Uso de álcool por estudantes preocupa
24/09/2019 20:06 - Atualizado em 30/09/2019 14:04
Divulgação/Rakenny Braga/IFF
Considerada porta de entrada para o começo da dependência química, a bebida alcoólica tem tido espaço significativo na vida dos jovens de 12 a 17 anos, como apontou o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). E o álcool na vida dos estudantes tem sido presenciado pela equipe médica do campus Centro do Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos, que se mantém preocupada com a situação. Coordenadora do setor de Saúde e Qualidade de Vida do campus, a médica Gabriella Guedes afirmou que, mesmo sendo lícitos o consumo e a venda para maiores de 18 anos, a bebida é considerada uma droga, e o uso sistemático poderá levar ao desenvolvimento de uma cirrose hepática, pancreatite e até ao agravamento da diabetes.
— Nos ambientes escolares, geralmente é onde a gente encontra (a bebida alcoólica). Hoje a gente pode dizer que houve um aumento considerável, porque é onde a gente encontra a aglomeração desses adolescentes. Aqui no campus Centro, e conversando com médicos de outros campi, psicopedagogas de escolas municipais e estaduais, a gente encontra um aumento. Na pesquisa (da Fiocruz) apontou esse aumento. Existe a preocupação, sim. Esses alunos estão na fase do desenvolvimento, têm um prejuízo intelectual e cognitivo — alertou Gabriella.
Segundo a pesquisa da Fiocruz, que é o levantamento mais completo sobre o uso de drogas no Brasil divulgado em agosto, 7 milhões de indivíduos menores de 18 anos disseram ter consumido bebida alcoólica na vida. A idade mediana de início de consumo foi de 15,7 anos entre os homens e 17,1 anos entre as mulheres.
Gabriella Guedes ressaltou que, para diminuir o consumo de bebida alcoólica entre os adolescentes, é preciso que os pais, professores, inspetores escolares e até os amigos quem atentos e incentivem a não consumir. “A gente faz acompanhamento multidisciplinar com psicólogos quando somos procurados”, comentou.
A médica Heloiza Rangel disse que a bebida alcoólica é uma porta de entrada perigosa para outras drogas ilícitas, como a maconha e a cocaína, e que o uso precoce poderá levar à dependência química.
— Eu vejo que, na maioria das vezes, é uma forma de fuga deles (alunos) por estarem passando por algum drama familiar ou ausência da família. E aí eles tentam sufocar isso com o prazer da bebida. A gente encaminha para o psicólogo e, quando o aluno é menor, comunicamos aos pais. Já tivemos que remover um estudante para o hospital em coma alcoólico — contou.
Contramão — Alunos de 17 anos do curso técnico de eletrotécnica do campus relataram que é comum presenciarem estudantes da mesma faixa etária consumindo bebida alcoólica. “Sempre tem gente que ca bebendo e fumando, garotos da nossa idade. Isso não dá futuro. Eles deveriam se empenhar em ter uma carreira”, lamentou um. “Acho que quem já consumiu ca incentivando o amigo a beber também. Tive um amigo que se envolveu com bebida e piorou o desempenho nos estudos”, relatou outro, ambos com a identidade preservada.
O 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira foi coordenado pela Fiocruz e contou com parceria de várias outras instituições, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e a Universidade de Princeton, nos EUA. (A.N.)
Fonte: Instituto Federal Fluminense (IFF).

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