Jornalista Péris Ribeiro é sepultado sob forte comoção no Caju, em Campos
Maria Laura Gomes 21/07/2025 18:05 - Atualizado em 21/07/2025 21:10
Crédito: Rodrigo Silveira
Crédito: Rodrigo Silveira
Foi sepultado na tarde desta segunda-feira (21) no Cemitério do Caju, em Campos, o corpo do jornalista esportivo Péris Ribeiro. O velório aconteceu durante a manhã e reuniu amigos, familiares e colegas de profissão, todos profundamente emocionados com a despedida de um dos maiores nomes da crônica esportiva da cidade.

Aos 80 anos, Péris faleceu no Hospital Dr. Beda II, onde estava internado desde o último dia 12 para tratar uma pneumonia e um quadro de água na pleura. Reconhecido como um dos maiores cronistas esportivos do interior do estado, ele também foi biógrafo do campista Didi, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro.

Entre os presentes, a filha de Didi, Liaebe, esteve no sepultamento, mas, visivelmente abalada, preferiu não se pronunciar. Diversos colegas prestaram homenagens ao jornalista, relembrando sua trajetória e influência no jornalismo local e nacional.

O jornalista Matheus Berriel, emocionado, destacou a importância de Péris em sua trajetória profissional.

— Péris pra mim foi um pai na profissão, um padrinho. Quando cheguei a Campos, tinha uns 18 anos, vim de São Fidélis. Estava na faculdade, fiz um trabalho sobre jornalismo esportivo e fui entrevistar o Péris. A gente se identificou logo de cara. Ele gostou do meu estilo de texto, e foi ele quem me indicou para a Folha da Manhã, onde fiquei sete anos. Claro que eu fiz meu trabalho, mas sem esse empurrão inicial dele, talvez não tivesse tido essa oportunidade. Viramos amigos de dia a dia, de trocar telefonemas, de passar horas conversando sobre política, futebol, música popular… Ele era um cara muito culto. O jornalismo de Campos perdeu um nome histórico. E eu perdi um amigo do peito — declarou.
Crédito: Rodrigo Silveira
Crédito: Rodrigo Silveira


O jornalista e escritor Wesley Machado também homenageou o amigo com palavras carregadas de poesia e sentimento.

— Perinho foi mais que um amigo, foi um mestre da crônica esportiva de Campos, com reconhecimento nacional. Para mim, ele foi uma folha que cresceu no meio do concreto da arquibancada, virou árvore, deu frutos, e hoje essas folhas caem como lágrimas. Estou muito triste. Perdi um mestre — disse.

O jornalista e professor Vítor Menezes lembrou da relevância de Péris na sua formação profissional.

— Perinho marcou muito a minha formação como jornalista. Quando comecei, ele já era um dos gigantes. Era alguém que você olhava e dizia: ‘quero ser como ele’. Trabalhei com ele em alguns momentos. Era uma figura maravilhosa, com uma cultura incrível. Embora a gente não fosse tão próximo, ele foi uma referência muito importante pra mim — contou, comovido.

Já Leandro Nunes, jornalista e atual vice-presidente do Goytacaz, destacou o legado intelectual e humano deixado por Péris.

— Hoje a gente perde o último grande gênio do jornalismo. Talvez as novas gerações não tenham mais a oportunidade de conhecer uma mente tão brilhante como a de Péris. Ele não era só um cronista esportivo quase sem igual no país, mas também uma pessoa de cultura imensa e de um coração generoso. Quem convivia com ele se sentia especial — afirmou.

Representante da Associação de Amigos do Ao Livro Verde e do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG), Adelfran Lacerda, também escreveu sobre o amigo:
"Linhas de pesar e de saudade
Mais um ícone genial do jornalismo de Campos dos Goytacazes despede-se de nossas páginas terrenas impressas para ingressar na história do livro da vida, elevando-se à eternidade com a sua alma imortal.
José Péris Pinto Ribeiro, o inesquecível "Perinho", de uma vasta legião de amigos e admiradores, é autor de textos memoráveis na literatura regional e nacional, com cinco obras impressas publicadas, pérolas que coroam a paixão nacional pelo futebol, do qual, dotado de impressionante memória e vivência, foi um dos maiores, melhores e mais ardorosos conhecedores no Brasil.
Jornalista de reconhecido admirável, refinado talento e retumbante sucesso, deixou impressa a sua marca em vários jornais de Campos dos Goytacazes, do Rio de Janeiro e de São Paulo, além  da "bíblica" Revista Placar, integrando a sua equipe de bambas por muitos anos, com seu inigualável texto apurado, lapidado e criativo, verdadeiras e inumeráveis aulas escritas do bom e maravilhoso jornalismo futebolístico.
Marcou e ajudou a formar várias gerações de jornalistas com o seu apreciável e reconhecido talento, além   da afetuosidade, carinho, elegância com amigos, suavidade no falar, na doçura às vezes quase infantil, além dorefulgente brilhantismo pessoal e profissional, também com uma boas pitadas e goles de boemia...
Sim, Perinho continuará e permanecerá inesquecível, porque sendo único e especial replicou a sua suavidade, presença e genialidade no coração de todos com quem compartilhou sua vida em momentos memoráveis."


ÚLTIMAS NOTÍCIAS