Infraestrutura abandonada é criticada por moradores do Pq. Saraiva
Ícaro Abreu Barbosa - Atualizado em 26/10/2020 18:47
Rodrigo Silveira
Falta de verba, obras públicas iniciadas e sem conclusão no apagar das luzes de um governo para o outro, falta de manutenção e depredação são parte dos problemas que deixam moradores reféns de buracos, saneamento básico e infraestrutura precária no Parque Saraiva, em Goytacazes, distrito de Campos. A prefeitura informa que: "Infelizmente, o município vem sofrendo grandes perdas de receitas petrolíferas e, por isso, há a necessidade de se adequar à nova realidade financeira."
Mesmo uma chuva fina e passageira, típica da primavera, enche os buracos de águas e resultam em transtornos para os moradores; como um cavalo que passa puxando uma carroça e arremessa a água barrenta em cima de uma senhora que aguarda a van para poder se deslocar ao Centro da Cidade. Ângela Teixeira, de 62 anos, moradora do bairro há 38 anos, conta:
- Isso aqui nunca foi esburacado dessa forma. Haviam buracos como em qualquer outra parte da cidade, mas na segunda gestão de Rosinha Garotinho, em agosto, o calçamento e o asfalto das ruas foram retirados e ela fez sabendo que não iria dar tempo de concluir. Inicialmente, era para refazer, mas quando ela saiu, Rafael Diniz entrou e não deu continuidade - relembra Ângela, atualmente desempregada.
As obras do Parque Saraiva foram iniciadas pela gestão passada, da ex-prefeita Rosinha Garotinho, em agosto de 2016 e abandonadas em outubro do mesmo ano, após ter 60% das ruas abertas – retirado o calçamento, ficando na terra - e sem a construção de canal de drenagem. Quando a atual gestão, do prefeito Rafael Diniz assumiu, em 2017, encontrou a obra inacabada e ainda uma dívida de R$ 10 milhões com a empresa responsável pelo serviço, referentes ao que havia sido feito no bairro, o que também foi um entrave para a retomada dos trabalhos que não aconteceu nestes quatro anos de gestão.
À época, a obra do Parque Saraiva foi licitada em R$ 81 milhões. A construção do canal de drenagem também depende de liberação por parte da Usina São José, já que a obra passaria pela área da usina. São obras interligadas porque o canal de drenagem é que vai permitir o escoamento da água em dias de chuva, após a urbanização das ruas do bairro. Para a conclusão da obra, com as readequações feitas no projeto, seriam necessários mais R$ 45 milhões. A obra prevê urbanização, construção de redes e pavimentação. Segundo nota da prefeitura, a administração vem mantendo diálogo com os moradores do Parque Saraiva, desenvolvendo medidas emergenciais para minimizar transtornos até que o município obtenha os recursos necessários para a conclusão da obra.
 
 
Rodrigo Silveira
Enquanto o calçamento permanece sem asfalto, os buracos cavados para a instalação de esgoto foram precariamente tapados com terra pela gestão municipal, as manilhas que seriam utilizadas na obra sanitária do bairro foram abandonadas na pracinha - vandalizada com xingamentos e alusões as facções criminosas.
A 'pracinha' não existe, é uma memória de 11 anos atrás, segundo moradores antigos. O espaço é coberto por mato e só apresenta resquícios do que já foi local de diversão e lazer das crianças e moradores do bairro. Sobraram um punhado de bancos e a base de concreto do que já foi uma quadra.
Já o pernambucano de nascimento e morador de Campos há três anos, José da Costa, caminhoneiro aposentado, conta que desde que veio morar no bairro a infraestrutura é precária. "Às vezes, vem alguém da prefeitura arear o calçamento, mas só no verão. Durante a primavera, quando tem as chuvas, não vem ninguém. Quando não chove é muita poeira, quando chove é lama e água entrando dentro da casa", disse, enquanto mostrava uma capa caseira que fez artesanalmente para proteger seu carro.

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