Falta de apoio da prefeitura foi sentido na campanha de doação de medula
19/10/2019 08:31 - Atualizado em 20/10/2019 15:04
Fernando Costa - Organizador da Campanha
Fernando Costa - Organizador da Campanha / [email protected]
A campanha “Campos Doe Esperança, Doe Medula” teve início ontem (18), no Ciep da Lapa, das 8h às 16h. A ação se estende até hoje (19), em mesmo local e mesmo horário, recebendo potenciais doadores, através de cadastramento no REDOME – Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, por equipe do Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação (HLA) da Uerj. A campanha em Campos cumprirá os dois primeiros passos para o doador de medula óssea, realizando o cadastro no REDOME e coletando de 5 ml de sangue do voluntário. Hoje, a chance de paciente que necessita de transplante de medula, como única forma de cura para sua doença, é de 1 para 100.000, uma vez que é necessário haver compatibilidade genética entre doador e paciente. As campanhas, que ocorrem nacionalmente, buscam reduzir essa proporção.
Cerca de 200 voluntários participam da campanha em Campos, que vem recebendo diversos apoiadores institucionais, da iniciativa privada e da sociedade campista. Atualmente, o Brasil tem 850 pacientes esperando um transplante. Priscila Pixoline, de 34 anos, professora e mãe de Pedro, de um ano e dois meses, foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda (LLA) e desde então faz quimioterapia. Patrícia Campos, de 34 anos, e Matheus Morgade, de 19 anos, completam a lista de campistas que tem esperança em achar um doador compatível, sendo o transplante a única forma de cura.
Escolas e Universidades apoiando a Campanha
Escolas da rede particular ajudaram na divulgação da campanha, como fez a Creche Escola Sagrada Família na última quarta-feira (16), que recebeu o coordenador Fernando Costa e Guilherme Trindade, campista doador de medula óssea que salvou uma vida através do transplante há cerca de 2 anos.
No último dia 17 foi a vez do Uniflu, na antiga Faculdade e Direito de Campos, apoiar o evento. Guilherme apresentou para alunos e professores do centro universitário os passos para a doação e deu um testemunho sobre ser um doador e a oportunidade de salvar vidas.
– Eu doei, salvei uma vida, mas também fui agraciado. É transformador poder ser compatível com outra pessoa e saber que um pequeno gesto seu a salvou. O processo de doação não tem risco ao doador, é retirado uma parte de sua medula óssea através de dois processos: aférese ou punção. O meu foi por aférese. É uma decisão médica. O procedimento é praticamente indolor e sem riscos – disse Guilherme na apresentação no Uniflu.
Segundo informação da página da Universidade Estadual do Norte fluminense – Uenf, em rede social, será disponibilizado ônibus para transporte de doadores, que saíra da própria instituição nos dois dias da ação.
A prefeitura de Campos na Campanha
Além do apoio em divulgação, a campanha contou com ajuda financeira de voluntários e empresas que doaram o transporte, alimentação e hospedagem da equipe do HLA que atenderá hoje e amanhã no Ciep. Nas redes sociais conseguiu atrair seguidores e apoiadores nas páginas da campanha.
Segundo fonte, a coordenação da campanha procurou a secretaria de saúde do município em busca de apoio, em mais de uma oportunidade, sem obter resposta. A prefeitura divulgou a campanha em seu site que informa a presença do Hemocentro do Ferreira Machado hoje no local.
O doador Guilherme Trindade fala sobre os apoios e o que viu até aqui:
– A campanha Campos doe Esperança doe Medula deu início de forma independente e assim foi até aqui, sem nenhum tipo de apoio da Secretaria de Saúde do município e consequentemente da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, e foi coordenada e elaborada insistentemente e após inúmeras negativas pelo Fernando, morador de Campos e engenheiro mecânico, motivado pela Leucemia Linfoide Aguda - LLA, que sua esposa Priscila enfrenta no momento. A cura para sua doença está em encontrar um doador compatível com ela, sendo alguém anônimo e fora da família, as chances passar a ser de 1 para 100.000 pessoas. Atualmente no município existem 03 pessoas incluindo a Priscila necessitando de um doador compatível. Ao todo no Brasil existem 861 pessoas aguardando um doador compatível. O Fernando iniciou essa campanha solitário após encarar uma negativa do nosso secretário de saúde em ajudar, e seguiu iniciando um ciclo de apresentações em diversos locais, explicando de forma bastante convincente todo o drama que ele enfrenta ao lado da sua esposa, e através das redes sociais, a campanha também foi ganhando corpo e agregando um corpo enorme de voluntários que se disponibilizaram e abraçaram a causa. A expectativa é avançar a meta de cadastros do estado do Rio e trazer Campos como ponto fixo de cadastro dado o tamanho do município e a distância do Rio que atualmente em todo o estado é o único ponto de cadastro, tanto no Inca quanto no Hospital Pedro Ernesto. O ciclo de apresentações incluiu além do Fernando, depoimentos do Guilherme que é cidadão campista e já doou medula e o Vitor também campista e já enfrento uma leucemia, e recebeu a medula compatível através de um doador voluntário do RN o que trouxe grande apoio e credibilidade a campanha. Muitas pessoas que têm maior alcance nas redes sociais também compartilharam a campanha insistentemente, além da imprensa local, rádio, TV, blogs da internet, jornais também difundiram a mensagem a muitas pessoas, o que foi fundamental para que as pessoas começassem a conhecer a importância do cadastro e desta campanha.
Prefeitura responde
Procurada pelo blog, a prefeitura de Campos se posicionou sobre o assunto: “Familiares de pacientes portadores de leucemia e outras doenças hematológicas buscaram a secretaria de Saúde para realização da campanha para cadastramento de doadores de medula óssea, uma vez que a última campanha nesse sentido havia acontecido na cidade em 2008. Diante deste fato, o Hemocentro Regional de Campos fez uma solicitação ao Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) para realizar em Campos uma campanha.
 
No dia 12 de agosto deste ano aconteceu a primeira reunião para tratar do assunto. A convite do Hemocentro, participaram deste encontro representantes de entidades parceiras, do Laboratório da Uerj, representantes da sociedade civil, além de familiares de portadores de leucemia e de outras doenças hemotológicas.
 
O município, diante da realidade financeira atual, prestou apoio através de divulgação em canais de comunicação como o portal oficial e redes sociais. A Fundação Municipal de Esportes (FME) foi acionada para cessão de espaço no evento Federal Kids e a Guarda Civil Municipal (GCM) disponibiliza agentes para segurança no espaço do cadastro”.

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    Edmundo Siqueira

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