Cinema - Filme bom; outro nem tanto
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 25/01/2022 17:23
Personagens do filme 'Pânico'
Personagens do filme 'Pânico' / Divulgação
Um dos diretores de filme de terror dos mais inteligentes é Wes Craven. Ele é o criador de Freddy Krueger, o terrível monstro sobrenatural de garras metálicas e mortais que entra nos pesadelos das pessoas e sai deles, tornando-se realidade e matando jovens principalmente. Quanto mais tolos e mais viciados em sexo, pior. “A hora do pesadelo”, nome do filme em português, foi lançado em 1984. Depois de muito sangue, a linda mocinha Nancy Thompson (Heather Langenkamp) elimina o assassino. O filme deu origem a uma franquia. No sexto, Freddy (Robert Englund) é eliminado de vez em dois sentidos: no filme e no esgotamento da franquia. Deu o que tinha de dar. Wes Craven foi novamente convidado para revitalizar o personagem e se saiu melhor do que no primeiro.
No sétimo filme, 10 anos depois, tudo o que aconteceu nos seis anteriores foi ficção cinematográfica. Craven desconstrói os personagens. Englund se apresenta nas TVs caracterizado como Freddy. Heather Langenkamp é ela mesma. Casou-se e tem um filho pequeno. Ela foi convidada para atuar na continuação da série, cujo roteiro está sendo escrito por Craven. Recusa. Certas coisas estranhas começam a acontecer. Sonhos que parecem reais. Telefonemas misteriosos. Heather pensa em trotes. Seu filho também passa a ter comportamento estranho. A garra de Freddy volta a aparecer, mas Freddy não. Englund, que o representava, é amigo de Heather. Inclusive, ela conversa com ele sobre essas coisas estranhas. Seu marido morre cortado pela garra. Heather visita Wes Craven para obter mais informações sobre o novo roteiro que ele está escrevendo. Suas palavras são vagas e misteriosas.
O Freddy dos filmes não existe, mas o outro Freddy sim. Ele sai dos pesadelos. Agora, é a velha e infalível luta: mãe defendo filho. Claro que Heather vence, tanto na ficção dos filmes de 1 a 6, quanto na realidade fantasmagórica do sétimo.
Em 1996, Wes Craven criou com Kevin Williamson um serial killer que rendeu, até agora, cinco filmes. Não se trata de um autêntico de terror. Os assassinos são de carne e osso, portanto mortais. Não há o recurso ao sobrenatural. O assassino em série usa uma máscara de fantasma, daí ser conhecido como Ghostface.
O quarto filme da franquia apareceu em 2011. Agora, em 2022, é lançado o quinto, apenas com o título de “Pânico”, sem numeração. Das duas uma: ou os produtores pretendem encerrar a série ou estão aferindo a aceitação do público para produzir o sexto. De tempos em tempos, alguém assume a personalidade dos assassinos e se põe a matar pessoas com faca afiada e revólver. O mais recente filme da franquia parece se dirigir aos fãs da série, pois faz muitas referências aos anteriores e a outros filmes. Tenta-se fazer um filme sobre filmes. É trágico no meio do cômico. Quem não conhece os outros anteriores ou esqueceu detalhes não consegue mais acompanhar o filme. E ele é dedicado a Wes Craven pelos seus diretores: Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett. Craven redigiria um roteiro muito melhor. Se certos comportamentos são imitados por todo aquele que assume o comportamento de Ghostface, ele ou eles deveriam saber que não vale a pena, pois o final do assassino é sempre ser morto.

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