Belido Escreve - Próximo governo tem a missão de tirar o Brasil do fio da navalha
Guilherme Belido 15/09/2018 17:53 - Atualizado em 17/09/2018 15:40
O Brasil é um trem desgovernado – um imenso comboio de ferro, de tamanho continental – que precisa urgentemente assentar-se sobre os trilhos, sob o risco de descarrilhar na próxima curva.
A política é a grande locomotiva – remendada, repleta de defeitos e com peças presas por arames, à espera do maquinista competente, com capacidade para consertá-la em movimento e equilíbrio para mantê-la em velocidade não tão baixa a ponto de engasgar, nem tão alta para não sair desmontando pelo caminho.
Uma tarefa gigantesca, espinhosa, que antes mesmo de ser completada (na hipótese de vir a ser), precisa conter a aflição dos passageiros nos vagões que, com os nervos à flor da pele e já não suportando o permanente estado de tensão, estão a ponto de entrar em colapso.
Essa é a situação do Brasil, que não venceu a crise econômica e não consegue encerrar o capítulo da corrupção. Que ao trocar Dilma por Temer constata ter substituído seis por meia dúzia e que não vislumbra nenhuma grande liderança política senão a que está condenada e presa numa cela.
Sociedade exige mudança
Essa não é a primeira vez que o Brasil se vê num trem sem destino, com os moradores da próxima cidade prontos a explodir os trilhos para tentar evitar o que seria uma colisão catastrófica.
Em outras palavras, aquela fase em que a sociedade, já com água acima do pescoço, entra em desespero na tentativa de não morrer afogada. Nos protestos de 2013, o movimento foi abortado porque as eleições seriam no ano seguinte e “manifestantes” infiltrados comprometeram a essência da iniciativa.
Com o estelionato de 2014 para a reeleição de Dilma, novamente os protestos eclodiram de Norte a Sul do Brasil, turbinados pela recessão econômica. Ao assumir Temer, uma tímida calmaria surgiu e, mesmo tênue, foi logo dissipada pela teia de corrupção envolvendo o governo e, em especial, pelo áudio de Joesley Batista. Aliás, em termos de visibilidade de corrupção, nada na recente política brasileira foi tão contundente como as gravações na garagem do Jaburu.
Desmoralizado, Temer perdeu o controle. E a crise econômica, que se pensava arrefecida, voltou. O número de desempregados pulou de 11 para 13 milhões e, melhorias pontuais à parte, se esperava um 2018 de plena recuperação, o que definitivamente não se confirmou.
O que dirão as urnas
Restando exatas três semanas para a eleição (coincidentemente quando o ex-presidente Lula irá completar seis meses de prisão), na resposta que virá das urnas – a ser completada no 2º turno – está a esperança de que o Brasil saia do buraco a que foi jogado há quatro anos (um pouco antes, se computado o que estava escondido) e inicie nova etapa de prosperidade.
Mesmo faltando tão pouco tempo, o provável é que as posições dos candidatos oscilem. Na segunda-feira (10), pesquisa Datafolha apurou que Jair Bolsonaro (PSL) somava 24%; Ciro Gomes (PDT), 13%; Marina Silva (Rede), 11%; Geraldo Alckmin (PSDB), 10% e Fernando Haddad (PT), 9%.
Última pesquisa – Na sexta-feira, dia 14, já com Haddad no lugar de Lula, os números apurados pelo Datafolha foram os seguintes: Bolsonaro, 26%; Ciro e Haddad, 13%; Alckmin, 9%; Marina, 8%. O apanhado mostra que Bolsonaro subiu 2 pontos e soma o dobro do 2º colocado. Haddad foi o que mais cresceu e a candidata da Rede caiu 3 pontos.
Eleitor deve decidir na hora H
Num pleito com características tão diferentes dos anteriores, a tendência é que boa parte do eleitorado decida em quem votar na última hora. Talvez na véspera, para não dizer no próprio 7 de outubro.
À luz das projeções – não raro perigosas – dificilmente Bolsonaro não estará no 2º turno. Como vem de longe ocupando o 1º lugar (hoje, pelas pesquisas, tem o dobro do 2º colocado), seria insensato imaginar que perderia tantos votos a ponto de cair para terceiro. Mas, ainda assim, vai depender de sua recuperação e de como poderá se comunicar com o público-eleitor.
Por outro lado, arriscar o nome do 2º colocado seria pura especulação. Haddad (empatado com Ciro) aparece em 2º – o que é normal visto que assumiu a cabeça de chapa a menos de uma semana. Mas logo abaixo, Alckmin e Marina aparecem tecnicamente empatados.
Então, serão três semanas muito intensas, numa das eleições mais importantes da história do Brasil.

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