Saída de Thamires Rangel da Câmara de Campos gera críticas e debate
Hevertton Luna 15/10/2025 08:01 - Atualizado em 15/10/2025 10:23
A secretária estadual, Thamires Rangel
A secretária estadual, Thamires Rangel / Divulgação
A saída da vereadora Thamires Rangel (PMB) da Câmara Municipal de Campos para assumir o cargo de subsecretária de Ambiente e Sustentabilidade do Estado (Seas) tem gerado debate. As críticas se concentram na falta de experiência da jovem parlamentar com a pauta ambiental e na perda de representatividade feminina na Casa, já que ela era a única mulher eleita no município.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Thamires declarou não ter concluído o ensino médio e sua caminhada política não possui vínculos com movimentos da causa ambiental.
A Associação Profissional dos Engenheiros Florestais do Estado do Rio de Janeiro (Apeferj) manifestou preocupação com a nomeação. “A administração de um órgão como a Seas demanda conhecimento do arcabouço legal sobre o tema. Indicar para a administração desta pasta uma profissional sem experiência técnica comprovada ou trajetória reconhecida na área ambiental é indicativo de desvalorização profissional”, afirmou a entidade em nota.
Para o sociólogo e professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Roberto Dutra, o critério político prevalece na composição de cargos de governo, mas há um limite.
“Na política, é normal que o critério político de manter ou sustentar apoios tenha o maior peso em decisões sobre nomeação de ministros e secretários. Condenar isso é ingenuidade ou má-fé. No entanto, em cargos como secretarias executivas e subsecretarias, é comum tentar combinar o critério político com o técnico. No caso de Thamires Rangel, o que se confirma é a degradação técnica geral do entorno do governador”, avaliou Dutra.
Já o professor, historiador e ambientalista Artur Soffiati também criticou a nomeação. “No plano estadual, o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) tornou-se mais parte do problema do que da solução. Antigamente, mesmo os maus presidentes do órgão eram conhecidos. Agora, eles entram e saem sem histórico ligado à área ambiental”, disse.
Em nota, Thamires Rangel, admitiu que “é, sem dúvida, uma das maiores responsabilidades e também uma grande honra da minha trajetória pública. O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi, e o governador Cláudio Castro viram em mim uma voz comprometida e sensível aos desafios que envolvem o meio ambiente e a sustentabilidade”.
Representatividade 
Com a licença de Thamires, a Câmara de Campos passa a ter apenas uma mulher em exercício: Néa Terra (PP), segunda suplente do partido Progressistas.
A ex-candidata à Prefeitura e ex-vereadora Odisséia Carvalho (PT) lamentou a saída. “É mais um retrocesso na representatividade feminina em Campos dos Goytacazes. A única mulher eleita para o mandato 2025-2028 decidiu deixar sua cadeira após nove meses para assumir uma função no governo estadual, relegando as pautas das mulheres a segundo plano”, afirmou a petista. 

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