Milhares de campistas choram no adeus ao ídolo Bruno Rangel
Matheus Berriel 05/12/2016 16:43
Michelle Richa
Milhares de pessoas compareceram à cerimônia de despedida ao atacante Bruno Rangel, nascido em Campos e que era o maior artilheiro da Chapecoense / Michelle Richa
No final da tarde deste domingo (4), amigos, familiares e fãs de Bruno Rangel compareceram ao cemitério Campo da Paz, em Campos, para dar o último adeus ao atacante, morto no acidente com o avião da Chapecoense na Colômbia. Sob gritos de “o campeão voltou” e muitos aplausos, o jogador campista foi enterrado por volta das 17h. Um dos momentos mais marcantes do sepultamento foi protagonizado pelo sobrinho de Bruno, o pequeno Pablo, que chutou uma bola com as cores da Chape para dentro do túmulo. Antes do enterro, durante todo o dia, o caixão esteve em várias cerimônias.
O corpo de Bruno Rangel chegou a Campos pela manhã, em um carro funerário, que foi direto para a Câmara de Vereadores, onde houve um velório fechado para familiares. Em seguida, o caixão foi colocado em um caminhão do Corpo de Bombeiros, que percorreu a cidade em um emocionante cortejo fúnebre. O trajeto incluiu as ruas do Parque Prazeres, em Guarus, bairro onde Bruno cresceu e deu seus primeiros passos no futebol; a rua do Gás, local onde está situado o Aryzão, estádio do Goytacaz, primeiro clube profissional do jogador; e a Avenida 28 de Março, onde ficava o antigo estádio Godofredo Cruz, do Americano. Em todos os lugares, Bruno foi bastante aplaudido pelos campistas, que também prestaram homenagens com faixas e cartazes.
O cortejo terminou novamente na Câmara de Vereadores, onde uma multidão já aguardava a chegada do caixão para o velório público, que começou por volta das 11h e durou até às 16h. Vários jogadores e personalidades do futebol compareceram para se despedir do maior artilheiro da história da Chapecoense.
Entre tantas homenagens, foi inevitável notar a tristeza dos familiares pela perda. O choro da esposa de Bruno, Girlene Rangel, comoveu as milhares de pessoas que estiveram no Campo da Paz. Para a família, o apoio recebido mostra que a saudade será de todos. "Eu sabia que o Bruno era muito querido, mas não esperava que ia ser tanto assim. Em todos lugares por onde passamos, as pessoas ficaram muito comovidas pelo o que aconteceu e esse carinho nos conforta um pouco. Se Deus quiser, vamos enfrentar essa barra e sair de pé", disse José Carlos, um dos 10 irmãos de Bruno.
Lembranças alvinegras
Um dos boleiros que esteve no velório é o ex-jogador e atual presidente do Americano, Luciano Viana, de quem Bruno Rangel herdou a camisa 9 alvinegra em 2005.
- Quando fiz meu último contrato como jogador, tive o prazer de viver com o Bruno. Ele estava chegando no clube e acabou herdando a minha camisa, porque eu era atacante, como ele. Fez uma belíssima campanha no Carioca, onde apareceu para o cenário nacional e pôde sair para realizar seus sonhos e conquistar o Brasil. No dia de hoje, não gostaríamos de estar recebendo o Bruno dessa forma. Queríamos recebê-lo aqui com uma belíssima festa – disse Luciano.
O zagueiro Ciro Sena, que já vestiu as camisas do Americano, Vasco, Fortaleza e Remo, entre outros clubes, também fez amizade com Bruno Rangel na época em que ambos estavam no Alvinegro campista. Os dois jogaram juntos em 2004 e 2005, e se enfrentaram em 2013, quando Bruno já estava na Chapecoense e Ciro defendia o Boa Esporte. No final do ano passado, participaram de uma pelada em Campos. Na oportunidade, tiraram fotos juntos e conversaram bastante.
“O Bruno foi um cara do bem, de uma humildade e simplicidade muito grandes. A gente só tem a lamentar”, disse Ciro, que também conhecia o zagueiro Thiego, o atacante Canela e o segurança Adriano, outros que morreram no acidente com o voo da Chape. “Me coloco no lugar deles, porque a gente vive isso, nossa rotina é essa. É uma tragédia que entra para a história. Eles se foram fazendo o que amavam, assim como os jornalistas”, finalizou.
