Folha Letras - Péris Ribeiro: dono da bola na crônica esportiva
A biografia de Didi ganhou mais duas edições, a segunda em 2009 e a terceira em 2014, ambas publicadas pela editora Gryphus. A segunda edição foi a vencedora em 2011 do I Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) na categoria “Melhor Livro do Ano”.
“Precisamos encontrar uma forma de manter a memória dos campistas ilustres viva e a de Péris é uma delas, com suas infindáveis histórias. Péris Ribeiro deixa pra gente, também, o legado da gentileza e ainda da sua forma detalhista de tratar as questões. Vai fazer muita falta”. (Arnaldo Garcia - radialista)
“Péris pra mim foi um pai na profissão, um padrinho. Quando cheguei a Campos, tinha uns 18 anos, vim de São Fidélis. As horas que passei com Péris, não terei em faculdade nenhuma, um expoente máximo. Ele deixa esse legado do cuidado com o texto e muito sincero não mandava recado”. (Matheus Berriel - jornalista)
“A convivência com Péris Ribeiro me mostrou uma outra forma de ver o futebol. Somente depois de conhecê-lo, eu conheci melhor o futebol como fenômeno da criatividade. São muitas as histórias. Na redação, nosso amigo era assim, gostava de dar ‘pitaco’ nas matérias quando estava no jornal”. (Paulo Renato Porto - jornalista)
“O Folha no Ar presta homenagem a um dos ícones do jornalismo brasileiro, um campista, que tem nas letras, na sua escrita, seu maior legado. Se teve o Didi nos campos, tevePérisnos teclados das máquinas de escrever e nos microfones. Foi um privilégio e prazer trabalhar com ele”. (Claúdio Nogueira - radialista)
“Eu conheço Perinho desde que me entendo por gente. Sempre conheci Perinho, antes mesmo de tomar conhecimento do mundo que me cercava, desde a época do jornal a Notícia. Uma pessoa que sempre fez parte da minha vida. Perinho não rasgava seda pra ninguém.” (Aluysio Abreu Barbosa - jornalista)
Campos perdeu o jornalista Péris Ribeiro, grande nome da crônica esportiva. Aos 80 anos, Péris faleceu no hospital Dr. Beda II, em Campos, onde estava internado há 9 dias para tratar uma pneumonia e um quadro de água na pleura. Entre suas obras, a biografia do campista Didi, um dos maiores jogadores da história do futebol brasileiro. O corpo de Péris foi sepultado na tarde de segunda-feira (21) no Cemitério do Caju, na presença de familiares, amigos e colegas de profissão, todos profundamente emocionado. Torcedor do Flamengo desde a infância, Péris receberá uma homenagem póstuma do clube do coração. Uma foto dele vestindo a camisa rubro-negra será exibida no telão do Maracanã no próximo domingo (27), antes da partida contra o Atlético Mineiro, às 20h30, pela 17ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Essa não será a primeira homenagem pública a Péris Ribeiro fora da sua cidade natal. Nessa segunda, seu falecimento foi mencionado pelo jornalista Marcelo Barreto durante o programa "Redação", do canal televisivo SportTV. Amigo de Péris, o também jornalista José Trajano, fundador da ESPN Brasil, usou o instagram para lamentar a sua partida no domingo.
Entre os presentes no sepultamento, a filha de Didi, Liaebe, mas, visivelmente abalada, preferiu não se pronunciar. Sua trajetória e influência no jornalismo local e nacional foi destacada por “pupilos” no jornalismo.
O jornalista e escritor Wesley Machado, que também assina sua biografia, homenageou o amigo com palavras carregadas de poesia e sentimento. “Perdi um mestre”, disse.
O também jornalista e professor Vítor Menezes lembrou da relevância de Péris na sua formação profissional. “Era alguém que você olhava e dizia: ‘quero ser como ele’”, ressalta.
Já Leandro Nunes, jornalista e atual vice-presidente do Goytacaz, destacou o legado intelectual e humano deixado por Péris. ”Uma mente brilhante”, conclui.
A missa de sétimo dia em memória de Péris acontecerá no próximo sábado (26), na Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada na rua Riachuelo, em Campos.
Representante da Associação de Amigos do Ao Livro Verde e do Instituto Histórico e Geográfico de Campos dos Goytacazes (IHGCG), Adelfran Lacerda, também escreveu sobre o amigo: “Perinho continuará e permanecerá inesquecível”.
Homenagem no Folha no Ar - Um dia após sua partida, os apresentadores do Programa Folha no Ar, na Folha FM 98,3, Aluysio Abreu Barbosa e Cláudio Nogueira prestaram homenagem ao legado de Péris, sendo 50 anos, dos seus 80 de vida, dedicados ao jornalismo. Os jornalistas José Trajano, Arnaldo Garcia, Matheus Berriel e Paulo Renato Porto foram os convidados, na terça-feira (22).
Biografia: Péris, nosso cronista de futebol
*Pesquisa e Redação do jornalista Wesley Machado (Colaboração)
Natural de Campos dos Goytacazes-RJ, o cronista de futebol, jornalista e escritor Péris Ribeiro saiu de Campos e, literalmente, ganhou o mundo. Nascido no dia 4 de novembro de 1944, Péris escrevia para o jornal dos estudantes do Liceu de Humanidades de Campos e, aos 25 anos, no ano de 1969, foi convidado para trabalhar no jornal A Notícia, o então principal jornal de Campos naquela época.
