Caso Letycia: dois anos do crime e família em busca de justiça
Ingrid Silva 02/03/2025 11:50 - Atualizado em 02/03/2025 11:51
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
Diogo mantinha relacionamento com Letycia desde 2015
“Não existe conforto pra uma mãe que sepulta uma filha pois sempre existirá um vazio que jamais será preenchido”, diz Cinthia Fonseca, mãe de Letycia. Neste domingo de Carnaval (2), por mais festivo que seja para alguns, para outros é apenas mais um dia triste e, também, de revolta, como é o caso da família de Letycia Peixoto Fonseca e Hugo. Com dois anos do crime ocorrido em Campos que repercutiu nacionalmente, atualizações foram feitas para que seja possível a justiça pedida pelos familiares desde o dia 2 de março de 2023. Três dos envolvidos no caso Letycia, gestante que foi assassinada a tiros, vão a júri popular no dia 21 de maio deste ano. Já para o acusado de ser o mandante do crime, companheiro de Letycia na época, ainda não há data de julgamento. Diogo Viola de Nadai está em mais uma tentativa de recorrer ao recurso de defesa, já negado uma outra vez no ano passado. A sessão virtual já aconteceu, mas ainda não há uma resposta sobre decisão.

As informações foram confirmadas na tarde do dia 21 de fevereiro depois da prisão do intermediário do crime, que estava cumprindo pena em domicílio e violou a detenção. No ano passado, familiares e amigos de Letycia realizaram um ato no Centro de Campos pedindo por justiça, e também como uma forma de ajudar outras mulheres e famílias vítimas de violência, lembrando de um ano do crime. Com cartazes, bolas brancas e distribuindo panfletos, a família pediu pela condenação dos acusados. Neste ano, por ser período de Carnaval, não haverá ato, apenas a ida ao cemitério, como lembrado pela mãe de Letycia, Cinthia Peixoto. Ela falou sobre a tristeza e sofrimento após a perda da filha e do neto, além de ressaltar que o dia não sairá de sua cabeça.

“São dois anos de eternas saudades, dor e sofrimento ainda, pois como eu sempre falo o dia 2 de março de 2023 nunca mais vai sair da minha cabeça, ver minha filha grávida de 8 meses ser brutalmente EXECUTADA com 5 ou 6 tiros, não tem como tirar este dia da minha vida. Não ter minha filha Letycia e meu neto Hugo aqui hoje junto à nossa família é revoltante por demais, fico sempre me perguntando como ela estaria feliz junto ao seu filho Hugo e todos nós, meu coração foi quebrado ao meio. Vivo aqui ainda em busca de justiça por Letycia e Hugo porque não é fácil ter uma filha e um neto arrancados sem nenhuma compaixão ou direito de defesa como foi o caso da violência contra eles”, disse Cinthia, ressaltando ainda que não existe conforto para uma mãe que sepulta uma filha.

“Não existe conforto pra uma mãe que sepulta uma filha pois sempre existirá um vazio que jamais será preenchido. No meu caso tive que sepultar meu neto também, um anjo que nem teve tempo de viver juntos a todos nós e sua mãe Letycia. Além disso fica a angústia, sobretudo, que temos que aguardar tantos recursos que a Justiça concede ao mandante desse crime brutal e cruel”, relembrou.

O crime - No dia, Letycia estava no carro da empresa em que trabalhava conversando com sua mãe, que estava do lado de fora do veículo, na rua Simeão Scheremeth, próximo à Arthur Bernardes, quando, por volta das 21h, as duas foram surpreendidas por dois homens em uma moto.
O carona disparou diversos tiros na direção da gestante, que foi atingida na face, no ombro, na mão esquerda e no tórax. A mãe de Letycia, por instinto, chegou a correr em direção aos criminosos, momento em que foi atingida na perna esquerda. Câmeras de segurança flagraram o momento do assassinato.
Também no momento do crime, Letycia deixava a tia-avó Simone Peixoto, de 50 anos, em casa, após um passeio de carro que fazia sempre com ela para acalmá-la. No banco do carona, Simone, que tem Síndrome de Down, ficou coberta de sangue e a família diz que ela chora o tempo inteiro. Segundo o tio de Letycia, eles chegaram a pensar que a Simone havia sido baleada, mas se tratava de grande quantidade de sangue de Letycia após ser atingida.
As duas foram socorridas pelo tio da gestante e levadas para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde Letycia morreu logo após dar entrada. Uma cesariana de emergência foi realizada e o bebê transferido para a UTI neonatal da Beneficência Portuguesa, mas ele não resistiu e morreu horas depois. Já a mãe da gestante foi atendida, fez exames e recebeu alta.

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