Sindicato dos Médicos critica lei de convênio com hospitais filantrópicos
Victor de Azevedo 15/06/2018 19:57 - Atualizado em 18/06/2018 13:23
O presidente do Sindicato dos Médicos, José Roberto Crespo, criticou a lei aprovada pela Câmara Municipal que autoriza a Prefeitura de Campos a celebrar convênio com hospitais filantrópicos contratualizados para ceder médicos da rede municipal de Saúde. A informação foi postada pela jornalista Suzy Monteiro, no blog na Curva do Rio, hospedado no Folha 1. Em nota, a Prefeitura afirmou que a medida atende a um pleito de médicos da rede municipal, de diferentes especialidades, para garantir cirurgias nos hospitais contratualizados, principalmente as ortopédicas e vasculares, sem onerar o município. Apesar da opinião contrária do Sindicato dos Médicos, a maioria dos representantes dos hospitais considera a lei positiva.
Para Crespo, a proposta descaracteriza o serviço público no município, além de criar desigualdades entre os servidores. Ele também afirma que o sindicato não foi ouvido.
"Como a Prefeitura vai ceder vínculo público? É um desvio total da administração pública. Não é este o caminho. Não é isso que resolverá o problema da Saúde em Campos. A Prefeitura não está tratando o serviço público com a sensibilidade necessária", afirmou.
José Roberto Crespo ressaltou ainda que tenta uma audiência com o prefeito de Campos, Rafael Diniz, para tentar demovê-lo desta ideia. Caso não consiga, o sindicato não descarta ir à Justiça contra o projeto.
Ainda na nota divulgada pela Prefeitura, a secretária municipal de Saúde, Fabiana Catalani, afirmou que "a Prefeitura já remunera o médico e ele continua recebendo em dia. Paralelo a isso, nós vamos descontar do hospital contratualizado o recurso referente àquele serviço, tanto da parte federal como da parte municipal, para não caracterizar pagamento em duplicidade”.
Hospitais opinam — Para o diretor da Santa Casa de Misericórdia de Campos, Cléber Glória, a lei é de suma importância, e o presidente do Sindicato demonstra desconhecimento.
“Os médicos, vindo para um hospital contratualizado, vão trabalhar talvez com um volume de produção maior que os hospitais da rede própria, e isso, para o município, é vantagem, já que não vai pagar duas vezes pelo serviço. Isso tem que ficar claro. Em relação à declaração do presidente do sindicato, isso mostra um pouco de desconhecimento dele, porque o profissional é concursado e isso jamais vai ser considerado descaracterização do serviço público”, disse.
O diretor do Hospital Escola Álvaro Alvim, José Manoel Moreira, também concorda com o teor da lei, mas prega uma unidade entre a Prefeitura, os hospitais e os médicos.
“É preciso um entendimento entre todos envolvidos para que a lei seja cumprida e gere melhorias para o município. Por exemplo, a secretaria de Saúde precisa normatizar o médico. Eles vão ficar sob responsabilidade de quem, dos hospitais ou da Prefeitura?”, indagou.
Já o diretor da Beneficência Portuguesa, Jorge Miranda, afirmou que ainda não leu a lei e, por isso, não iria comentar sobre o assunto. A reportagem da Folha da Manhã entrou em contato com o Hospital Plantadores de Cana, mas não obteve retorno.

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