Como todo foca, como é denominado o jornalista iniciante, Péris teria de trabalhar na editoria de Polícia ou na editoria de Esportes. Como a indicação para A Notícia partiu do então editor de esportes do jornal, Moacyr Fonseca, Péris foi designado para a editoria de Esportes. Péris começou cobrindo treinos e jogos de clubes de futebol de Campos e, com o tempo, ganhou uma coluna própria, que foi denominada “Em cima do lance”. Nesta coluna, Péris passou a escrever seus textos em formato de crônicas, o estilo que adotou para ao longo da carreira.
Em 1986, Péris Ribeiro publicou pela Editora Mitavaí o livro “O Brasil e as Copas”, com histórias das Copas do Mundo. Péris passou a se inserir na Literatura. No final da década anterior, 1970, Péris, que já havia enviado notas, que foram publicadas na Placar, é convidado para estagiar na redação do Rio de Janeiro-RJ da revista de futebol mais popular do Brasil até a contemporaneidade.
Depois do estágio no Rio de Janeiro, Péris é contratado para trabalhar na redação da revista Placar em São Paulo e em meados da década de 1970 se instala em uma república de jornalistas no bairro do Brooklin, onde vive por quatro anos na maior Metrópole do Brasil. Em sua passagem pela Placar, Péris escreveria a grande reportagem que mudaria sua vida, da qual vamos falar mais abaixo.
Primeiro, vindo de São Paulo e de volta a Campos, Péris retoma a coluna “Em cima do lance”. Após quatro anos no jornal A Notícia, a coluna passou a ser escrita para o jornal Folha da Manhã, fundado em 1978 e que desbancou A Notícia como principal jornal de Campos. Os textos da coluna "Em cima do lance" no jornal Folha da Manhã foram reunidos no livro “Em cima do lance”, publicado no ano de 2001 com edição do autor, impressa pela gráfica editora Poema.
Voltando à grande reportagem que Péris escreveu, esta foi sobre Didi “Folha Seca”, eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de Futebol de 1958 na Suécia, desbancando Pelé e Garrincha. Péris vem a Campos e fica 15 dias entrevistando Didi, sua família e seus amigos. A reportagem foi publicada a princípio na revista Placar e, posteriormente, na revista El Gráfico, da Argentina, e na revista France Football, da França.
Péris escreve um conto que é premiado e do conto tem a ideia de escrever um livro, “Didi: O Gênio da Folha Seca”, que foi publicado em 1993 pela editora Imago. Esta publicação faz de Péris um dos pioneiros em escrever e publicar biografias de jogadores de futebol no Brasil. Pelé já havia ganhado algumas biografias. Porém com a biografia de Didi em 1993, Péris, por exemplo, antecedeu Ruy Castro, que em 1994 publicou a biografia de "Garrincha, Estrela Solitária".
A biografia de Didi ganhou mais duas edições, a segunda em 2009 e a terceira em 2014, ambas publicadas pela editora Gryphus. A segunda edição foi a vencedora em 2011 do I Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo da Associação de Cronistas Esportivos do Rio de Janeiro (Acerj) na categoria “Melhor Livro do Ano”.
Amigos prestam homenagens no Programa Folha no Ar
"Péris não tinha vergonha de chegar nos personagens, por isso, conseguia mais informações. Tenho certeza que ele teria uma carreira muito mais conhecida e divulgada se saísse de Campos, mas preferiu ficar e esse é o grande legado dele. Como escritor, sua obra 'Didi - O Gênio da Folha Seca'. Um grande amigo”. (José Trajano - jornalista)
“Precisamos encontrar uma forma de manter a memória dos campistas ilustres viva e a de Péris é uma delas, com suas infindáveis histórias. Péris Ribeiro deixa pra gente, também, o legado da gentileza e ainda da sua forma detalhista de tratar as questões. Vai fazer muita falta”. (Arnaldo Garcia - radialista)
“Péris pra mim foi um pai na profissão, um padrinho. Quando cheguei a Campos, tinha uns 18 anos, vim de São Fidélis. As horas que passei com Péris, não terei em faculdade nenhuma, um expoente máximo. Ele deixa esse legado do cuidado com o texto e muito sincero não mandava recado”. (Matheus Berriel - jornalista)
“A convivência com Péris Ribeiro me mostrou uma outra forma de ver o futebol. Somente depois de conhecê-lo, eu conheci melhor o futebol como fenômeno da criatividade. São muitas as histórias. Na redação, nosso amigo era assim, gostava de dar ‘pitaco’ nas matérias quando estava no jornal”. (Paulo Renato Porto - jornalista)
“O Folha no Ar presta homenagem a um dos ícones do jornalismo brasileiro, um campista, que tem nas letras, na sua escrita, seu maior legado. Se teve o Didi nos campos, tevePérisnos teclados das máquinas de escrever e nos microfones. Foi um privilégio e prazer trabalhar com ele”. (Claúdio Nogueira - radialista)
“Eu conheço Perinho desde que me entendo por gente. Sempre conheci Perinho, antes mesmo de tomar conhecimento do mundo que me cercava, desde a época do jornal a Notícia. Uma pessoa que sempre fez parte da minha vida. Perinho não rasgava seda pra ninguém.” (Aluysio Abreu Barbosa - jornalista)