'O Baile' no Cineclube Goitacá
Matheus Berriel 24/09/2019 19:56 - Atualizado em 30/09/2019 14:03
Divulgação
Noite de estreia no Cineclube Goitacá. O radialista Marco Antônio Manhães Rodrigues fará nesta quarta-feira (25) sua primeira participação no grupo apresentando o filme “O Baile” (Le bal, 1983), dirigido pelo italiano Ettore Scola, com uma hora e 52 minutos de duração. A sessão está marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, situado à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro de Campos. Entrada gratuita.
Apresentador da primeira edição do “Folha no Ar” na rádio Folha FM 98,3, Marco Antônio foi convidado a exibir o longa-metragem no Cineclube pelo jornalista e cinéfilo Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação da Folha da Manhã. “Ele me convidou baseado em um comentário meu sobre o filme, que eu adoro. Não sou cinéfilo, nunca fui. Mas, talvez por gostar da estética e tal, tem alguns filmes que na vida me interessaram muito”, explicou Marco.
O primeiro contato do radialista com “O Baile”, várias vezes assistido desde então, se deu há cerca de 30 anos, vendo o trailer do filme em um festival de obras do cineasta britânico Alfred Hitchcock num cinema do Rio de Janeiro. Até então, Marco Antônio desconhecia o trabalho de Ettore Scola.
— Vi o trailer de “O Baile”, de um diretor italiano que eu nunca tinha ouvido falar, o Ettore Scola. E nunca me interessei por nenhuma coisa dele, por incrível que pareça. Me interessou esse filme porque ele é feito rigorosamente em cenário único. É daquele tipo de filme de baixo orçamento, cujos atores interpretam personagens diferentes através de uma época — comentou o apresentador da noite.
Outra característica que agrada Marco Antônio na obra é a falta de diálogo explícito, exigindo do público atenção nos detalhes.
— O filme não é bem mudo, mas ele não tem diálogo. A música e a história do salão de baile vão contando e sugerindo a quem assiste épocas diferentes. Você não tem certeza, mas vê que passa uma guerra; o antes e depois da guerra, as pessoas escondidas no salão do baile no período da tal guerra que a gente não sabe qual. É um refúgio. A gente imagina que seja a Segunda Guerra Mundial, mas pode ser a Primeira. E aqueles personagens vão, de uma certa forma, envelhecendo. O único personagem fixo é o cara do bar. É o mesmo ator interpretando o mesmo personagem o filme inteiro. Já os frequentadores do baile, os homens e as mulheres, não. Eles iam revezando, um interpretando alguém mais na frente, outro para trás. É um filme interessantíssimo, porque ele transmite uma série de lições subjetivas, meio escondidas, que você pode interpretar de uma forma ou de outra — pontuou.
Com tripla nacionalidade — francês, italiano e argelino —, “O Baile” representou a Argélia no Oscar de 1984, indicado na categoria de melhor filme estrangeiro. Acabou desbancado por “Fanny e Alexander” (1982), dirigido pelo sueco Ingmar Bergman. No Festival Internacional de Cinema de Berlim, Ettore Scola foi premiado com o Urso de Prata. Fazem parte do elenco os atores Étienne Guichard, Régis Bouquet, Francesco De Rosa, Arnault LeCarpentier, Liliane Delval, Martine Chauvin e Marc Berman.
Vivendo uma nova experiência no Cineclube Goitacá, Marco Antônio não espera tornar-se um cinéfilo aos 68 anos. Mas não esconde o interesse pelo debate ao final da sessão.
— O fato de você ouvir a opinião de uma pessoa completamente diferente, que viu o filme e entendeu coisas completamente diferentes de você... Não sei nem se entendi o filme de verdade, se eu consegui captar o que o Ettore Scola queria. E eu acho que tem que ser assim. Se todo mundo entender um filme igual, qual foi a grande vantagem do cineasta? Desqualifica o diretor, fica óbvio demais — enfatizou.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS