A entrega das Estações de Integração dos transportes públicos em Campos, que estava prevista para este mês de setembro, segue sem definição. Somente neste ano, houve adiamento na entrega duas vezes. De acordo com o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT), o atraso acontece após a mudança de local da estação de Ururaí, da praça para a Estrada do Araçá, além do atraso na ligação elétrica por parte da concessionária de energia.

As três estações integradas no município estão localizadas em Donana, na Baixada Campista; no Parque Nova Canaã, na estação Norte e em Ururaí, na estação Sul. A última resposta do IMTT em maio deste ano dizia que 85% das obras estavam concluídas e que faltava somente a finalização das obras de acesso. Agora a entrega segue sem uma data.

Ainda segundo o IMTT, o contrato de execução das obras está vigente e segue o cronograma aprovado após esses imprevistos.

“Houve atraso documentado na ligação elétrica por parte da concessionária, que só foi efetivado na última semana de julho, exatamente um mês após a audiência pública sobre o transporte realizada na Câmara de Vereadores. Nessa última audiência foi explicado a população e aos vereadores presentes que o atraso impactaria diretamente no prazo de conclusão da obra”, disse o órgão em nota.

A implantação dos novos terminais tem gerado dúvidas e preocupações entre as moradoras e usuárias do transporte público. Elas questionam como a integração vai funcionar na prática e se, de fato, trará benefícios como economia de tempo, praticidade, conforto e segurança, ou se pode acabar resultando em mais demora e dificuldades no dia a dia. A Kíssila Ramos é moradora de Mutuca, localidade que será atendida pela estação no Parque Canaã. Ela reforça a preocupação e relata a experiência negativa que teve com outra implementação de terminais do município há pouco tempo.

“Acredito que o meu receio seja também o de muitos usuários do transporte público de Campos, tivemos em um passado não muito distante uma experiência negativa com os terminais, eram lugares com péssimas condições, pouca segurança e sem nenhum conforto. Não tínhamos assentos nos terminais, banheiros e nem mesmo uma cobertura que nos abrigasse da chuva e do sol. Acredito que o que todos esperam é um lugar digno e seguro para se locomover. Esperamos também melhoria no transporte, um pouco mais de atenção dos responsáveis para com a população que sofre todos os dias para ir e voltar do trabalho. Queremos nada além de exercer nosso direito de ir e vir dignamente e com segurança”, relata.

Já Maria Eduarda Chaves é moradora de Donana e trabalha em Goitacazes na Baixada Campista. Ela destaca outras questões, entre elas, a fiscalização para garantia de mais segurança no trânsito devido a comportamentos irregulares de motoristas.

“Eu não sei como vai funcionar, mas se for igual a última vez, eu acho que não vai ficar tão confortável. Se pensar na questão de van lotada, pode ficar mais confortável por conseguir um lugar sentado. Mas na questão de economia de tempo, eu creio que não vai ser tanto. Eles têm que melhorar a questão do conforto dos passageiros, das vans lotadas que os motoristas colocam gente até não poder mais. A falta de educação dos motoristas e a responsabilidade com a segurança dos passageiros. A estrutura dos veículos tem que melhorar e fiscalizar esses rachas que os motoristas fazem para ver quem pega mais passageiro. Eu já demorei uma hora da baixada até o centro, porque o motorista estava à 15 km, sendo que poderia fazer o trajeto em 20 minutos. Além disso, outros que ficam com a cara no telefone o tempo todo, a gente pede a chave PIX ou pede para descer e eles não escutam. Tem que melhorar muitas coisas”, contou.

O IMTT informou que as obras das estações de Donana e do Parque Canaã estão em estágio avançado, passando por revisão de acessos e estruturas internas como salas, sanitários e piso tátil. Já a estação Ururaí, está com as obras em andamento para conclusão dos edifícios, plataforma de embarque e acesso de veículos.

O órgão comentou que mesmo com a necessidade de dilação dos prazos de conclusão, isso não causará custos contratuais para a prefeitura.

De acordo com a prefeitura, a instalação das estações de integração tem como objetivo facilitar o trânsito e o deslocamento de ônibus e vans. Outro objetivo seria beneficiar a população que está aguardando pela implementação desse novo sistema de transporte público desde 2022. Foi informado que as obras seriam entregues no início de 2024, depois no primeiro semestre de 2025 e em maio deste ano, foi anunciado que aconteceria em setembro, mas não acontecerá, segundo resposta do IMTT. A Folha questionou a prefeitura e o IMTT novamente sobre o prazo definido, mas não obteve retorno.