Papa Urbano II: O florescer das cruzadas
Pedro Henrique Figueiredo 30/10/2025 18:18 - Atualizado em 30/10/2025 18:18
Monumento ao Beato Urbano II
Monumento ao Beato Urbano II / Divulgação
O Papa Urbano II foi um dos líderes mais influentes da Igreja Católica no final do século XI. Ele convocou a Primeira Cruzada, uma expedição militar que tinha como objetivo libertar a Terra Santa do domínio muçulmano.

A origem das cruzadas está relacionada com a situação política e religiosa do Oriente Médio na época. Desde o séc. VII, os muçulmanos haviam conquistado vastas regiões que antes pertenciam ao Império Bizantino, um dos herdeiros do antigo Império Romano. Entre essas regiões, estava a Palestina, onde ficava Jerusalém, a cidade sagrada para os judeus, cristãos e muçulmanos.

No século XI, os turcos seljúcidas, um povo de origem nômade que havia se convertido ao islamismo, invadiram a Ásia Menor e ameaçaram Constantinopla, a capital do Império Bizantino. Além disso, eles impuseram restrições aos peregrinos cristãos que queriam visitar os lugares santos na Palestina.

Diante disso, o imperador bizantino Aleixo I Comneno pediu ajuda ao Papa Urbano II, que era seu parente distante. O papa viu nesse pedido uma oportunidade para fortalecer sua autoridade sobre a cristandade que, na época, estava dividida entre a Igreja Católica do Ocidente e a Igreja Ortodoxa do Oriente. Ele também ainda viu uma chance de resolver os conflitos internos que assolavam a Europa feudal, onde os senhores feudais viviam em constantes guerras privadas.

No ano de 1095, durante o Concílio de Clermont, na França, o papa Urbano II fez um discurso emocionante. Nele, apelou aos cristãos para que se unissem em uma guerra santa contra os mulçumanos, a fim de reconquistar Jerusalém e libertar os cristãos do Oriente. Ele prometeu aos que se juntassem à cruzada a remissão dos pecados, a proteção dos bens e a glória eterna. Ele também incentivou a busca pelas riquezas do Oriente, que eram muito cobiçadas pelos europeus da época.

O discurso do papa teve um grande impacto na Europa. Milhares de pessoas, de todas as classes sociais, se alistaram para participar da cruzada. Alguns eram muito motivados pela fé, outros pela aventura mesmo, já outros pelo lucro que isso poderia gerar. Eles costuraram uma cruz de tecido em suas roupas, como símbolo de seu compromisso e, por isso, eles ficaram conhecidos como cruzados.

A Primeira Cruzada partiu em 1096 e durou até 1099. Ela enfrentou muitas dificuldades pelo caminho, como a fome, a sede, as doenças, os ataques dos inimigos e as divisões internas. Ela também foi marcada por atos de violência e intolerância, como o massacre de judeus na Europa e de mulçumanos e cristãos ortodoxos no Oriente.

Apesar de tudo isso, os cruzados conseguiram chegar a Jerusalém e cercá-la. Após um duro combate, eles tomaram a cidade em 15 de julho de 1099. Eles mataram quase todos os habitantes, sem distinção de religião. Também saquearam os tesouros e as relíquias sagradas que encontraram. Eles estabeleceram o Reino Latino de Jerusalém, um dos quatro Estados Cruzados que foram criados na região.

A Primeira Cruzada foi considerada um sucesso pela Igreja Católica, que viu uma manifestação da vontade de Deus. Ela também abriu as portas para o contato entre o Ocidente e o Oriente, que trouxe novos conhecimentos, produtos e culturas para a Europa. No entanto, ela também gerou um ódio profundo entre cristãos e mulçumanos, que duraria séculos. Ela foi seguida por outras cruzadas, que tentaram manter ou ampliar o domínio cristão na Terra Santa, mas acabaram fracassando. A última cruzada foi em 1270, e em 1291, os mulçumanos recuperaram Jerusalém e expulsaram os cristãos da região.

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