O Samurai de Itaperuna e a Grande Batalha
11/01/2021 19:11 - Atualizado em 11/01/2021 19:19
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Por Nino Bellieny
Ele veio para Itaperuna no início dos Anos 1980 e não poderia ter ido para um lugar mais fértil. Aqui formou milhares de alunos de Judô e Jiu-Jitsu e dedicou a vida não só às 2 artes, mas a todos os esportes.
Wanderley Cordeiro de Lima, nascido a cidade do Rio de Janeiro, em Copacabana, um dos berços do Jiu-Jitsu, discípulo de Carlson Gracie, reuniu hoje cedo em frente à sua casa, amigos de toda uma vida, para comunicar oficialmente o câncer que enfrenta há 8 meses, a quimioterapia e a radioterapia que fez e a cirurgia que fará nesta próxima quarta-feira para retirada de um tumor colorretal.
Wanderley é católico apostólico romano praticante, místico por natureza, tranquilo, mestre no tatame e no comportamento, uma massa de músculos domesticados por anos e anos de prática e ensino, sereno, daqueles que os alunos jamais conseguiram tirar do sério ou do chão, nunca vencido por nenhum de nós, e bem que tentávamos... sim, eu também sou seu terno aluno e junto a antigos cascas-grossas estive hoje reverenciando o mestre e pedindo energias para ele.
Contamos histórias, rimos, mas vimos também lágrimas brotarem disfarçadas. A esposa Beatriz e filhos, a família, os vizinhos, o horário não era adequado nem o legítimo sol itaperunense ajudava, mas não atrapalhou a vontade de estar com quem tanto nos ensinou.
Um mestre sério, exigente, duro em certos momentos, autêntico samurai de códigos de honra bem definidos, mas um pai em todos os outros.
Tornei-me faixa-preta sob sua tutela e não foi nada fácil. Também tornei-me depois padrinho de sua filha Wanderleya, honra maior do que a própria faixa sonhada. 
Hoje estavam ao lado dele bem-sucedidos advogados, empresários, professores de artes marciais, donas de casa e eu juro, vi anjos ao redor.
Um deles de 9 anos de idade, Arthur Pires Fernandes, aluno de Judô, ungiu o mestre, que ajoelhou-se diante do pequeno gigante de asas ocultas.
O pequeno Rei Arthur e o cavaleiro andante Wanderley
O pequeno Rei Arthur e o cavaleiro andante Wanderley
Tantas vezes o Jiu-Jitsu salvou a minha vida, e agora eu tinha certeza, algo muito além de uma arte marcial.
Nos despedimos como sempre, com o cumprimento ensinado por Carlson Gracie a quem conheci também e olhei em silêncio para cada um dos irmãos de tatame desejando o melhor para eles e o melhor para o nosso Mestre, e a música do Rappa veio à mente: " Pra quem tem Fé a vida nunca tem fim".
Meu coração sossegou-se.
DEPOIMENTOS
 
Wanderley Cordeiro de Lima, um lutador, um mestre e um verdadeiro pai, enfrenta mais uma batalha, talvez a mais difícil da sua vida, mas confiamos em Deus e temos a certeza que ele sairá vitorioso de mais essa luta. Reinaldo Azevedo Afonso, advogado, faixa-preta de Jiu-Jitsu e marrom de Judô.
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Wanderley mesmo nós momentos mais delicados consegue transmitir uma paz enorme, homem de fé inabalável, que confia em Deus para todas as coisas da vida dele. Bruno Mu Moraes Costa, faixa-azul de Jiu-Jitsu
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O Sansei me ensinou que não é só a força f´ísica, mas sim a força mental. Ele também me ensinou como ter disciplina, manter a calma e o respeito. Arthur Pires Fernandes, judoca iniciante.
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