"Cinemas, Ruínas e Sucatas", filme-documentário de Joilson Bessa e de Caroline de Cássia, terá sua primeira exibição na próxima quinta-feira (6). O local da apresentação às 19h, não poderia ser melhor, a tela grande será montada em frente ao prédio do antigo Cine São José, que fica na Avenida 28 de Março, em Campos. A cidade hoje conta com dois cinemas em atividade, que sediou o primeiro Festival Internacional Goytacá de Cinema e luta por uma Escola de Cinema, mas, de acordo com o documentário, foram identificadas 68 salas de cinema de rua no município.
- O filme corroborou uma nota de rodapé deixada no texto (da sua dissertação de mestrado) em 2017: foram mais de 68 salas de cinema. A ideia do filme me acompanhou durante o processo de pesquisa; porém, só se materializou a partir do convite feito por Carolina de Cássia, uma importante documentarista do município de Campos, que tem dado visibilidade a pessoas, grupos e territórios, sobretudo de matriz africana - conta Joilson. - Eu assino, junto com ela, a direção e produção desta obra.
Segundo ele, o documentário faz um alerta às autoridades para que desperte. Joilson disse que o trabalho, via o filme, evidencia a situação de um riquíssimo patrimônio à beira da completa extinção. "Se o poder público não agir a tempo", salienta.
Ele cita, inclusive, como exemplo, a situação do antigo Cine São José, uma riqueza patrimonial do município de Campos, com raros traços arquitetônicos.
"O filme pretende somar no sentido de termos uma Escola de Cinema, mais espaços de exibição e uma atenção maior com os distritos rurais, tão distantes do fazer cultura, que ainda se concentra na área urbana do município", justifica Joilson a importância do filme-documentário.
Muitas histórias serão contadas no documentário. Uma delas envolvendo um soldado partindo para a Segunda Guerra Mundial e o Cineteatro São Gonçalo, texto contado por uma das protagonistas: "Nélio Bastos foi convocado para proteger uma parte da costa brasileira na época da Segunda Guerra Mundial. Antes de embarcar no trem que fazia o percurso Niterói-Campos, uma cigana puxou a mão dele, dizendo: 'Deixa eu ler a sua mão?'. Mesmo duvidando de que o futuro pudesse realmente estar ali, ele deixou. Ao terminar a leitura, ela profetizou: 'Para onde você vai, você não volta'...", o final desta história e de outras tantas terão os desfechos exibidos no "Cinemas, Ruínas e Sucatas".
