Representantes da Prefeitura de Campos e do Sindicato dos Médicos discutiram, em reunião realizada nesta quinta-feira (24), alternativas legais para garantir que os pagamentos aos profissionais de saúde sejam feitos diretamente, sem passar pelas administrações hospitalares. A medida busca evitar a retenção de valores destinados aos médicos, uma vez que, segundo o sindicato, os hospitais não estariam repassando corretamente os recursos recebidos do município.
A situação da falta de pagamento dos profissionais médicos foi noticiada pelo Blog Ponto de Vista, de Christiano Barbosa (aqui). De acordo com a denúncia, médicos plantonistas estariam com até 8 meses de salário atrasado e, em casos mais extremos, médicos que trabalham por produção não recebem há 15 meses. Além da Santa Casa, a situação também afeta outras unidades como o Hospital Plantadores de Cana, a Beneficência Portuguesa e o Hospital Escola Álvaro Alvim.
Durante a reunião entre a prefeitura e o sindicato, uma das principais propostas debatidas foi a possibilidade de realizar os repasses diretamente aos médicos, sem a intermediação dos hospitais. Em entrevista, a presidente do Sindicato dos Médicos, Dra. Juliana Viana, destacou que: "o que resolvemos foi ver uma maneira legal de tentar fazer os repasses direto para o médico, para que não ocorra a retenção do pagamento médico pelo hospital”. Ela reforçou que a Prefeitura de Campos está em dia com os repasses aos hospitais, mas que o problema está na gestão desses valores por parte das instituições de todos os hospitais mencionados.
Segundo a sindicalista, o setor jurídico da entidade está estudando a viabilidade do modelo de repasse direto e a medida, se for implementada, deve contemplar todos os hospitais envolvidos.
O Ministério Público Federal (MPF) confirmou nesta quinta (24) que está apurando denúncias de atrasos salariais na Santa Casa de Misericórdia de Campos. A investigação foi motivada por uma representação sobre a crise financeira enfrentada pela instituição.
Em nota enviada à imprensa na semana passada, o provedor da Santa Casa, Carlos Machado, reconheceu a dívida com os médicos e justificou os atrasos pela necessidade de uma “profunda reestruturação administrativa e financeira”. Entre as ações mencionadas estão negociações com a Receita Federal, recuperação do certificado filantrópico (CEBAS) e tentativas de regularização junto ao FGTS. “Estamos enfrentando desafios acumulados ao longo de anos e empenhados para revertermos o atual quadro”, afirmou Machado.