Economia da Grande Campos cresce 4,13% de janeiro a maio de 2025
A economia da Grande Campos, formada pelas cidades de Campos e São João da Barra, cresceu 4,13% no período de janeiro a maio de 2025, valor acima do crescimento da economia do Brasil (+3,19), do Estado do Rio de Janeiro (+1,69%) e da Região da Bacia de Campos (+ 4,01%) nos cinco primeiros meses do ano. O cálculo é do geógrafo e estatístico William Passos com base na metodologia desenvolvida pelos pesquisadores da Rede de Observatórios do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego. Apresentando-se como uma alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB), a nova metodologia, denominada Produto Interno Real (PIR), calcula o crescimento da atividade econômica a partir da geração do emprego com carteira assinada.
Por isso, uma das diferenças mais significativas da nova metodologia, em comparação ao PIB dos Municípios, calculado pelo IBGE e amplamente utilizado, é a de que ela não leva em conta a produção do petróleo nas plataformas marítimas, mas somente a dinamização da economia dentro do território. Por outro lado, a nova metodologia também não pode ser comparada ao Indel, do Nuperj/Uenf, que calcula a dinâmica econômica local dos municípios com um grau de detalhamento mais apurado.
William Passos explica que a nova metodologia funciona como uma proxy do crescimento da economia a partir da variação da contratação de trabalhadores no mercado formal.
— Os pesquisadores da Rede de Observatórios do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, descobriram que é possível calcular o crescimento da economia com base na derivada do crescimento do emprego formal. Entretanto, essa metodologia ainda não foi disseminada. Provavelmente, sou o primeiro pesquisador a aplicar essa metodologia a uma realidade concreta, que, no caso, consiste nos municípios do que eu chamo de Região da Bacia de Campos. A Região da Bacia de Campos, de acordo com o meu mapeamento, é formada pela junção da ‘Grande Cabo Frio’, ‘Grande Macaé’ e ‘Grande Campos’. No caso deste levantamento, o foco é específico nas cidades de Campos dos Goytacazes e São João da Barra, que, juntas, integram o que eu chamo de ‘Grande Campos’, na prática, uma tradução numa linguagem mais popular do conceito acadêmico de Arranjo Populacional e Concentração Urbana de Campos dos Goytacazes/RJ, criado pelo IBGE, mas de difícil explicação, na minha avaliação — disse Passos.
Os números do levantamento mostram que, no acumulado de janeiro a maio de 2025, a economia da Região da Bacia de Campos, formada pelos municípios produtores de petróleo, cresceu acima do ritmo da média nacional e estadual. Por sua vez, a economia da Grande Campos também apresentou crescimento considerável, superando, inclusive, à média do crescimento registrado na Região da Bacia de Campos. Puxada pelo Porto do Açu, a economia sanjoanense cresceu 4,26% nos cinco primeiros meses do ano, enquanto a atividade econômica campista expandiu à taxa de 4,00%, impulsionada pelo setor de Serviços.
O responsável pelo levantamento destaca que parte do crescimento de 4,13% pode ser explicado pela geração de 2.705 empregos formais de janeiro a maio de 2025, um aumento de 2,83% na comparação com o volume de empregos gerados em dezembro de 2024. Uma vantagem importante desta nova metodologia, segundo Passos, é a de que, por calcular o crescimento da atividade econômica a partir da criação do emprego com carteira assinada, o indicador sinaliza para a variação de uma importante fonte de geração de receita tributária, na medida em que os empregos formais são um importante termômetro do comportamento de setores que, entre outros impostos, adicionam o pagamento de ICMS e de ISS ao orçamento das Prefeituras, duas fontes de receita cujo aumento é fundamental para diminuir a dependência dos royalties do petróleo dos municípios da Região da Bacia de Campos.
— Do ponto de vista econômico, Campos e São João da Barra formam uma coisa só. Por isso, não faz sentido separá-los, fato que explica a integração das duas cidades em torno da nomenclatura ‘Grande Campos’. Essa falta de sentido na separação pode ser explicada tanto pelo fato de muitos trabalhadores do Porto do Açu residirem em Campos e pelo fato de muitos sanjoanenses trabalharem em Campos quanto pela significativa população flutuante no verão de São de João da Barra, a maioria campistas com segunda residência para veraneio no município. Dessa forma, a Grande Campos é uma continuidade urbana formada pelo vaivém de pessoas que moram em um município, mas que trabalham ou estudam em outro — acrescentou o geógrafo e estatístico.