Filme de Sergio Leone evoca obra do cineasta John Ford
Celso Cordeiro Filho 12/04/2018 17:57 - Atualizado em 16/04/2018 17:06
Rodrigo Silveira
Logo no início da apresentação de “Era Uma Vez no Oeste” (1968), de Sergio Leone, nessa quarta-feira (11), no Cineclube Goitacá, o jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa destacou que já viu o filme dezenas de vezes e que, em cada uma delas, descobre novas referências. Lembrou também que para escrever o roteiro, Leone contou com a participação de Bernardo Bertolucci que, posteriormente, se tornaria um grande diretor. Sem falar, logicamente, na parceria com o maestro e compositor Ennio Morricone. Através da música, o filme se transforma numa ópera.
— O filme se mantém atual, porque vemos que hoje não se quer mais trocar ideias, mas sim destruir o outro. Vivemos momento de extremo radicalismo, onde pessoas não cultivam mais o embate de ideias, mas somente a derrota do outro. O filme tem muitas metáforas e a grande sacada é a crítica ao capitalismo através da construção de ferrovias que uniria os Estados Unidos do Atlântico ao Pacífico. Enfim, há também referências ao mestre do western, o cineasta John Ford — acrescentou.
Vale lembrar que Sergio Leone se preocupou a todo momento inserir uma coisa ou outra que remetesse aos mais conhecidos faroestes já feitos, como por exemplo o modo de filmar a ação de filmes como “Rastros de Ódio”, “Matar ou Morrer”, “No Tempo das Diligências” e “Os Brutos Também Amam”. Até mesmo filmar no Monument Valley, locação preferida onde John Ford filmara oito de seus filmes, Leone filmou. Seu perfeccionismo era tanto que até pegar um pouco da terra vermelha do local para ser usada nas cenas de estúdio, fazendo entrar poeira pelas janelas e portas dos locais, ele usou.
Após a exibição, Aluysio convocou a plateia para dar opinião. Entre outras abordagens, o professor e produtor cultural, Marcelo Samapaio, disse que “o som do filme tem força de texto e imagem”. Aluysio destacou ainda a interpretação de Henry Fonda, que faz um homem cruel. “Sua interpretação é excepcional. Acho que é o seu melhor trabalho no cinema”, completou.

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