O ex-governador Anthony Garotinho ameaçou não apoiar a candidatura à reeleição do governador Cláudio Castro (PL) por causa do que chamou de “laranjas podres” que estariam ao lado de Castro. A jornalista Berenice Seara, do jornal Extra, publicou nesta terça-feira (25) que Garotinho estaria tentando encorajar o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, André Ceciliano (PT), a colocar seu nome na disputa. O prefeito de Campos Wladimir Garotinho (PSD) concordou com a análise do pai, mas reafirmou o apoio a Cláudio.

Em seu programa na Rádio Costa Verde, Garotinho chegou a dizer que o governador pode se tornar um novo Sérgio Cabral, ex-governador preso e condenado a mais de 100 anos por corrupção.

— Eu estive lá no Palácio, tive uma reunião com dois assessores do governador, para falar isso que eu falei aqui. Que eu não quero mal ao governador, mas, da forma como a coisa está indo, não tenho como apoiá-lo. Não tem. Eu sou muito franco. (...) Com essas laranjas podres que tão aí do lado dele, eu tenho receio que ele se torne um novo Sérgio Cabral. Então eu não vou colocar minha mão em cumbuca dos outros errado — declarou.

Apesar das declarações do pai, Wladimir reafirmou o apoio a Castro, mas concordou com o pai em relação às “laranjas podres”.

— O governador Cláudio Castro é o meu candidato. Sou grato pela ajuda que Campos recebeu e temos parcerias importantes que continuam em andamento. Concordo que ele tem pessoas ao lado dele que o atrapalham não só a mim, mas outros importantes aliados estratégicos, isso é uma questão interna que ele precisa resolver desde que não permita que as laranjas podres interfiram nas relações de governo — afirmou o prefeito.

De acordo com o blog de Berenice, Garotinho encontrou com o presidente estadual do PT, João Maurício de Freitas e teria encorajado a candidatura a governador de Ceciliano. Na última semana, um encontro das direções nacionais do Partido dos Trabalhadores e do PSB selou, por ora, o apoio à pré-candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao Palácio Guanabara.

Em contato com a Folha, André Ceciliano disse que é pré-candidato ao Senado e que, dependendo da composição política, pode abrir mão para concorrer a deputado federal. Essa estratégia faz parte da linha do partido para dar mais visibilidade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá concorrer ao Palácio do Planalto em outubro.

Desta vez, Garotinho citou o nome do secretário estadual de Governo Rodrigo Bacellar – principal adversário político do seu grupo político – como a “laranja podre”. “Infelizmente, o governador está cercado de algumas laranjas podres. Entre elas, o secretário de Governo, Rodrigo Bacellar. E estas laranjas estão estragando o governo dele”.

O último capítulo da tensão entre os grupos dos Garotinho e da família Bacellar aconteceu no último dia 15 de janeiro. Durante a agenda do governador em Campos no feriado municipal de Santo Amaro, Wladimir, Rodrigo e pessoas ligadas aos dois dividiram o palanque ao lado de Cláudio Castro. No entanto, o momento de maior tensão aconteceu na inauguração de um campo de futebol no Farol de São Thomé. No entanto, Castro minimizou a disputa local.

— Eu estou aqui para trabalhar. Acho que a política é normal, isso não vem de agora. Os grupos políticos, durante a vida toda, têm seus estilos, seus protagonismos. Isso é normal. O que a gente tem que entender é que acima de grupo político, a gente tem que trabalhar pela cidade. Foi o que disse no discurso hoje. Tomara que os grupos briguem muito para ver quem está fazendo mais e não para fazer o outro deixar de trabalhar. O que estamos vendo aqui são dois grupos que estão trabalhando muito. Se brigarem ou não, se Campos ganhe e não perca é o que a gente precisa — afirmou o governador.

A equipe de reportagem tentou contato com Cláudio Castro e Rodrigo Bacellar, mas não obteve retorno.