Campanha de Eduardo Paes teve caixa dois, diz Cabral
01/07/2019 21:49 - Atualizado em 12/07/2019 14:21
Folha da Manhã
O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) disse nesta segunda-feira, durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas, na 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que intermediou com o empresário Arthur Soares, conhecido como “Rei Arthur”, o repasse de caixa dois para as campanhas de Eduardo Paes (então no MDB e atualmente no DEM) à Prefeitura do Rio, em 2008, e de Lindbergh Farias (PT) ao Senado, em 2010. Cabral também citou Jonas Lopes de Carvalho Junior, ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ex-chefe da Casa Civil quando o governador era Anthony Garotinho.
De acordo com Cabral, o empresário contribuiu com R$ 6 milhões, em caixa dois, para a campanha de Paes em troca de ganhar uma licitação para oferecer serviços no Centro de Operações Rio (COR). O ex-prefeito nega ter recebido doações irregulares.
— Em 2008 eu consegui convencê-lo (Arthur) a ser o maior doador da campanha de Eduardo Paes. Ele deu cerca de R$ 6 milhões, até mais do que pra mim. Houve depois um certo ruído entre ele e o Eduardo, porque ele reclamou que o Eduardo não o atendia com contratos. Acabou sendo atendido na área da Saúde e também na área do centro de controle da Prefeitura. O centro de operações, aí ele ganhou a concorrência. Foi endereçada para ele, para contemplar pela ajuda dele na campanha eleitoral”, disse o ex-governador.
Cabral explicou que Paes, em sua primeira campanha à Prefeitura, detinha percentuais muito baixos de intenção de votos e que seria necessário injetar dinheiro na campanha para viabilizá-lo eleitoralmente.
Ainda no depoimento, Cabral relatou que também convenceu Arthur Soares a repassar de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões para sua campanha ao Governo do Estado em 2010 e também para Lindbergh Farias. “Como em 2010 a campanha era grande, voltei a solicitar (ajuda de campanha) para mim. Deve ter dado R$ 5 milhões ou R$ 6 milhões, mas eu precisava de recursos para o senador Lindbergh. Ele deu ajuda a Lindbergh, mais de R$ 5 milhões”.
Cabral afirmou, ainda, que, entre valores dados via caixa dois a campanhas a seu pedido e propinas, recebeu R$ 30 milhões. O ex-governador disse que conheceu o empresário quando era presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), ainda no governo Marcello Alencar, sem, no entanto, ter qualquer aproximação. Cabral afirmou que “Rei Arthur” construiu uma relação muito próxima com Jonas Lopes. O ex-governador afirmou que Jonas recebia propina nessa época.
Eduardo Paes, disse, em nota, que todas as doações feitas para as campanhas dele sempre foram realizadas de forma voluntária e espontânea. “As doações foram declaradas e devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Aliás, o próprio Sérgio Cabral já admitiu, perante o juiz Marcelo Bretas, que Eduardo Paes não fazia parte da sua organização”.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com Lindbergh. (A.N.)

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