Ídolo alvianil
A lembrança de Bruno Rangel em Campos também está viva na memória dos companheiros dos tempos de Goytacaz. O zagueiro Curumim, por exemplo, ainda era jogador de base quando o atacante começou a despontar. “Conheci o Bruno quando eu tinha 18 anos e comecei no Goytacaz. Eu era do junior, o Bruno era uns dois anos mais velho, estava no profissional. O treinador chamava alguns jogadores da base para completar os treinos, e eu era um desses jogadores. Tinha uma intimidade com ele naqueles momentos”, contou Curumim, que perdeu a proximidade, mas não a admiração pelo amigo.
– Depois que saiu de Campos, Deus iluminou a carreira dele, e a gente só se via aos finais de ano, jogávamos peladas juntos. Mas, mesmo não tendo muito contato ultimamente, quando eu o via, notava a serenidade, a tranquilidade que ele tinha. Iluminado por Deus. Tenho certeza que está nas graças do Senhor. É um amigo que perdemos na cidade, mas sei que ele está em um bom lugar – ressaltou o zagueiro do Goyta.
Flávio Pinto, o Flavinho, é outro jogador alvianil que foi ao velório para se despedir de Bruno Rangel. Nas poucas palavras, optou por lembrar da humildade do amigo. “O Bruno era um cara muito simples, começamos a jogar profissionalmente juntos no Goytacaz. Uma pessoa que gostava de fazer o bem. Quem não conhece o futebol, nunca diria que o Bruno era um atleta profissional, por causa da simplicidade e humildade que ele tinha”, disse Flavinho.
Novas homenagens do Goyta
Ao lado do símbolo da Chapecoense, uma bandeira do Goytacaz esteve sobre o caixão durante o velório e parte do enterro, representando a ligação de Bruno Rangel com o clube. De acordo com o presidente Dartagnan Fernandes, que foi o responsável por assinar o primeiro contrato profissional do jogador, a iniciativa foi do próprio Goyta, que deve fazer uma nova homenagem após uma reunião do Conselho Deliberativo na próxima terça-feira.
– O Bruno começou sua carreira dentro do Goytacaz, vindo do Abadia, onde jogava desde pequeno. Na época, eu era o presidente do clube. É uma perda muito grande. Um cara humilde, que venceu na vida pelo futebol e, infelizmente, por uma atitude errônea de um piloto, houve essa tragédia toda. Na terça-feira, na reunião do conselho, o Goytacaz vai eternizar uma sala de preparação física do clube com o nome do Bruno Rangel – confidenciou Dartagnan.
Tiaguinho e Filipe Machado também sepultados
Em Bom Jardim, também no interior do Rio, foi velado e sepultado o corpo do atacante Tiaguinho, de 22 anos, outra vítima fatal do voo da Chape. O velório aconteceu na Câmara de Vereadores, e o enterro no Cemitério Municipal da cidade onde o jogador cresceu.
Assim como Bruno Rangel, Tiaguinho também foi levado por um caminhão do Corpo de Bombeiros, onde foram colocadas bandeiras do Bom Jardim – clube local onde o atleta começou a jogar –, do Brasil e da Colômbia. Já o caixão estava coberto com uma bandeira da Chapecoense. Grávida, a esposa de Tiaguinho acompanhou as cerimônias abraçada a uma roupa de bebê com o escudo da Chape.
O corpo do zagueiro Filipe Machado, um dos maiores da história do Macaé Esporte, foi velado na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, e cremado no Crematório Municipal. À noite, o Macaé realizou uma missa na Paróquia Santo Antônio em homenagem ao jogador.
  • Homenagens marcaram despedida

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  • Campistas e familiares lotaram as ruas da cidade e se emocionaram no cortejo

    Campistas e familiares lotaram as ruas da cidade e se emocionaram no cortejo

  • Milhares de pessoas compareceram à cerimônia de despedida ao atacante Bruno Rangel, nascido em Campos e que era o maior artilheiro da Chapecoense

    Milhares de pessoas compareceram à cerimônia de despedida ao atacante Bruno Rangel, nascido em Campos e que era o maior artilheiro da Chapecoense

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