Moradores de Ururaí fazem manifestação contra corte de aluguel social em Campos
12/02/2025 18:30 - Atualizado em 13/02/2025 15:22
Manifestação de moradores de Ururaí
Manifestação de moradores de Ururaí / Foto: Divulgação
Moradores de Ururaí realizaram uma manifestação pacífica na manhã desta quarta-feira (12), em Campos, para reivindicar sobre o aluguel social que teria sido retirado pela Prefeitura de Campos. O benefício faz parte de um programa da prefeitura para moradores em vulnerabilidade social. As famílias estão sendo chamadas até os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e informadas sobre o corte do benefício, algumas sem um prazo maior para se organizarem. Elas aguardam, desde 2012, a entrega das casas populares de Ururaí.

De acordo com o morador de Ururaí e um dos beneficiários do programa social, Jorge Carvalho Marques, com o corte do aluguel social as famílias estão perdendo as moradias por não terem condições de manter. Mães com filhos especiais e filhos com mães acamadas estão entre as famílias afetadas.

“Houve uma manifestação hoje por conta de uma represália que a prefeitura está fazendo, desligando as pessoas que estão no aluguel social. São mãe com filhos especiais, mãe com filho com síndrome de down, filhos que cuidam de mãe acamada. O Cras está chamando família por família para orientar e dizer que alguns têm três meses para se organizar, outros nem isso tem. Hoje, foi um grito de desespero e socorro. Não estavam todas as famílias, estava alguns que já estão sendo ameaçado pelo Cras e com seu aluguel cortado. É uma situação triste ver uma mãe com um filho especial em casa e não tem como pagar um aluguel. E as pessoas tinham casa, todos nós tínhamos, a prefeitura demoliu as nossas casas e falou que ia colocar em local seguro, hoje está informando que vai cortar o aluguel social”, disse Jorge.
Manifestação aconteceu nesta quarta-feira
Manifestação aconteceu nesta quarta-feira / Foto: Divulgação


O morador explicou que, desde 2012, as pessoas estão no aluguel social aguardando a prefeitura entregar as casas populares de Ururaí, o que até então não aconteceu. As pessoas que moravam nas casas às margens do rio Ururaí foram retiradas dos locais e realocadas em outras residências em locais como Tapera 1, 2, Jóquei e na Penha, mas tiveram problemas de segurança.

“Desde 2012 as pessoas estão no aluguel social, aguardando que a prefeitura entregue as casas populares. A prefeita na época, Rosinha Garotinho, planou uma área em Ururaí para fazer a construção dessas casas. Hoje, ao lado dessa área, está sendo feita uma Clínica da Família, um terminal e uma vila olímpica e, mesmo assim, ainda sobra 78 mil metros quadrados de área que pode ser construída as casas. Durante esses mais de dez anos, as famílias vêm sofrendo com o aluguel, passando humilhação de proprietário dizendo que vai tirar as casas porque a prefeitura não está pagando. Algumas dessas famílias foram levadas para o Jóquei, Penha e muitas delas foram expulsas das casas que a prefeitura deu, pois tiveram problemas com segurança pública. Diante disso, as famílias conversaram com a secretaria de assistência social e eles acharam melhor levá-los de volta para Ururaí com o acordo de fazer as casas e contemplar essas famílias dentro do seu bairro de origem. As pessoas ficaram na fila do aluguel social desde 2012 até esse presente momento em que estão sendo desligadas”, explicou o morador.
Outra beneficiária do aluguel social e moradora de Ururaí, Indaiá Barcelos, conta que tem uma filha especial e precisa do benefício. Ela morava em uma residência próxima a beira do rio, que enchia devido às chuvas recorrentes.
"Eu tenho uma filha especial, outra mulher também tem uma filha especial, a outra cuida da mãe que é acamada e tem muito mais gente com filhos. O Cras está chamando as famílias para poder fazer declaração para renovar o aluguel social, quando chega lá para fazer avaliação eles falam que estão cortando o aluguel social, que a lei agora é ter aluguel social só um ano. Nós temos mais de 14 anos no aluguel social e agora temos que pagar do nosso bolso, sendo que o nosso aluguel veio porque morávamos na beira do rio, a nossa casa enchia, era de risco. A prefeitura foi lá tombou a nossa casa e deu o aluguel falando que ia dar uma nova residência, mas já tem 14 anos e até hoje não deram nada", informou Indaiá. 

Jorge Marques contou que é triste ver as pessoas perdendo esse benefício e sem saberem o que fazer ou para onde ir. Uma nova manifestação será feita pelos moradores para reivindicar uma resposta da prefeitura, mas ainda não tem uma previsão de quando acontecerá.

“O prefeito nada falou para as famílias. A secretaria está fazendo esse levantamento e a retirada em massa dessas pessoas do aluguel social. É muito triste passar uma situação dessa, muitos proprietários estão pedindo as casas porque eles dependem do aluguel. Essas pessoas não sabem para onde vão. Fizemos um protesto hoje, mas haverá muitos outros protestos na cidade e de intensidade maior. Infelizmente, as pessoas não queriam passar por isso, mas é um grito de socorro. Nós não estamos dormindo direito, comendo direito, porque a prefeitura tirou o nosso bem maior, que é a nossa casa, nos colocou dentro um aluguel social e agora está dizendo que não vai pagar mais. É triste”, concluiu Jorge.

Por meio de nota, a Prefeitura de Campos, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, esclareceu que a equipe do Cras e Creas fazem uma avaliação criteriosa, informando ainda que o prefeito assinou um contrato para a construção de 600 casas do programa "Minha Casa, Minha Vida".
"Assim, seguindo a Lei de Benefícios Eventuais (Lei Municipal nª 9109/2021), a partir de avaliação criteriosa das equipes técnicas dos CRAS e CREAS, famílias que não fazem mais parte do critério de concessão são excluídas do programa ou benefício social. O governo municipal vem buscando alternativas para diminuir o déficit habitacional no município de Campos para diminuir o impacto, principalmente, para as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social. Em 2024, o prefeito assinou contratos com a Caixa Econômica Federal para viabilizar a construção de 600 casas no município, dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Parte das residências será destinada às famílias beneficiárias do programa municipal Aluguel Social", finalizou a nota.

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