Quem matou Marielle Franco e seu motorista Anderson? O que se sabe sobre o crime
15/03/2018 17:42 - Atualizado em 15/03/2018 17:46
O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Pedro Gomes na noite de quarta-feira no centro do Rio de Janeiro trouxe novamente à tona o temor da ação de milícias armadas na cidade. Defensora dos direitos humanos e crítica ferrenha da atuação de policiais que agem fora da lei, Marielle voltava de um evento na Lapa quando foi alvo dos disparos. Veja o que se sabe até agora sobre o crime.
Como ocorreu o assassinato
Por volta das 21h30 o veículo no qual Marielle, Anderson e uma assessora da vereadora trafegava pela rua Joaquin Palhares, no Estácio, região central do Rio. Neste momento um outro carro emparelhou e foram feitos ao menos nove disparos na direção do Chevrolet Agile branco. Os disparos foram feitos de trás para frente, no sentido do banco traseiro à direita (onde ela estava sentada) até o banco do motorista. Marielle Franco foi atingida por quatro tiros na região da cabeça e pescoço. Anderson foi alvo de três disparos nas costas. Uma assessora que estava no banco dos passageiros ficou ferida pelos estilhaços.
Qual a principal suspeita das autoridades
A Polícia Civil, que investiga o caso, trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido uma execução. Até o momento não existe informação de que algum pertence tenha sido roubado após o crime: os atiradores teriam disparado e fugido em seguida. Além disso, o fato de Marielle estar no banco traseiro do carro que tinha vidros escurecidos são um indicativo de que o grupo de assassinos acompanhou a vereadora por algum tempo, sabendo sua exata posição no veículo. Após o crime, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que o assassinato tem "características nítidas" de execução. Parlamentares do PSOL, no entanto, afirmam que Marielle não havia informado ter recebido ameaças.
Quem são os suspeitos
Até o momento não foi divulgada nenhuma informação sobre os assassinos - não se sabe quantos participaram da ação. O modus operandi do crime, no entanto, lembrou o da emboscada que matou a juíza Patrícia Acioli em 2011, assassinada com 21 tiros por sua atuação contra grupos de milicianos. Posteriormente descobriu-se que o crime foi encomendado e executado por integrantes de uma milícia carioca. Como Marielle era critica ferrenha de abusos cometidos por policiais, em especial do 41º Batalhão de Acari, as autoridades não descartam que sua morte tenha sido encomendada por milicianos ou policiais militares corruptos. Além disso, Marielle havia assumido há duas semanas a relatoria de uma comissão na Câmara municipal criada para acompanhar os desdobramentos da intervenção federal no Rio.
No sábado, dia 10 de março, a vereadora usou a rede social Facebook para criticar a atuação dos policiais do 41º Batalhão do Acari. “Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”, escreveu. No dia 13 de março, nova denúncia feita pela vereadora nas redes sociais: “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.
Que armas foram usadas
Foram encontradas nove cápsulas no local do crime. Até o momento não foram divulgadas informações sobre o calibre ou o tipo das armas utilizadas.
Quem são as testemunhas do caso
A assessora de Marielle, que sobreviveu ao ataque, já prestou depoimento à Polícia Civil do Rio. Por questões de segurança, ela não teve o nome divulgado. Além disso uma segunda testemunha, também desconhecida da imprensa, irá depor nesta quinta-feira. As autoridades irão analisar imagens das câmaras de vídeo do entorno para tentar identificar o veículo usado pelos assassinos.
Quem irá investigar os assassinatos
Até o momento o caso está com a Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, conversou com o interventor do Estado, o general Braga Netto, para que a Polícia Federal auxiliasse nas investigações.
Por: El País

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    Thaís Tostes

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