Diante da tragédia, quando um fio de alta tensão matou dois homens eletrocutados em Campos, no último dia 7, o deputado estadual Flavio Serafini (PSOL-RJ) entrou com uma representação no Ministério Público do Rio de Janeiro para apurar a responsabilidade da concessionária Enel. O parlamentar também iniciou a campanha "Fora Enel" na cidade, neste sábado (10), com recolhimento de assinaturas.

Rodrigo da Silva Rodrigues, de 25 anos, e Carlos Eduardo Muniz Ribeiro, de 36 anos, morreram no local, próximo a uma creche do município, no Parque Boa Vista, em Guarus.

“Em primeiro lugar, quero expressar toda minha solidariedade às famílias das vítimas dessa tragédia absurda e revoltante. Fiquei profundamente indignado ao saber que moradores da região já haviam alertado sobre o risco do cabo de alta tensão no chão e, mesmo assim, a Enel não tomou providência. Esse é mais um capítulo da longa história de negligência da concessionária com a população fluminense", diz o deputado.

Segundo ele, na sexta-feira (9), acionou o Ministério Público para que investigue as responsabilidades e puna os responsáveis. "Não é aceitável que vidas sigam sendo perdidas por falta de manutenção e resposta rápida da empresa. Por isso, lançamos a campanha Fora Enel: para impedir a renovação da concessão e pôr fim a um serviço que tem falhado de norte a sul do estado. Energia elétrica é um direito, e o povo do Rio de Janeiro merece respeito”, acrescenta.

O parlamentar ainda no âmbito da representação também pede providências à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ele reforça na movimentação que o contrato da concessionária termina no final de 2026. Porém, informa que a Aneel tem que responder agora em maio sobre o pedido da Enel para a renovação da concessão.

"O Ministério de Minas e Energia terá 30 dias para concordar ou não com a recomendação da ANEEL sobre a Enel", explica. "Organizei uma planilha com dados obtidos no site da ANEEL que demonstra que, em média, a Enel extrapolou os limites impostos pela Aneel em 50% dos seus conjuntos elétricos", ainda salienta o parlamentar.

 

Após o sepultamento da última vítima, Carlos Eduardo, na sexta-feira (9), no cemitério de Travessão, em que no dia anterior havia acontecido a despedida de Rodrigo, familiares e amigos dos dois fecharam a BR 101, em protesto, para cobrar por justiça.

No mesmo dia, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho usou suas redes sociais para lamentar as mortes. Ele disse que a prefeitura estará de portas abertas para atender os familiares da vítima. Wladimir ainda afirmou que acionou a Câmara de Vereadores para convocar as famílias para serem ouvidas na CPI da Enel que está em andamento na Casa, além de ter ligado para o presidente da Enel.

No Legislativo, segundo o presidente da CPI, vereador Nildo Cardoso (PL), a comissão está colhendo informações para produzir um relatório e pretende ouvir a Polícia Militar, o perito da Polícia Civil e o vigia da creche próxima ao local da tragédia.

Os integrantes da CPI vão se reunir na próxima segunda-feira (12), para juntar os materiais, entre fotos e vídeos. Primeiro serão ouvidas pessoas que estiveram no local e autoridades. Depois, as famílias das vítimas.

Em notas, a Enel informou que ofereceu assistência às famílias das duas vítimas do acidente, incluindo o auxílio funeral. Questionada sobre a má conservação dos fios, a distribuidora ressaltou que realiza manutenção periódica em sua rede e que segue apurando as circunstâncias do acidente.