Combate à violência política contra a mulher perto de ser pautado na Câmara
Está em tramitação na Câmara de Campos um projeto de lei, de autoria do vereador Marquinho Bacellar (União), que visa instituir uma campanha municipal de combate à violência política de gênero e raça contra a mulher. Há menos de um ano da próxima eleição, a Folha ouviu mulheres que atuam na política por direitos, de ex-candidatas a ocupantes de cargos públicos e ativistas, sobre os desafios impostos à participação feminina.
O projeto em tramitação no Legislativo está sendo analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, portanto, ainda não está disponível para consulta. Mas a iniciativa instiga o debate sobre os empecilhos à participação feminina na política e os caminhos possíveis para superá-los. A Lei das Eleições prevê que 30% das candidaturas proporcionais sejam de mulheres, mas existem propostas em discussão no Senado que visam criar uma reserva obrigatória de vagas nos poderes legislativos.
Para Josiane Morumbi (Podemos), ex-vereadora e subsecretária municipal de Políticas para Mulheres, para enfrentar a violência é necessário adotar medidas durante todo o ano e não apenas em períodos eleitorais.
"Como mecanismos de proteção a violência política de gênero e raça é necessário criar protocolos em instituições públicas e partidos para prevenir e punir assédio e violência política contra mulheres líderes. Incluir ouvidorias independentes, suporte jurídico e psicológico e responsabilizar partidos com sanções como suspensão de recursos. Garantir proteção física e fiscalização rigorosa para assegurar ambientes seguros e inclusivos", falou Josiane.
A jornalista e ex-candidata a vereadora, Cláudia Eleonora, enxerga com bons olhos a criação de uma campanha municipal de combate à violência política.
"A realidade de desigualdade de gênero nos ambientes de tomada de decisão é consequência direta de barreiras estruturais e culturais. Instituir uma campanha municipal é dar visibilidade a esse problema e afirmar que os setores da política também devem abrigar mulheres para a promoção de mais justiça social na cidade", disse Cláudia.
A ex-vereadora e professora Odisséia Carvalho (PT) acredita que são necessárias ações como o fortalecimento da rede de proteção às mulheres, dos mecanismos de denúncias e também no incentivo à participação na política institucional. Para ela, é preciso maior suporte do município aos órgãos de proteção, que devem ter equipes multidisciplinares, e canais mais ágeis e sigilosos denúncias de violência política em parceria com o Ministério Público e a Justiça Eleitoral.
"Não basta uma campanha pontual. É preciso desenvolver programas educativos contínuos, em escolas, espaços públicos e órgãos municipais, que desnaturalizem a violência política, esclareçam o que ela é (física, psicológica, virtual, institucional) e a importância da representatividade diversa", afirma Odisséia.
Juliana Tavares, professora e militante do Movimento Unificado de Mulheres (MUM), afirma que o caminho está na educação de crianças e adolescentes. Segundo ela, o movimento aguarda ansioso pelo texto do projeto de lei sobre o tema, embora os últimos movimentos do Legislativo e do Executivo não anunciem bons ventos.
Juliana Tavares, professora e militante do Movimento Unificado de Mulheres (MUM), afirma que o caminho está na educação de crianças e adolescentes. Segundo ela, o movimento aguarda ansioso pelo texto do projeto de lei sobre o tema, embora os últimos movimentos do Legislativo e do Executivo não anunciem bons ventos.
"Eu, como professora, aposto muito na educação, em especial das crianças e adolescentes, como ferramenta de enfrentar as violências de gênero e raça. Ultimamente, os nossos vereadores, em sua maioria homens, com o apoio do prefeito, têm caminhado na contramão do enfrentamento às violências de gênero e raça", disse Juliana.
A equipe de reportagem tentou contato com Marquinho Bacellar, autor do projeto de lei, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.