O efeito cascata pelo fim da produção no Brasil de veículos da marca Ford, em janeiro deste ano, chegou a Campos. A concessionária Bracom Ford, na rua Rocha Leão, no Centro, encerra suas atividades na sexta-feira (30), depois de 30 anos atuando no mercado automobilístico na região.
Membro do conselho do Grupo Líder, que tem outras patentes do setor automotivo como Hyundai, Toyota e Volkswagen, José Francisco Rodrigues explicou que desde que a Ford saiu do Brasil e da América Latina, já era esperado que a concessionária seria fechada assim que se findasse o estoque. O mesmo, segundo ele, acontecerá em setembro com a Concessionária do Rio de Janeiro.
O espaço na Rocha Leão continuará ocupado, após reforma, pela franquia Hyundai. Ainda, de acordo com ele, a Ford em Campos tinha 43 funcionários em seu quadro e do quantitativo 20% passam a atuar nas outras concessionárias do Grupo Líder. A Ford Bracom de Itaperuna e de Muriaé (MG) também encerraram às operações.
"Não atribuo questões políticas ao encerramento da Ford no país. Poderia estar no poder o presidente Jair Bolsonaro ou o ex-presidente Lula, foi uma política da empresa, que também encerrou as atividades em outros países da América Latina, como a Venezuela, por exemplo", disse José Francisco.
Em janeiro, quando anunciou que deixaria o Brasíl, a Ford, realmente, em seus comunicados não mencionou diretamente políticas do governo brasileiro como fator para decisão. Mas, na ocasião, empresários e políticos chegaram a se pronunciar. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) afirmou em nota que o acontecimento “corrobora o que a entidade vem alertando há mais de um ano sobre a ociosidade local, global e a falta de medidas que reduzam o custo Brasil”. Custo Brasil é uma expressão usada para se referir à soma de obstáculos que dificultam os negócios no país, como sistema tributário complexo e ineficiente, problemas de infraestrutura, alta burocracia e insegurança jurídica.
Na época, o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse no Twitter que “o fechamento da Ford é uma demonstração da falta de credibilidade do governo brasileiro, de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional”.
Já, em nota, o Ministério da Economia disse que lamentava o acontecimento e afirmou que “decisão da montadora destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria no país”.