Felipe Fernandes - Novo Capitão, velhos problemas
Capitão América: Admirável mundo novo – O novo lançamento da Marvel Studios, Capitão América: Admirável mundo novo, é o quarto filme solo do sentinela da liberdade, mas o primeiro a trazer Sam Wilson como detentor do escudo.
Após os eventos da minissérie Falcão e o Soldado invernal, Sam Wilson assume o manto do capitão respondendo diretamente ao Presidente dos Estados Unidos, representado agora por Thaddeus Ross, um dos grandes inimigos do Hulk, responsável por prender alguns heróis, entre eles Sam, nos eventos decorrentes da Guerra civil.
A Marvel investe em um thriller político, para construir uma narrativa mais contida que gira em torno de uma conspiração para impedir um tratado diplomático de comercialização e partilha de um novo material extraído diretamente do corpo do Celestial descoberto em "Os Eternos", o Adamantium.
Abrindo com uma introdução para explicar como Ross chegou a presidência, com o desenrolar da narrativa fica claro que o filme é uma espécie de continuação do Hulk de 2008.Parece estranho, mas é um filme do Hulk, sem o Hulk (bom, mais ou menos), já que o núcleo central do filme é todo do gigante verde, mas o herói de fato é o Capitão. Tal conspiração acaba envolvendo Isaiah Bradley, amigo e mentor de Sam, que acaba preso, por um atentado contra o Presidente. Essa é a ligação do protagonista com a trama política, que envolve o terrível segredo do Presidente Ross.
Acho interessante que o novo Capitão (que não tem o soro do supersoldado) dependa mais da tecnologia, que contribui para fazer dele uma espécie de híbrido entre o Capitão e o falcão, já que ele segue com suas asas e seus drones.
O primeiro terço da obra funciona muito bem na construção das interações dos personagens e na construção de suas motivações. O vilão Coral (interpretado por Giancarlo Esposito) se mostra interessante basicamente devido ao ator, é mais um daqueles vilões B que estão na narrativa como elo de ligação com o misterioso vilão por trás da manipulação dos eventos.
Apesar do suspense, o vilão não é uma grande surpresa e sua ligação com Ross gera o grande suspense da obra, ou que deveria ser, já que a informação de que Ross é o Hulk vermelho está em todo o material de divulgação. O grande mistério do filme, simplesmente não existe, pois a Marvel mais que contar uma boa história, quer fazer dinheiro e o chamariz do filme é que ele tem um Hulk, só que de outra cor.
Nas semanas anteriores ao lançamento do longa, começaram a vazar notícias de diversos problemas na produção, passando por diversas refilmagens, contando com 5 roteiristas, características que geralmente apontam para filmes problemáticos e isso acontece aqui. É nítido que depois de um determinado ponto o filme vira uma colcha de retalhos, perdendo coesão.
Nas semanas anteriores ao lançamento do longa, começaram a vazar notícias de diversos problemas na produção, passando por diversas refilmagens, contando com 5 roteiristas, características que geralmente apontam para filmes problemáticos e isso acontece aqui. É nítido que depois de um determinado ponto o filme vira uma colcha de retalhos, perdendo coesão.
Personagens que surgem com indicativo de importância praticamente desaparecem com o desenrolar da trama. O próprio vilão, grande motivador, depois de um determinado ponto perde sua função narrativa (que já não vinha sendo grande coisa) e os realizadores parecem não saber o que fazer com ele. Sua última cena é patética.
Apesar desses problemas, o filme consegue manter um certo nível graças a atuação descompromissada e carismática de Harrison Ford, que tem bastante tempo de tela e do carisma de Anthony Mackie. A outrora exaltada fórmula Marvel segue presente, ainda que com menos momentos cômicos, apesar do personagem Joaquim, que assim como na minissérie, irrita com os excessos de gracejos.
Os temas mais interessantes desse atual momento do personagem, o fardo de sua posição e como o mundo enxerga o novo Capitão (passando inclusive pela questão racial), são muito pouco explorados, tirando peso dramático do protagonista, que basicamente funciona como uma figura de ação.
Os problemas das mudanças da história e das refilmagens ficam mais evidentes no terceiro ato, quando a qualidade dos efeitos cai bastante e fica visualmente nítido as mudanças, um erro imperdoável para uma produção deste tamanho.
Os problemas das mudanças da história e das refilmagens ficam mais evidentes no terceiro ato, quando a qualidade dos efeitos cai bastante e fica visualmente nítido as mudanças, um erro imperdoável para uma produção deste tamanho.
Capitão América: Admirável mundo novo não é um grande filme, mas passa longe de alguns filmes problemáticos dessa nova fase do MCU. Acaba representando bem o atual momento desse universo de super heróis, que parece perder força a cada novo lançamento. Não empolga, não inova, não agride. Mais um filme esquecível para o MCU.