Com 4,60 metros, nível do rio Paraíba do Sul preocupa em Campos
Com 4,60 metros, apenas 10 centímetros a mais que o mesmo período do ano passado, o baixo nível do rio Paraíba do Sul, em Campos, é motivo de preocupação. Especialistas apontaram diferentes situações que prejudicam o meio ambiente e que contribuem para a diminuição da vazão.
Diretor do Comitê Hidrográfico do Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana, João Gomes Siqueira comentou sobre os desafios do período de estiagem. “Nessa época do ano, desde 2015, quando foi feita a resolução 1382, foi diminuída a vazão aqui para o Baixo Paraíba Sul para 72 metros por segundo. Isso na época de chuva não causa problema, mas na época de estiagem causa problema, como, por exemplo, a intrusão salina de 8 quilômetros da foz. O mar, quando aumenta a maré, avança muito a água salgada para a captação de São João da Barra”, enfatizou.
O ambientalista Ricardo Terra, professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), destacou os efeitos nocivos gerados pela degradação do meio ambiente. “O que acontece ao longo dos anos é que a gente vem desmatando e a quantidade de água que fica retida no solo, nos lençóis, e consequentemente reabastece o rio, ela vem diminuindo. Então, sempre que a gente tem um período de estiagem, como a gente não tem água guardada nos lençóis, porque tudo foi desmatado, o volume do rio tende a baixar significativamente nesse período. Nesse período de inverno, a concentração de esgoto aumenta e gera um fenômeno chamado de eutrofização, que é o enriquecimento por nutrientes dessa água, gerando o desenvolvimento de algas”, comentou.
Já o especialista em Recursos Hídricos Ednaldo Oliveira enfatizou que a vazão diminuiu nos últimos anos.
“A vazão, hoje, está em 202 m3/s. O normal dos últimos 30 anos é uma vazão de 310 m3/s (32% abaixo do mínimo que deveria estar). Essa vazão atual é crítica e só não é pior porque a temperatura reduziu bastante. Se não fosse essa conjectura, o Paraíba estaria com um quadro crítico parecido com o do ano passado, da geosmina. O que mais afeta a população é a questão do abastecimento que é impactado. Porém, em relação à qualidade da água, não tivemos problemas neste ano”, explicou.
Em nota, o Inea informou que a a região do Baixo Paraíba do Sul é especialmente afetada por estiagens e que seguirá acompanhando a segurança hídrica no estado, visando melhorar o alerta precoce e a previsão de estiagem, subsidiando a tomada de decisões e a adoção de medidas para minimizar os impactos da seca nos municípios fluminenses.
Já a empresa Águas do Paraíba informou que, apesar do baixo nível, não há risco de desabastecimento de água em Campos.
A Cedae, responsável pela distribuição de água em São João da Barra, informou que desde junho o abastecimento no município apresenta instabilidade devido à intrusão salina: “A Cedae monitora continuamente as condições do manancial e, quando necessário, reforça o atendimento com caminhões pipa”. (R.K.)