Em reunião realizada nessa quarta-feira (10), a diretoria do Sindipetro Norte Fluminense definiu os principais encaminhamentos para o seminário de greve que acontecerá na sexta-feira (12). As assembleias realizadas ao longo da quarta-feira em todas as bases e turnos seguem aprovando, de forma massiva, o indicativo de greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira (15). Até o momento, 96,05% dos votos confirmam a adesão à paralisação.
Segundo avaliação da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e de seus sindicatos, a contraproposta apresentada pela Petrobrás no dia 9 é considerada incompleta frente aos três eixos definidos pela categoria — fim dos PEDs, distribuição justa da riqueza gerada e a pauta pelo Brasil Soberano. Além disso, sindicalistas afirmam que o documento traz retrocessos e diversos problemas que precisam ser corrigidos. Para as entidades, somente uma greve forte e unificada em todo o Sistema Petrobrás poderá garantir avanços reais.
Nesta quarta-feira, participaram das assembleias trabalhadores de Cabiúnas, da sede de Macaé, da sede de Campos e de plataformas. Os encontros também estão elegendo os delegados e delegadas que vão compor o Seminário de Greve do dia 12, etapa considerada fundamental para qualificar e organizar a mobilização.
Durante assembleia realizada em Campos, o coordenador geral do Sindipetro NF, Sérgio Borges, destacou que a Petrobrás segue como a empresa mais lucrativa do Brasil, mas não valoriza os trabalhadores que sustentam esses resultados.
“Estamos vendo a economia crescer, a bolsa bater recordes, o desemprego e a inflação controlados. O país está em um ciclo de crescimento, sendo respeitado lá fora. Mas, dentro da Petrobrás, ainda há setores que reproduzem práticas neoliberais. A presidente Magda tem um posicionamento muito alinhado ao mercado. A empresa lucra, em média, R$ 30 bilhões por trimestre e, ainda assim, para os trabalhadores, propõe austeridade”, afirmou.
Apesar de reconhecerem alguns avanços decorrentes do processo de negociação do ACT, representantes do sindicato reforçam que a nova contraproposta ainda não contempla as principais reivindicações. A empresa não apresentou progressos relacionados aos três eixos aprovados pela categoria após a rejeição da primeira proposta. Além disso, mantém desimplantes forçados, demissões no E&P e não formalizou solução para os Planos de Equacionamento dos Déficits da Petros (PEDs).
A mobilização da categoria petroleira no Norte Fluminense ocorre desde 3 de dezembro, com a realização de assembleias nas bases. Para Borges, a desigualdade na distribuição da riqueza criada pelos trabalhadores segue no centro do conflito.
“A pergunta que fica é: por que a riqueza que a gente gera não se converte em benefícios, qualidade de vida e melhores condições de trabalho? Porque existe uma questão ideológica por trás. A alta administração mantém um foco direto no ataque aos trabalhadores offshore e não se dispõe a resolver nenhum dos nossos problemas centrais”, avaliou.