E no ontem usei saia de seda rosa e rodada, que parecia lamber o chão com o movimento do andar, luvas de renda pérola cobrindo o cotovelo e dancei valsas no salão. Ainda acreditava na inocência do sentir e me deixei levar. Não percebi a capa negra que cobria alguns rostos.
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Deixe-me só porque preciso brigar com meus pensamentos. Necessito ordená-los de forma que parem de bagunçar com minha vida.
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Gosto de olhar para mim e enxergar por dentro. Sem a s carapaças que uso vez ou outra para me proteger.
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Sou melhor escrevendo. Falando posso me tornar um desastre.
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Vou sair agora. Não para a rua, mas para fora de mim. Os gritos que ressoam do meu corpo estão me deixando surda. Surda de ter paz.
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Tive medo de me perder enquanto escolhia caminhos dos quais nunca havia ouvido falar. Errei algumas vezes, mas em todas que acertei compensaram as que não.
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Porque ver através de outros olhos nos leva a descobrir uma nova forma de enxergar.
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Não faço outra coisa senão viver cada dia de todos os dias. Sem deixar nada passar. Porque é preciso. Porque eu preciso.
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Hoje quero me vestir de cores e sentir os pingos de chuva na pele.
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Porque menos que tudo é quase nada.
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E nem pense em me encontrar onde não quero que me ache. Estarei tão dentro de mim que me tornarei invisível.
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Às vezes balanço a cabeça de um lado para o outro para que os pensamentos possam ir embora. Funciona.
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Nossa lucidez pode ser a loucura perfeita.
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Não gosto quando o choro entope o nariz, incha a cara e desfaz a maquiagem interna transformando o sentimento em um enorme borrão escuro.
Candida Albernaz escreve contos desde 2005, e com a necessidade de publicá-los nasceu o blog "Em cada canto um conto". Em 2012, iniciou com as "Frases nem tão soltas", que possuem um conceito mais pessoal. "Percebo ser infinita enquanto me tornando uma, duas ou muitas me transformo em cada personagem criado. Escrever me liberta".
