Mãe doa rins, fígado e tecidos do único filho em captação do NF Transplantes
Aluysio Abreu Barbosa 07/02/2020 21:05 - Atualizado em 13/02/2020 15:43
Mais uma captação de órgãos — a segunda deste ano — foi realizada nesta sexta-feira pela equipe do NF Transplantes. Foram doados rins, fígado e córneas de um paciente de 46 anos, que veio a óbito no Hospital Ferreira Machado (HFM), por conta de um trauma cranioencefálico. O paciente, que era de São João da Barra, estava internado desde 31 de janeiro no HFM e morreu na quinta-feira. Os órgãos já foram transportados ontem mesmo, por helicóptero, para o Rio de Janeiro.
Segundo o psicólogo do NF Transplante, Luiz Antonio Cosmelli, o mais marcante do processo foi a autorização da doação, dada pela mãe do doador. “Morava só com esse filho e queria um desfecho que gerasse boas lembranças dele. Ela já havia perdido seu outro filho, também aos 49 anos, por problemas cardíacos”. De acordo com a assessoria do NF transplantes, a mãe do doador contou que sua família tem casos de pessoas transplantadas.
Coordenador do NF Transplantes, o médico Luiz Eduardo Castro de Oliveira explicou que, pela vida útil menor do órgão, o fígado teria de ser transplantado ainda ontem. Com base em lista de espera e critérios pré-estabelecidos, a seleção já estava sendo definida pelo Programa Estadual de Transplantes (Pet).
De acordo com a assessoria do NF Transplantes, a morte cerebral do paciente foi diagnosticada na quinta-feira, após a realização de exames clínicos e de imagem. Esta foi a segunda doação de órgãos autorizada por familiares de pacientes internados no HFM, deste ano. A primeira aconteceu dia 25 de janeiro, quando foram captados os dois rins e o fígado de um paciente de São Francisco do Itabapoana, que trabalhava com abertura de poços artesianos, e sofreu um AVC hemorrágico grave, cujo quadro evoluiu para morte encefálica.
Para o médico Luiz Eduardo Castro, embora ainda tímida, já se pode notar uma mudança no conceito que as pessoas têm sobre a doação de órgãos. “Vemos famílias de diferentes classes sociais que estão começando a aceitar e dando um grande passo em relação à doação”, diz, citando como exemplo a família do apresentador Gugu Liberato, que também optou pela doação de órgãos do artista.
- Vemos isso como um incentivo àqueles que ainda estão envoltos em preconceitos com relação à doação – complementou Castro, lembrando que, no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, 44% das famílias não permitem a doação.

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