Inflação desacelera, mas tendência é de alta de preço
A inflação oficial de janeiro perdeu força e ficou em 0,16%, após alcançar 0,52% em dezembro de 2024. Esse é o menor resultado para um mês de janeiro desde 1994. A explicação para a desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nessa terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o Bônus Itaipu, desconto que 78 milhões de brasileiros tiveram na conta de luz do mês passado. No entanto, a desaceleração não significa que os preços ficaram mais baixos e, segundo especialista, não há perspectiva de redução ao longo do ano.
O grande responsável pelo alívio da inflação foi o subitem energia elétrica residencial, que ficou 14,21% mais barata. Esse recuo representou impacto de 0,55 ponto percentual (p.p.) no resultado do mês. A redução é a menor desde fevereiro de 2013, quando tinha caído 15,17%.
Com a energia mais barata em janeiro, o grupo habitação recuou 3,08%, representando impacto de 0,46 p.p. no IPCA.
Na outra ponta da inflação estão os preços dos alimentos e dos transportes, que pressionaram o índice para cima. Os transportes subiram 1,3%, um impacto de 0,27 p.p. Os alimentos e bebidas tiveram alta de 0,96%, a quinta seguida. Esse grupo contribuiu com 0,21 p.p. do IPCA.
— Realmente houve uma desaceleração em janeiro da inflação, mas tem um ponto a destacar: a conta de luz desacelerou em função de bônus concedidos aos consumidores, então, isso teve um impacto importante nessa desaceleração. Mas isso não quer dizer que a inflação está sob controle, pelo contrário, o que se espera nos próximos meses e para este ano é uma ascensão da inflação em função de elementos como as mudanças no clima, o calor em excesso, seca, chuva, em alguns momentos de forma muito consistente. Isso está alterando drasticamente a oferta de alimentos, com a perda de produtividade. O café, por exemplo, que hoje chama a atenção de todos, já vem há uns dois anos passando por esse problema e acentua agora este ano. Portanto, a tendência é que os preços dos alimentos continuem aumentando e tendo um impacto forte na inflação. E também o transporte. Acabamos de observar recentemente um aumento no ICMS do combustível, especialmente gasolina e diesel, e também um aumento no preço desses produtos. Então, o que a gente espera, na verdade, é uma evolução dos preços no transporte e nos alimentos, que vão pressionar de forma substancial a inflação ao longo do ano. Não existe nenhuma perspectiva de redução — ressaltou o economista Alcimar das Chagas Ribeiro.