Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa
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“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. A frase é comumente atribuída a Walter Barelli, ex-ministro no governo Itamar Franco. Mas foi amplamente incluído no imaginário popular, sendo uma expressão que diz exatamente o que ela quer dizer: uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa.
Uma coisa é a dependência dos royalties do petróleo que Campos cultivou nas últimas décadas. A abundância de um recurso sabiamente finito não foi bem aproveitada. Infraestrutura da cidade é precária, transporte público sem qualidade, o principal rio que corta o município, não foi cuidado. As periferias continuaram sem as condições mínimas de qualidade de vida, a educação pública continuou de baixa qualidade e não foram atraídas industrias e empregos à contento. Planejamento municipal de longo prazo foi um palavrão para todos os governos de Campos. Isso é uma coisa.
Outra coisa é a redistribuição dos royalties. Campos pode dormir rica e acordar pobre, como disse o prefeito Rafael Diniz em entrevista à Folha ontem (19). E o pior: poderá ser obrigada a pagar duas dívidas: os royalties recebidos até aqui indevidamente, caso o STF decida pela partilha, e as parcelas da “venda do futuro”, herança dos Garotinhos.
Uma coisa é a cidade estar inerte. E está. A sociedade civil organizada tem se mobilizado pontualmente sobre o assunto, porém em baixa intensidade. A mobilização deve ser não só para pressionar os ministros do supremo para que percebam o mal que poderá ser causado a municípios e estados, trazendo poucos benefícios a outros, mas também para que se criem alternativas para outras fontes de recursos.
Outra coisa é algumas pessoas acharem que a cidade está atenta. Apesar de insistência do poder público e de meios de comunicação, o movimento deve ser encorpado pela sociedade, assim como foi feito pela duplicação da BR-101 e a recente campanha de doação de medula óssea.
O problema é uma coisa passar a ser outra coisa a partir do dia 20 de novembro.

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    Edmundo Siqueira

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