Luis Miranda diz que Bolsonaro citou Ricardo Barros sobre irregularidades na compra da Covaxin
25/06/2021 22:08 - Atualizado em 25/06/2021 22:40
Antonio Cruz/Agência Brasil
Antonio Cruz/Agência Brasil
Em depoimento à CPI da Covid nesta sexta-feira (25), o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que o presidente Jair Bolsonaro fez referência ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), ao ouvir denúncias de irregularidades na compra da vacina Covaxin. Barros é líder do governo Bolsonaro na Câmara dos Deputados desde agosto e foi ministro da Saúde de 2016 a 2018, durante o governo Temer.
A conversa entre os dois aconteceu no dia 20 de março deste ano no Palácio da Alvorada, de acordo com o parlamentar. Ao relatar o encontro, em um primeiro momento, Luis Miranda omitiu o nome de Ricardo Barros.
“O presidente entendeu a gravidade. Olhando os meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave’. Não me recordo do nome do parlamentar, mas ele até citou um nome para mim, dizendo: 'Isso é coisa de fulano'. E falou: ‘Vou acionar o Diretor-Geral da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave", disse o deputado nesta sexta.
“O que que eu senti? Que o presidente, apesar de toda a força que ele demonstra, de tudo que a gente conhece, que ele, nesse grupo específico, não tinha força para combater. Ele deu a entender isso. Porque ele fala um nome, mas não tem certeza também. Ele diz: 'isso é coisa do fulano. [Falando um palavrão], mais uma vez'. Dá um tapa na mesa”, contou o deputado federal.
Durante horas, senadores pressionaram o parlamentar a dizer o nome citado por Bolsonaro – Luis Miranda afirmou, diversas vezes, não se recordar quem era.
Pouco antes das 22h, em novo questionamento da senadora Simone Tebet (MDB-MS), finalmente Luis Miranda confirmou que o nome citado era de Barros.
"Eu sei o que vai acontecer comigo. A senhora [Simone Tebet] também sabe que é o Ricardo Barros que o presidente falou", afirmou Luis Miranda.
Simone Tebet insistiu: "O senhor confirma?"
"Foi o Ricardo Barros, que o presidente falou. Foi o Ricardo Barros", repetiu Miranda.
Clima tenso - Antes mesmo do seu início, o dia da CPI da Covid começou movimentado. O deputado federal Luis Miranda chegou para depor na Comissão usando um colete à prova de balas e uma Bíblia na mão.

Miranda e o irmão, Luis Ricardo Fernandes Miranda, servidor do Ministério da Saúde, falaram sobre as negociações da vacina Covaxin, produzida pelo laboratórios. Os dois se tornaram alvo da CPI, após o deputado federal afirmar ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre indícios de irregularidades na negociação do Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana.
 
Fonte: G1

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