legalizada.
Santini declarou estar sendo vítima de perseguição religiosa, afirmou que tem formação em teologia e que trabalha como pastor há mais de 10 anos, pregando em duas igrejas.

“Sou surpreendido com um mandado de busca e apreensão, e até agora não encontraram nada que pudesse me incriminar. Colaborei, dei todas as coisas possíveis. Eu entendo isso como uma perseguição religiosa", disse.
Com 9 milhões de seguidores nas redes sociais, Santini divulgava vídeos de mensagens religiosas com números de telefone e links para grupos no WhatsApp. O delegado descreve como funcionava o esquema.
“Santini fazia gravações previamente editadas, e quando o fiel entrava em contato achando que estava falando com ele e pedia orações para uma enfermidade específica, entrava esse áudio. Ao final, era sempre pedida uma contribuição”, descreveu o delegado.
Essas “doações espirituais” eram via Pix e variavam entre R$ 20 e R$ 1.500, conforme o tipo de oração oferecida.

O grupo operava a partir de escritórios de telemarketing em Niterói e São Gonçalo, onde pelo menos 70 atendentes simulavam ser Santini. “O profeta Santini, visando a aumentar a arrecadação, contratou pessoas sem nenhuma experiência religiosa para se passar por ele pelo WhatsApp”, disse o delegado.

Esses funcionários eram contratados em plataformas on-line e recebiam comissões conforme o volume arrecadado. Documentos apreendidos revelam metas rígidas de desempenho e até dispensas por baixa arrecadação.

Ainda segundo o delegado Luiz Henrique Marques, o dinheiro dessas contribuições não ia para conta da igreja, mas para a de terceiros.

A investigação começou em fevereiro, quando a polícia descobriu um call-center onde foram flagradas 42 pessoas realizando atendimentos virtuais. Na ocasião, 52 telefones celulares, 6 notebooks e 149 cartões pré-pagos de telefonia móvel foram apreendidos. A análise desse material confirmou a atuação coordenada do grupo e permitiu identificar milhares de vítimas em todo o território nacional.
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As investigações continuam para identificar novas vítimas e possíveis integrantes da organização criminosa.
Com informações do G1

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