Polícia Civil realiza operação contra suposto esquema de lavagem de dinheiro em Campos
13/05/2025 08:10 - Atualizado em 13/05/2025 19:02
  • Operação Caballus

    Operação Caballus

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    Operação Caballus

Policiais civis do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGCOR-LD) deflagraram a Operação “Caballus”, na manhã desta terça-feira (13), contra um suposto esquema de lavagem de dinheiro em Campos. De acordo com as investigações, cerca de R$ 200 milhões foram movimentados no esquema. Foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão contra seis alvos.

Até o momento, ninguém foi preso, mas a Delegacia de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (DCC-LD), responsável pelo caso, informou que essa é a primeira etapa da investigação. E que seguirá em apuração depois da análise das apreensões realizadas para que seja possível identificar todos os suspeitos de integrar do suposto esquema.

Segundo a delegada responsável pela operação, Ana Carolina Medeiros, um dos principais alvos da investigação é o empresário e proprietário do Rancho Gabriela, Wagner Crespo. A equipe da DCC-LD apurou que o grupo formado pelos investigados operaria por intermédio de, ao menos, três pessoas jurídicas, aparentemente de fachada.

Esse grupo venceria licitações em diversos municípios do estado do Rio, mas especialmente em Campos. Os contratos teriam a finalidade de fornecer medicamentos e materiais hospitalares, com suspeita de desvio dos recursos públicos, em tese, arrecadados ilicitamente.

Também teriam sido identificadas transações suspeitas de lavagem, inclusive com destinação de parte dos valores arrecadados pelas empresas contratadas pelos entes públicos, para pagamento de impostos pertencentes a um haras de propriedade de Wagner.

— A organização ali é como um beneficiário, todos tinham pessoas ligadas a ele, que é o Wagner Crespo, que é o líder dessa organização, que é o proprietário do rancho Gabriela e também foi alvo de busca e apreensão. O Rancho Gabriela também foi alvo de busca e apreensão. A gente fez a apreensão de cavalos, de veículos, que somam milhões de reais. E todas essas empresas que tinham pessoas vinculadas a ele ali por trás. Mas o responsável e beneficiário das contratações e do dinheiro dos entes públicos era, na verdade, o Wagner — disse a delegada Ana Carolina Medeiros.
Delegada Ana Carolina Medeiros
Delegada Ana Carolina Medeiros / Rafael Khenaifes


No curso da apuração, foram constatadas transações suspeitas realizadas por investigados e pessoas jurídicas interpostas, entre os anos de 2018 e 2023. Nesse período, teria havido movimentação de pelo menos R$ 220 milhões.

— As investigações apontaram para um esquema criminoso no qual eram utilizadas pessoas jurídicas de fachada, empresas de fachada, pessoas interpostas, para simular uma concorrência entre as empresas para vencer licitações e celebrar contratos de fornecimento de medicamentos e material hospitalar, com os entes públicos, principalmente aqui de Campos. Mas de outros municípios também — afirmou a delegada Ana Carolina. Ela ressaltou ainda que é necessário apurar ainda o envolvimento ou não das prefeituras na situação.

— Foram 10 endereços e com 10 mandados de busca e apreensão. O que restou apurado nas investigações é que esses investigados movimentaram, entre os anos de 2018 e 2023, mais de 220 milhões de reais. Muitas são empresas fantasma, não existem. É um endereço que não bate, não tem nada, realmente não funciona, não tem funcionário, não tem equipamento, não tem nenhuma capacidade operacional de fornecer — disse a delegada.
A Prefeitura de Campos se pronunciou, através de nota, falando sobre o caso e que as investigações tiveram início no governo anterior.
“Conforme noticiado, as investigações tiveram início em 2018, durante o governo anterior. Na atual gestão, há um rigoroso controle sobre suas aquisições, tendo, inclusive, uma empresa de logística específica para a área da Saúde, cujos serviços incluem recebimento, conferência e distribuição. A Prefeitura está à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos, inclusive, franqueia a visita ao seu centro operacional de distribuição”, diz a nota.

A operação representa a conclusão da primeira fase da investigação. O trabalho continua em busca de outros envolvidos e demais elementos informativos, para calcular o prejuízo que teria sido causado ao erário, e recuperação dos ativos desviados ilicitamente dos cofres públicos. Procurada pela Folha, a delegada titular da 134ª Delegacia de Polícia, Carla Tavares, informou que a delegacia está sendo base de apoio para a operação, mas apenas cedendo as instalações da sede para formalizar as apreensões e ouvir os conduzidos.
A equipe de reportagem da Folha segue tentando contato com a defesa do empresário. 
Com informações da Polícia Civil

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