Auxiliadora Freitas
08/03/2025 12:38 - Atualizado em 08/03/2025 12:38
Auxiliadora Freitas
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Reprodução/Facebook
A história da educação é construída por mulheres que, desde os primórdios, lutaram pela democratização da construção do conhecimento e por processos educativos que tivessem os alunos como sujeitos ativos. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, quero homenagear todas as mulheres com nomes importantes para a educação, que vão de pedagogas e psicólogas a ativistas sociais, nacionais e internacionais.
A Sabina Spielrein foi uma das primeiras mulheres psicanalistas do mundo, foi pioneira no estudo do método voltado à infância. Russa e judia, revolucionou a educação infantil ao criar, em 1923, junto com Vera Schmidt, a primeira creche que utilizava noções de psicanálise, em Moscou, na então União Soviética. Filha de família judia, Stefa Wilczynska, pedagoga, foi influenciada pelos pensamentos da Escola Nova, que defende que a educação deve se basear nas experiências dos indivíduos e que as instituições de ensino devem deixar de ser meros locais de transmissão de conhecimentos para tornarem-se pequenas comunidades. Também foi participante ativa na defesa dos direitos das crianças. O ambiente acolhedor onde cerca de 200 crianças eram atendidas, esse foi perdido quando a Gestapo – a policia da politica do estado nazista – transferiu para uma pequena casa com quartos sujos, apertados e sem mobília. De lá, Korczak, Stefa e as crianças foram levados para as câmaras de gás.
Já Maria Montessori foi a primeira mulher a se formar em medicina na Itália e também responsável por criar um método educacional, que leva o seu nome e é aplicado até hoje em escolas públicas e privadas de todo o mundo. Criou, em 1907, a primeira Casa dei Bambini, colocando em prática a teoria que visava uma “educação para a vida” e a formação integral dos indivíduos. A educadora acreditava que as crianças eram capazes de conduzir o seu próprio aprendizado, cabendo ao professor apenas acompanhar esse processo.
Nesse sentido, a função da educação seria estimular um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto. A pedagogia se insere no movimento da Escola Nova ao se opor aos métodos tradicionais que não respeitam as necessidades e os mecanismos evolutivos do desenvolvimento. A linguista Rosa-María Torre, educadora e ativista social, participou de movimentos em defesa de uma educação de qualidade e assumiu cargos importantes em organismos internacionais da área.Tornou-se assessora educacional do Unicef em NY. Em 2003, assumiu o Ministério da Educação e Cultura do Equador, dentre outras ações.
A grande Emília Ferreiro, psicóloga e pedagoga argentina, radicada no México, desvendou os mecanismos pelos quais as crianças aprendem a ler e escrever, o que levou muitos educadores a reverem radicalmente seus métodos. Seu nome passou a ser ligado ao construtivismo, campo de estudos inaugurado pelas descobertas de Jean Piaget. Emilia inverteu a lógica tradicional de educadores que só se preocupavam com a aprendizagem quando o aluno parecia não aprender, transferindo o foco da alfabetização para o sujeito que aprende. Suas conclusões inspiraram políticas públicas educacionais em diversos estados brasileiros, a partir dos anos 1980.
A arte-educadora Maria Felisminda de Rezende e Fusari, conhecida como Mariazinha Fusari, foi cofundadora do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (Universidade de São Paulo) e por meio de seus projetos de pesquisa no campo da relação entre mídia e infância colaborou para a ampliação do diálogo entre os campos de conhecimento da comunicação e da educação. Êda Luiz, coordenadora pedagógica do Cieja (Centro de Integração de Jovens e Adultos) do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, transformou a instituição em um lugar onde o aprendizado é percebido e experimentado dentro e fora da sala de aula, extrapolando as disciplinas curriculares.
A pedagoga brasileira Maria Teresa Mantoan dedica-se, nas áreas de pesquisa, docência e extensão na faculdade de educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), ao direito incondicional de todos os alunos à educação escolar de nível básico e superior de ensino. Uma das maiores defensoras da educação inclusiva no Brasil, Maria Teresa Mantoan é crítica convicta das chamadas escolas especiais.
Além dessas mulheres educadoras, temos milhares delas nas salas de aula de nosso país. E neste dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher quero aqui citar algumas campistas de nascimento ou de coração que fizeram e fazem a diferença em nossa educação: Anália Franco, Diva Abreu, Nilza Franco, Márcia Luzia Pessanha, Denise Tinoco, Maria Luiza (Brotinho), Adélia, Maria Walesca, Regina Sardinha, Eloisa Rocha, Eliana Mota, Cerlene, Beth Araújo, Beth Couto, Beth Campista, Marluce Guimarães, Maria Thereza Venâncio, Eliana Garcia, Vilma Tâmega, Rita Chardelli, Adeodata, Cely Tinoco, Regina Menezes, Kátia Macabu, Regina Crespo, Ivete Marins, Hermeni Coutinho, Antônia Leitão, Dorinha Martins, Rossana Vasconcelos, Eli Rodrigues, Beatriz Barbosa, Lana Large, Crisolícia, Maria Hermínia, Maria Benedita, D. Nini, D. Elvira, D. Aldéia, Cecília Calomeni, Mariana Lopes, Conceição Silva, Marisete Pessanha, Conceição Sardinha, Adeodata, Ana Campinho, Jussara Ribeiro, Talita Batista, Geovana Brunett, Ana Lucia Tavares, Sol Figueiredo e tantas e tantas outras. Através de vocês, professoras, homenageio todas as mulheres que contribuem para um mundo melhor neste dia 8 de março.
O feminino e a educadora que existem em mim saúdam o feminino e a educadora que existem em você.
E agora um pequeno desafio: Lembre do nome de uma professora e homenageie as mulheres neste dia dedicado a elas.
*Ptofessora, ex-vereadora e ex-secretária de Educação