Caos em Campos não se confirma
06/10/2017 21:48 - Atualizado em 16/10/2017 19:07
  • Protesto na BR 101 no Pq. Aeroporto

    Protesto na BR 101 no Pq. Aeroporto

  • Protesto na BR 101 no Pq. Aeroporto

    Protesto na BR 101 no Pq. Aeroporto

  • Tumulto em frente à Prefeitura de Campos

    Tumulto em frente à Prefeitura de Campos

  • Aliados de Rafael em  frente a Prefeitura

    Aliados de Rafael em frente a Prefeitura

  • Aliados de Rafael em  frente a Prefeitura

    Aliados de Rafael em frente a Prefeitura

  • Aliados de Rafael em  frente a Prefeitura

    Aliados de Rafael em frente a Prefeitura

O caos anunciado nas redes sociais com mensagens que prometiam parar os principais pontos de Campos, nesta sexta-feira, em protestos contra o prefeito Rafael Diniz (PPS) não se concretizou e ainda houve manifestação a favor do governo em frente à Prefeitura, com a presença de 16 dos 17 vereadores da base governista. Apenas Cláudio Andrade (PSDC) não compareceu, alegando problemas pessoais. No local, cerca de 100 apoiadores de Rafael se concentraram desde as primeiras horas da manhã e levaram até mesmo um caixão com a foto do ex-governador Anthony Garotinho (PR) e da esposa, a ex-prefeita Rosinha Garotinho (PR). Nesta sexta, o ex-secretário de Governo de Campos afirmou que não tem nada a ver com os atos, mas pessoas ligadas a ele foram vistas nos locais. Posteriormente, aproximadamente 40 manifestantes contrários a Diniz e militantes pró-Garotinho chegaram à sede do Executivo. A Polícia Militar precisou intervir depois de um princípio de confusão.
As mensagens difundidas pelo aplicativo WhatsApp e denunciadas pela coluna Ponto Final durante a semana prometiam um verdadeiro terrorismo político, com bloqueios de pontos importantes, como a BR 101 (Campos-Rio e Campos-Vitória), BR 356 (Campos-São João da Barra), RJ 158 (Campos-São Fidélis) e RJ 216 (Campos-Farol de São Thome). No entanto, os únicos pontos de retenções registrados por menos de uma hora foram na BR 101. Cerca de 100 manifestantes fecharam a rodovia federal na altura do km 87, no Parque Boa Vista. No outro, com a presença carimbada do ex-vereador rosáceo Albertinho (PMB), menos de 50 pessoas colocaram fogo em galhos de árvore e pneus no km 57, próximo ao trevo de acesso a Travessão. No total, o engarrafamento chegou a pouco mais de 1 km.
Com cartazes de “fora Rafael”, os grupos protestaram contra os cortes de programas sociais, como a Passagem Social e o Cheque Cidadão. A dona de casa Cristiane Barreto disse que não se conforma de ter perdido os benefícios.
— Tenho filhos e marido que dependem do ônibus e esse valor vai pesar no orçamento. Não estou aqui para tomar partido, estou reivindicando um direito que nos foi tirado. O cheque cidadão também nos foi tirado para resolver problemas de orçamento que nós não temos culpa — disse.
Um dos vereadores presentes ao ato em frente à Prefeitura, Jorginho Virgílio (PRP), que registrou uma queixa contra Garotinho no último dia 28 por difamação, afirmou que “todo movimento democrático tem de ser respeitado”, mas destaca que “o que a sociedade não tolera é ter o seu direito de ir e vir constrangido”.
— Fechar rodovias é crime. Isso não pode acontecer. E, infelizmente, existe um grupo orquestrado pelo ex-governador Garotinho, que tem tentado tumultuar a cidade. A gente sabe de todos os problemas financeiros que a Prefeitura enfrenta e que são problemas herdados de décadas. Campos não é uma ilha e enfrenta uma crise como todo o país e vir um grupo querer tumultuar o que já está problemático. A população é que sofre ainda mais — complementou. 
(P.V.) (J.R.) (A.S.)
Crônica - “Olha a água!” 
Paula Vigneron
Durante a semana, os campistas se depararam, por meio de redes sociais, com informações sobre uma grande manifestação que paralisaria o município contra o prefeito Rafael Diniz. A data: seis de outubro. Horário: oito da manhã. Manifestantes se espalhariam por diversos pontos da cidade, impedindo entradas e saídas. E, consequentemente, indo de encontro ao direito de ir e vir.
Na manhã, a concentração, ao contrário do que foi veiculado, em clima de terrorismo, aconteceu em frente à Prefeitura de Campos, localizada na rua Coronel Ponciano de Azeredo Furtado. Dezenas de manifestantes pró-governo se aglomeraram na entrada da sede do Executivo. Policiais militares e guardas municipais circulavam entre as pessoas para garantir a segurança. Aproximadamente duas horas após o início da reunião, os primeiros protestantes antigovernistas começaram a realizar seus atos.
Gritavam contra Rafael. Diziam que ele ia pagar por vidas perdidas devido a problemas relacionados à área de saúde. Reclamaram por demissões e falta de pagamento aos RPAs (confirmando, inclusive, que o impasse começou em dezembro, ainda durante o governo da ex-prefeita Rosinha Garotinho). Em resposta, os que se posicionam a favor de Rafael criticaram as colocações. Entre atritos, discussões e acusações mútuas, fogos de artifício estouraram nos ouvidos dos presentes, assustando-os. Intervenções pontuais dos responsáveis pela segurança foram necessárias para conter os ânimos de ambos os lados.
“Cadê Rafael?”, questionou um participante antigovernista, sob a sombra de uma árvore e distante da movimentação.
“Está em Cabo Frio”, respondeu o outro, do mesmo grupo, enquanto o prefeito participava de diferentes eventos realizados dentro de Campos.
Afastados das distensões, três homens conversam. Um deles sai para falar ao telefone. Em sua caminhada, aconselha o interlocutor: “Venha de boné e pulseira. Estou de boné e óculos escuros para não saberem que é a gente”. E ficou por um tempo distante dos atos, então mais controlados.
Após minutos de calmaria, com conversas paralelas divididas em críticas e explicações sobre as decisões recentes tomadas pelo governo municipal, homens, segurando a faixa “Tudo muda quando você muda. Deixe o prefeito Rafael Diniz trabalhar”, pegam o microfone e gritam e cantam em apoio a Rafael. Do outro lado da rua, o grupo adversário briga e critica e acusa a postura do líder do Executivo.
No momento do confronto verbal, um vendedor de água estaciona sua bicicleta no meio da rua, entre palavras raivosas proferidas pelos manifestantes. Com camisa amarela e boné, ele sorri, observando os dois lados da moeda. No isopor marfim, está estampado o preço do seu produto, agora esquecido pelo comerciante que se concentra nas pessoas. Entre os gritos e sussurros, o homem bate no isopor para atrair a atenção. Sem sucesso. Ainda assim, inicia o seu discurso, dirigindo-o aos momentaneamente surdos: “Olha a água! Olha a água! Vamos tomar água, gente”. E ali permanece, distribuindo sorrisos à espera de uma boa venda.

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