Após recusar resgate, tripulante se joga no mar e barco pesqueiro naufraga em SJB
Um barco pesqueiro, que transportava dois tripulantes, naufragou em São João da Barra após ficar à deriva desde o último domingo (5). Os tripulantes teriam ficado sem bateria e sem comunicação, além de terem recusado resgate de uma embarcação offshore no mesmo dia. Um deles se jogou no mar quando um novo resgate se aproximou e o outro foi resgatado. O homem que pulou na água foi visto na rodoviária de Farol de São Tomé, em Campos, seguindo por um rumo desconhecido até o momento. A Marinha do Brasil informou, através de nota, que será instaurado um inquérito para apurar a situação.
Segundo informações apuradas pela Folha da Manhã, às 19h20 do domingo, a Bram Offshore Transporte Marítimos viu uma embarcação pesqueira à deriva a aproximadamente 17 milhas a nordeste do Porto do Açu e se aproximou para oferecer resgate. O navio forneceu mantimentos, água e uma bateria para ser utilizada na bomba de esgoto do barco. Em seguida eles passaram um cabo para o barco e iniciaram o reboque para o Porto do Açu. Ao se aproximarem do Porto, um dos tripulantes do barco pesqueiro soltou o cabo de reboque e disse que não ia para o Porto.
O comandante do navio então alertou que ele estaria cometendo crime caso continuasse expondo a tripulação e a embarcação à risco. Após confirmar que não queria o reboque até o Porto, a embarcação se afastou do navio da Bram e o contato radar e visual do navio foi perdido.
No entanto, o navio foi orientado a permanecer na localização e promover qualquer auxílio imediato. O navio permaneceu até o momento em que foi dispensado pelo Avaliador Naval de Área.
Na tarde dessa segunda-feira (6), a Marinha foi acionada por um dos tripulantes para realizar o reboque da embarcação que estava a 17 milhas ao sul do Porto. Uma equipe foi até o local para rebocar a embarcação inicialmente para Atafona, em SJB. Mas, ao chegar na localização, não encontrou o barco e retornou ao Porto em busca de abrigo em função das condições do mar.
Já na terça-feira (7), a equipe de Busca e Salvamento (SAR) da Força Aérea Brasileira (FAB) foi até a praia do Açu para iniciar as buscas por via terrestre entre as praias do Açu e Barra do Furado, divisa entre os municípios de Campos e Quissamã. Por volta das 8h, a equipe recebeu a informação de que o barco havia sido localizado pela aeronave da Força Aérea.
Ao serem abordados pela equipe marítima, em ação conjunta com apoio do Corpo de Bombeiros, houve resistência por parte de um dos tripulantes, o mesmo que tinha recusado resgate e retirado o cabo do reboque anteriormente. Ele não obedeceu a orientação dada pela equipe e recusou o auxílio. Em seguida, se jogou no mar e começou a nadar em direção à praia.
Já o outro tripulante atendeu prontamente a orientação e passou para a embarcação que auxiliava no resgate. Ele foi medicado e se encontra em bom estado de saúde, porém o barco pesqueiro não resistiu ao embarque de grande volume de água e naufragou parcialmente, sendo rebocado para a localidade de Gargaú, em São Francisco do Itabapoana (SFI). A Marinha informou que, durante o naufrágio, não foram observados indícios de poluição hídrica.
Ainda segundo apuração da Folha, o outro homem saiu do mar na localidade do Xexé, em Farol de São Tomé, e estaria em uma padaria localizada na região. A equipe terrestre, acompanhada da Polícia Militar, foi até o local para checar a informação. Após contato com o proprietário do estabelecimento, ele informou que um homem passou por lá abalado e contando que havia saído há 20 minutos da padaria com destino à rodoviária da praia. As equipes foram até o local e não o encontraram.
As informações apuradas apontam que os tripulantes são de Piúma no Espírito Santo (ES), enquanto o barco teria sido construído em Guaxindiba, em SFI.
A equipe marítima retornou ao Porto do Açu e encaminhou o tripulante que aceitou resgate para a 145ª Delegacia de Polícia de SJB para realizar o registro da ocorrência. De acordo com informações, ele prestou depoimento e foi liberado em seguida. A Folha entrou em contato com o delegado titular da 145ª DP para saber mais informações sobre o caso, mas até o momento não obteve retorno.
A Marinha informou, através de nota, que será instaurado um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas, circunstâncias e possíveis responsabilidades relacionadas à ocorrência.
O Porto do Açu também foi procurado com pedido de informações sobre o caso. Em nota, a assessoria de imprensa do complexo portuário informou que a embarcação em questão estava fora da área de monitoramento do Porto do Açu e este caso está sendo gerido pela Marinha do Brasil, que não enviou respostas.