Anos 90. Geraldo Venâncio, Ivan Vianna e Jorge Rangel, lideranças do PSDB, iam de carro para o Rio, onde seriam recebidos em audiência pelo governador Marcelo Alencar.

Talvez por excesso de velocidade, o veículo em que viajavam foi parado no posto da Polícia Rodoviária, em Rio Bonito.

Quando o patrulheiro examinava a documentação do motorista, Jorge Rangel desceu e se identificou como vereador em Campos, exigindo a liberação do veículo, que acusava a falta de um acessório à luz do Código Nacional de Trânsito.

— Tudo bem que o senhor é vereador, mas o carro vai ficar retido — respondeu o policial, secamente.

E Jorge Rangel voltou para o carro. Geraldo Venâncio resolveu então intervir. Foi à cabine da PRF, provou que era médico e pediu a compreensão do patrulheiro.

— Nós estamos indo para o Rio levar este rapaz, que é um desequilibrado e tem a mania de se passar por político. Hoje ele está dizendo que é vereador...

O patrulheiro fez uma pausa, deu uma respirada, e ponderou:

— Se o sujeito é doido e está sendo levado para o Pinel, tudo bem. Vou liberar o veículo...

Geraldo voltou para o carro junto com o patrulheiro, que, certamente arrependido do tratamento frio que dera a Jorge Rangel, procurou ser agradável nas despedidas.

— Boa viagem, senhor vereador!

Já na estrada, Geraldo relatou o teor da conversa no posto policial.

Problema maior teve em convencer Jorge Rangel que, passá-lo como doido, foi a forma mais fácil de contornar uma situação que poderia fazê-los perder a audiência com o governador.