Insegurança na área central de Campos segue preocupando população e comerciantes
Júlia Alves - Atualizado em 23/08/2025 10:17
Júlia Alves
A sensação de insegurança no centro de Campos é um problema antigo que segue afetando tanto a população quanto os comerciantes. Relatos de assaltos e tentativas são frequentes e essa situação tem provocado distanciamento das pessoas à região central, que evitam circular no local com receio de serem alvo da criminalidade. A Folha da Manhã, inclusive, já foi alvo de criminosos mais de uma vez, a mais recente aconteceu nesta semana, quando houve registro de roubo entre a terça-feira (19) e quarta-feira (20).
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campos (Acic), Maurício Cabral, enxerga o cenário atual com preocupação e avaliou os impactos. “O centro da cidade, historicamente vibrante e movimentado, tem sofrido com o esvaziamento noturno, o que intensifica a sensação de insegurança, especialmente após às 19h. Muitos lojistas reduziram seus horários de funcionamento e passaram a contratar segurança privada, um impacto direto na economia e na atratividade da região”, relatou.
Maurício revelou ainda que houve aumento significativo de assaltos e furtos a estabelecimentos comerciais, com variação de +140% em roubos a lojas. “Casos também foram notificados na rodoviária. Os furtos de bicicletas cresceram quase 80%, chegando a aproximadamente um caso por dia. Houve até roubo com criminoso disfarçado de gari. Além de moradores de rua que ocupam espaços públicos e prédios, causando preocupação entre trabalhadores e frequentadores do centro”, esclareceu.
A questão de contratar segurança privada é uma prática adotada pelos empresários da região na tentativa de promover o aumento de proteção no local. É o que conta o empresário Eduardo Jamil.
“Eu estou insatisfeito com o centro, porque está com muito assalto. É uma coisa horrível. A loja tem 85 anos, eu passei a atuar nela há pouco tempo e vi que cresceu muito a questão de assalto. O nosso centro está meio abandonado e estão querendo revitalizar, mas tem que ser aos poucos. Nós colocamos um segurança particular para vigiar aqui dia e noite”, comentou.
A empresária Silvana Naked pediu por providências para que a segurança no centro da cidade seja reforçada. “Infelizmente, o nosso centro está à mercê de bandidos. A cada dia que passa é mais um assalto, latrocínio, acontece tudo nesse centro. O nosso comércio está à deriva por causa disso. Os nossos imóveis estão cada dia em pior situação, pois roubam fios e aparelhos de ar-condicionado. Em época de feriado é pior e precisamos pagar segurança para termos nosso imóvel mais seguro. O centro está pedindo socorro”, relatou Silvana.
Localizada na Rua Carlos de Lacerda, o estacionamento da Folha foi o alvo da vez. A ação criminosa registrada entre essa terça e quarta foi realizada após a fechadura do portão ser quebrada e uma cerca de concertina ser danificada. Um compressor de ar-condicionado foi levado. Funcionárias do jornal explicaram ainda que ficaram prejuízos como outro compressor danificado, que os criminosos tentaram levar, um medidor de energia quebrado e fios danificados.
Portão da Folha que foi arrombado
Portão da Folha que foi arrombado / Folha da Manhã
O diretor financeiro do Grupo Folha, Christiano Abreu Barbosa comentou sobre os furtos de compressores de ar condicionado que têm acontecido na região independente do horário. “Há uma onda de furtos de compressores de ar condicionado, que não podem ficar expostos porque são roubados, seja na madrugada ou até à luz do dia. No nosso caso, eles não estavam expostos, estavam dentro de nossas instalações. Nosso estacionamento foi violado, mesmo contando com sistemas de segurança”, relatou Christiano. Ele ainda ressaltou que será necessário investir para que a segurança do local seja ainda mais reforçada.
Há dois meses, um funcionário da Folha foi assaltado em frente a empresa, por volta de 12h, quando foi abordado por um grupo de três rapazes. Um deles avançou e pegou o celular dele, que depois de rápida ação da Operação Segurança Presente foi recuperado.
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Pâmela Ferreira trabalha em um restaurante na área central e falou sobre a falta de segurança. Ela ainda compartilhou relato de uma situação que presenciou. “Eu não me sinto segura, porque é uma rua deserta e perigosa. Trabalho aqui aos sábados também até 2h20 e depois que a gente sai não tem mais ninguém na rua. Há pouco policiamento aqui. Teve um tempinho que uma moça foi assaltada aqui na esquina da rua João Pessoa. O rapaz passou correndo, pegou a bolsa dela e saiu. Tem um morador que mora aqui na frente do restaurante e compra comida aqui, ele mesmo falou que não gosta de sair porque a rua é perigosa”, contou.

Já a Gabriela Maciel é moradora do centro e revelou que não se sente segura na área. “Esses dias roubaram a bicicleta do meu irmão dentro do apartamento, deixaram a porta da entrada aberta, eles entraram e roubaram. Eu moro sozinha e fico mais medo. Quase não vejo policiamento aqui, ainda mais na parte da noite, que é muito deserto. Eu vou à igreja de manhã porque a noite não dá para ir, só se eu for de Uber, porque eu fico com medo”, comentou.
O empresário de uma loja de roupas localizada na rua João Pessoa, Guto Barreto, pede por mais segurança na área. “Precisamos de mais segurança em nossos estabelecimentos e ruas do Centro. É necessário que as autoridades tomem medidas urgentes e eficazes para garantir a segurança pública e proteger os negócios e a vida dos cidadãos”, disse.
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A Acic informou que reforça pedidos por ampliação do patrulhamento noturno, especialmente após o término da Operação “Segurança Presente”, que atua até cerca de 22h. “A entidade também apoia a ampliação dos horários de atuação e cobertura dessa operação”, disse em nota.
Além da ampliação do policiamento noturno, com presença da Polícia Militar e Guarda Municipal para coibir delitos após as 22h, a Acic também defende o fortalecimento da “Muralha Eletrônica”, com instalação de câmeras integradas ao Centro Integrado de Monitoramento (CISP/CCO), para dissuadir a criminalidade e permitir respostas rápidas.
A Folha entrou em contato com a Polícia Militar para saber quanto ao número de policiais que atuam no patrulhamento na área central da cidade atualmente, sobre ações ou planos definidos para reforçar a segurança com a previsão de reduzir a criminalidade e questionamos quanto à prazos, além de perguntar o que a população em geral e os comerciantes podem esperar de ações práticas da PM já nas próximas semanas para que haja mais segurança na área central.
No entanto, em nota, a Polícia Militar repassou as informações a seguir. “A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, de acordo com o comando do 8º BPM, o policiamento na área central da cidade conta com reforço por meio de realizações de operações estratégicas, além do patrulhamento por radiopatrulhas, motopatrulhas e pelo programa Segurança Presente. O objetivo é garantir o bem-estar da população e ampliar a sensação de segurança, especialmente para comerciantes e frequentadores da região”, disse.
Ainda em nota, o comando do 8º BPM reafirmou o compromisso com a segurança em toda a área de atuação do batalhão, informando que atende às demandas tanto de forma preventiva quanto repressiva, de acordo com a necessidade de cada situação.

A polícia reforça para a importância de acionar as equipes em situações de flagrante, através do aplicativo 190 RJ ou do telefone 190 da Central, para que consigam orientar o planejamento operacional do Batalhão, e assim, permitir as ações preventivas nas áreas com maior incidência de crimes.

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