Você precisa se 'ENCANTAR' para aprender
Elias Rocha Gonçalves 19/12/2019 19:06 - Atualizado em 26/12/2019 14:10
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Coube-me a responsabilidade de encerrar as publicações nesta página gentilmente cedida à Academia Campista de Letras pelo jornal Folha da Manhã. Nesta oportunidade, gostaria de levantar um velho tema: COMO É O MISTÉRIO DO “APRENDER”?
Para alguns milhares de teóricos, na antiguidade, até o início do século XIX, predominava na prática escolar uma aprendizagem de tipo passivo e receptivo. Aprender era quase exclusivamente memorizar. Neste tipo de aprendizagem, a compreensão desempenhava um papel muito reduzido.
Essa forma de ensino baseava-se na concepção de que o ser humano era semelhante a um pedaço de cera ou argila úmida que podia ser modelado à vontade. Na antiga Grécia, Aristóteles já professava essa teoria, que é retomada frequentemente, ao longo dos séculos, reaparecendo sob novas formas e imagens. No século XVII, por exemplo, de que o pensamento humano era como se fosse uma tábua lisa, um papel em branco sem nada escrito, onde tudo podia ser impresso, sendo apenas uma variação da antiga teoria.
Assim, ensinar a ler e a escrever era tal qual um ofício manual ou um instrumento musical. Por meio da repetição de exercícios graduados, ou seja, cada vez mais difíceis, o discípulo passava a executar certos atos complexos, que aos poucos iam se tornando hábitos.
Sócrates afirmava que os mestres deveriam ter paciência com os erros e as dúvidas de seus alunos, pois é a consciência do erro que os leva a progredir na aprendizagem.
Segundo Comenius (1592–1670), dentre as obras criadas por Deus, o ser humano é a mais perfeita. Dada sua formação cristã, Comenius acreditava que o fim último do homem é a felicidade eterna. Assim, o objetivo da educação é ajudar o homem a atingir essa finalidade transcendente e cósmica, desenvolvendo o domínio de si mesmo através do conhecimento de si próprio e de todas as coisas.
No mesmo caminhar do autor, ao ensinar um assunto, o professor deve apresentar o objeto ou ideia diretamente, fazendo demonstração, pois o aluno aprende através dos sentidos, principalmente vendo e tocando. Cabe ao professor mostrar a utilidade específica do conhecimento transmitido e a sua aplicação na vida diária, fazer referência à natureza e origem dos fenômenos estudados, isto é, às suas causas, entre outros temas.
Numa outra vereda, Heinrich Pestalozzi (1746–1827), defendendo a doutrina dos naturalistas, em especial a de Rousseau, acreditava que o ser humano nascia bom, e que o caráter de um homem era formado pelo ambiente que o rodeia. Sustentava que era preciso tornar esse ambiente o mais próximo possível das condições naturais, para que o caráter do individuo se desenvolvesse ou fosse formado positivamente. Para ele, a transformação da sociedade iria se processar através da educação, que tinha por finalidade o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as faculdades e aptidões do ser humano.
Portanto, para Pestalozzi, a educação era um instrumento de reforma social. Ele pregava a educação das massas e proclamava que toda criança deveria ter acesso à educação escolar, por mais pobre que fosse seu meio que suas condições fossem limitadas.
Para Vygotsky (1991): “A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão do mundo a partir do seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta etapas posteriores ainda não alcançadas”.
Já nos ensinamentos de John Dewey (1859–1952), “a ação precede o conhecimento e o pensamento. Antes de existir como ser pensante, o homem é um ser que age. A teoria resulta da prática. Logo, o conhecimento e o ensino devem estar intimamente relacionados à ação, à vida prática, à experiência. O saber tem caráter instrumental: é um meio para ajudar o homem na sua existência, na sua vida prática”.
Em 2010, uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston, colocou um sensor eletrotérmico no pulso de estudante universitário de 19 anos para medir a atividade elétrica de seu cérebro 24 horas por dia durante sete dias. O experimento produziu um resultado inesperado: a atividade cerebral do aluno quando assistia a uma aula palestrada era a mesma de quando ele assistia televisão; praticamente nulo. Os cientistas poderiam provar que o modelo pedagógico baseado em um aluno como um receptor passivo não funciona.
“O cérebro precisa se mexer para aprender”, explica José Ramón Gamo, um neuropsicólogo infantil e diretor do Mestrado em Neurodidática na Universidade Rey Juan Carlos. Nos últimos cinco anos, diferentes correntes surgiram na Espanha que querem transformar o modelo educacional, e uma delas é a neurodidática.
Não é uma metodologia, mas um conjunto de conhecimentos que está contribuindo com a pesquisa científica no campo da neurociência e sua relação com os processos de aprendizagem. “Antes só podíamos observar o comportamento dos alunos, mas agora, graças às máquinas de neuroimagem, podemos ver a atividade cerebral durante a execução das tarefas”, acrescenta Gamo. Essa informação ajuda professores e pedagogos a decidir quais métodos são mais eficazes.
Gamo, que estuda as dificuldades de aprendizagem das pessoas com dislexia ou TDAH por mais de 20 anos, observou que, na maioria dos casos, esses problemas não estavam relacionados a essas síndromes, mas à metodologia da escola.
Ele e sua equipe identificaram que 50% do tempo em aulas tradicionais na Espanha é baseado na transmissão de informações para os alunos verbalmente, algo que acontece na escola secundária em 60% do tempo e em bacharelado quase 80%. “Perguntamos sobre o que estava acontecendo nas salas de aula e queríamos saber o que a ciência estava dizendo sobre isso, se esse método seria justificado por algum estudo”.
Com base em diferentes investigações científicas e em suas próprias, eles concluíram que, para a aquisição de novas informações, o cérebro tende a processar dados do hemisfério direito — mais relacionados à intuição, criatividade e imagens.
“Nesses casos, o processamento linguístico não é o protagonista, o que significa que a conversa não funciona. Os gestos faciais e corporais e o contexto desempenham um papel muito importante. Outro exemplo da ineficácia da aula palestrada”, explica Gamo.
Portanto, a neurodidática propõe uma mudança na metodologia de ensino para substituir as aulas palestradas por suportes visuais, como mapas conceituais ou vídeos com diferentes suportes informativos, como gráficos interativos que exigem a participação do aluno. Outra aposta é o trabalho colaborativo. “O cérebro é um órgão social que aprende fazendo coisas com outras pessoas”, acrescenta.
Neste olhar, como você encara as suas falhas? Elas servem para provocar melhorias ou apenas geram frustrações? Com essas questões, traz-se a importância de aprender com os erros. Por meio de grandes lições, mostra-se como você pode abandonar as queixas e os sentimentos negativos para tirar o melhor proveito possível das situações adversas e se “ENCANTAR” para aprender.
A proposta é que você aceite que não existe perfeição nem ninguém que é imune aos tropeços. No entanto, as pessoas bem-sucedidas conseguem aprender muito com cada falha cometida e valorizam esse ensinamento. É possível se beneficiar com os equívocos cometidos durante a jornada terrena, pois, só assim, você se “ENCANTA” e aprende a cada minuto.
FELIZ 2020. QUE SEJA UM ANO PAR NA SUA VIDA!
 
 
 
 
*Elias Rocha Gonçalves é membro da Academia Campista de letras e PhD em Organização e Administração Escolar
 
 

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