Servidores da Uenf insatisfeitos
Matheus Berriel 15/06/2017 20:56 - Atualizado em 17/06/2017 13:00
UENF
UENF / Paulo S.Pinheiro
Servidores da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), que estavam na expectativa de receber o salário de abril juntamente com o pagamento de maio dos profissionais da Educação do Estado, tiveram nova decepção na última quarta-feira (14), quando foram depositados somente R$ 700, embora o governador Luiz Fernando Pezão tenha se comprometido a pagar integralmente o vencimento de abril e o restante dos atrasados em até 30 dias.
De acordo com a assessoria de imprensa da Uenf, como o Governo do Estado só havia cumprido parte do prometido, os servidores ainda estavam na expectativa de que o restante do salário de abril fosse depositado ontem, o que também não aconteceu. A universidade informou que não houve posicionamento oficial do Estado aos servidores sobre a quitação dos atrasados.
Em entrevista à Folha da Manhã, o reitor da Uenf, Luis Passoni, disse que ainda não viu grandes benefícios para as universidades estaduais após as aprovações do plano de recuperação fiscal, no Senado Federal, ainda em maio, e na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no último dia 6. Na última terça (13), véspera do pagamento da primeira parcela de abril, de R$ 700, Passoni esteve reunido, no Rio de Janeiro, com o subsecretário estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento, Sérgio Duarte, que está à frente da pasta durante o afastamento do secretário Pedro Fernandes. “Não tivemos nenhuma sinalização positiva. Na secretaria, há a expectativa de que as coisas aconteçam como foi combinado”, afirmou Passoni na ocasião.
Procurada, a secretaria estadual de Fazenda informou que os salários dos servidores da Uenf estão sendo pagos junto com os demais servidores. “Sobre o salário de abril, o que o Estado anunciou na terça-feira é que seriam pagos R$ 700 na quarta-feira. Não houve anúncio de novo pagamento para hoje (sexta-feira). O pagamento do restante dos salários de abril será anunciado em breve, de acordo com o ingresso de recursos em caixa”, diz a nota.
Anteriormente, a Fazenda já havia dito que, “após a publicação da sanção do Regime de Recuperação Fiscal, no Diário Oficial da União, em 22/05, o Governo do Estado do Rio de Janeiro iniciou imediatamente as conversas com o governo federal para a homologação do plano estadual. A expectativa é que essas conversas evoluam satisfatoriamente, visando à estabilidade financeira do Estado, assim como a regularização dos salários dos servidores públicos estaduais o mais rapidamente possível”.
Servidores acumulam dívidas
Na Uenf, as reclamações vão além do reitor, que espera poder se reunir com Pezão e os demais reitores das universidades estaduais no final deste mês. Para a professora e presidente da Associação de Docentes da Uenf (Aduenf), Luciane Silva, os R$ 700 simbolizaram uma forma de o Governo tentar fazer cortina de fumaça frente aos problemas.
— Representa mais ou menos 10% do salário dos docentes, ou até menos de 10% para os mais antigos. A quantia de R$ 700, hoje, não paga nem o plano de saúde dos meus pais. E foi só primeira parcela, diferente dos outros meses, sem um calendário que estabelecesse os demais dias. Eles estão atrelando o restante do pagamento à arrecadação do Estado — afirmou Luciane, lembrando de dívidas adquiridas pelos professores devido aos atrasos nos meses anteriores.
— O valor de R$ 700 parece a conta certa do desespero dos professores. Não chega nem a R$ 1 mil, e isso lá de abril. Nós estamos em junho. Estamos endividados pelos consignados de janeiro e fevereiro. Foram feitos empréstimos para pagamentos de IPVA, escola. Ou seja, os docentes estão pagando dívidas de janeiro e fevereiro, meses em que ficamos sem nenhum salário — completou.
Samba na Praça vai arrecadar alimentos
Os atrasos salariais, estão deixando os servidores do estado sem ter como por comida na mesa. Por isso, os organizadores do projeto Samba na Praça decidiram arrecadar alimentos não perecíveis na próxima edição, que acontecerá neste domingo (17), a partir dos 10h, no Jardim do Liceu, em Campos. Os alimentos serão doados ao Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe), que os repassará às famílias que buscarem por ajuda. “Temos uma pessoa no grupo que é amiga de uma integrante do Sepe e sugeriu esta ideia. Como o intuito do Samba na Praça é levar cultura e fazer a solidariedade, decidimos acatar e colocar a campanha em prática. O Sepe vai ter um representante lá para receber os alimentos”, disse Brunno Melo, um dos organizadores do evento.
Esta será a quinta edição do Samba na Praça. Após a edição anterior, realizada no terceiro domingo de maio, foram doadas toalhas para o Hospital Psiquiátrico Espírita Doutor João Viana. No próximo mês, já está definido que o tema será o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, comemorado em 25 de julho.

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