"No Limiar da Liberdade"
Jhonattan Reis 20/06/2017 18:30 - Atualizado em 22/06/2017 17:08
O Cineclube Goitacá exibe, na noite desta quarta-feira (21), o longa-metragem “No Limiar da Liberdade” (Figures in a Landscape, 1970), dirigido por Joseph Losey. Quem apresenta a obra é a agente cultural Luciana Portinho. A sessão, que tem entrada gratuita, começa às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro de Campos.
Em “No Limiar da Liberdade”, dois fugitivos (Robert Shaw e Malcolm McDowell) de um sistema carcerário tentam escapar em meio a uma região montanhosa e desértica de um país não identificado da América Latina. Em todo lugar, eles são observados e perseguidos por um helicóptero preto, o que só aumenta as tensões entre os personagens, que tentam correr a todo o custo por suas vidas.
Luciana Portinho explicou que escolheu o longa porque acredita que dará um bom debate entre os cineclubistas.
— Não é um filme comum, linear. Ele incomoda. A história não está óbvia. Você tem que assistir e refletir sobre ela. “Figures in a Landscape” é um filme de metáforas. É para ver, para pensar. Cada pessoa que assiste enxerga algo diferente nele. Fato interessante é que ele é baseado num livro, cuja capa tem o helicóptero semelhante a um inseto, com aqueles dois olhos grandes que veem tudo — disse ela, que lembrou da primeira vez que a assistiu à obra.
— Foi na época do lançamento, há quase 50 anos, no Rio de Janeiro, num cinema que nem existe mais. Quando vi, o filme me chamou atenção. Saí do cinema bastante incomodada. E não é aquele filme que teve um grande público, não foi um sucesso de bilheteria. Acabou sendo um longa que passou despercebido pelo grande público — comentou Luciana, continuando:
— No entanto, apesar de já ter tanto tempo, é um filme que nunca saiu da minha cabeça. Foi uma obra que marcou minha relação com o cinema. Há pouco tempo, me deu vontade de revê-lo e, ao fazer isso, entendi que aquilo que senti na hora que assisti quando mais nova não foi porque era jovem, mas porque o filme realmente tem um grande conteúdo metafórico. Ele provoca esse incômodo.
A apresentadora da noite falou, ainda, sobre os títulos que o longa-metragem recebeu em outros países.
— Não gostei. Até por isso que está no cartaz do Cineclube com o nome original: “Figures in a Landscape”. “No Limiar da Liberdade”, título em português, entrega coisas do filme, o que o título original não faz. O original preserva, foi muito bem escolhido. Em espanhol foi outro mau exemplo: “Caza Humana”. Ganhou títulos muito díspares em outros países.
Luciana Portinho chamou a atenção para o final do filme.
— É muito bom. “Figure in a Landscape” também tem um suspense, que se mantém do início ao fim. O que todos precisam saber vai acontecer justamente no final. É uma obra angustiante. Eles estão o tempo inteiro à procura de algo, e quem assistir o filme vai saber do que se trata. Não vou falar para não revelar.

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